Engraçado (e bem batido) aquele papo de "o problema não é com você"... Pois é, acabo de perceber que ele é fato. Um bem complicado, por sinal.
Eu não sei. Estou com fome, esperando a água ferver para eu fazer aquelas sopinhas de envelope. Não estou muito bem e este é o motivo por eu estar aqui escrevendo.
É. Ainda é sobre amor e tal. Hoje, mais um dia, eu não conversei com o meu amor. Em situações diferentes, relativas a ele, eu vi o quanto preciso melhorar.
Não estou com muito saco para escrever textos imensos. O ponto é que, ontem, ele não me ligou. Ele me explicou que não pôde; que havia acontecido alguma coisa; que me explicaria quando me ligasse hoje, enfim. Chegou, então, "hoje" e eu não movi um dedo para conversar com ele. Primeiro, acordei tardaço por ter virado a madrugada assistindo a "Hilda Furacão", no You tube: o meu dia de domingo, por isso, começou às 15h... Depois de me arrumar, fui ao supermercado comprar umas coisas para tomar café. Fui pensando se deveria levar o meu tablete, para caso recebesse uma ligação, mas não o fiz. Eu não me esforcei para ligar o aparelho.
medo |
O problema. Eu não quis conversar porque pensei naquela minha mania idiota de fazer joguinhos do tipo "farei com que morra de vontade de conversar comigo, que queira saber se eu estou com raiva" ou "vou fazê-lo sofrer um pouquinho; vendo-o preocupado com a minha reação, terei o controle da situação". A justificativa: "assim vai ser mais emocionante". Duas suspeitas terríveis me envolvem, desde que recebi a primeira mensagem dele dizendo que havia tentado me ligar. A primeira é de que eu quis meio que me "vingar" por ontem ter esperado para conversar com ele, para me derreter por esse meu amor e não ter tido o meu desejo saciado, posto que não houve ligação QUANDO EU QUERIA. A segunda, e - talvez - a pior, é que eu estou querendo, como sempre, ter o controle da situação, regulando as ações da outra pessoa.
Eu fico realmente apavorado com isso. Eu me sinto envergonhado demais. Esse é um Pablo que não condiz com a evolução a que me propus.
Ainda ontem, esperando por ele, fiquei vendo uma entrevista de Whitney para Oprah, a última grande entrevista da estrela. Nela, a cantora falava do seu passado com as drogas e o que a fizera entrar naquele mundo, quando a sua vida era um sonho de consumo para o mundo todo. Whitney explicou que estava completamente apaixonada pelo seu então marido, que gostava do jeito como, com ele, a sua vida não precisava ser ditada por ela, a estrela, a diva. Nas suas palavras, era incrível para ele ter aquele homem no controle da situação. Ela precisava, pelo menos em algum momento da sua vida, sentir que a sua existência não era um negócio em que Whitney Houston era o ser onipotente. Ela, então, entregou-se totalmente àquela relação. Sofreu muito, mas amou e se divertiu igualmente. Enquanto falava, era nítida a satisfação de lembrar que sentiu e viveu algo inédito. Eu pensei que também me sinto assim, insuportavelmente poderoso em relação a mim mesmo. Eu entendo a diva. Também controlo a minha vida demasiadamente, eu me podo tanto, enfim, sempre penso que somente EU sei o que é o melhor. Vejo que estou transferindo isso para a minha relação, e ela é um bebêzinho ainda.
Não quero perder isso que estou vivendo. Parece algo tão sadio. Eu preciso mudar, deixar de ser alguém manipulador e dar chance a outra pessoa que, assim como ocorreu com Whitney, não me veja como uma personagem. Estamos nos conhecendo, portanto quero dar chance a outros lados meus que ainda não exercitei - por não ter encontrado quem estivesse pronto para vê-los. Tenho tanto medo de cometer erros terríveis por presunção da minha parte. Assim, hoje, eu, no final da noite, senti-me tão estranho, envergonhado por tal atitude que, não sei se mimada ou controladora, denotou a minha imaturidade nessa jornada.
Agora, vou dormir. Amanhã é segunda-feira e tenho coisas mil para resolver. Amanhã, conversarei com o meu amor...
Sei que dormirei pensando:
VOCÊ NÃO MUDOU [?]
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