Depois de dormir e
acordar em minha casa brasiliense, aos poucos vem voltando a noção de estar ao
ponto de inicio, ou de continuação. Em pouco mais de duas semanas fiz uma
trajetória do tipo 'detox' que englobou em um curto período de tempo o que eu
precisava para saber mais um pouco da Vida.
SÃO PAULO (14 a 19 de
agosto) - Outro Lugar do Mundo
'Mão', de Oscar Niemeyer (1980), São Paulo |
A visita da Alegria, ago/13 |
CAMPINAS (19 a 23 de agosto) - Um Dia muito Cedo
Depois do onírico de minha fuga estratégica, fui rumo ao purgatório. Viajei a Campinas para encerrar algo que não tinha nome, um assunto virtual que eu precisava entender. Lá, ele me recebeu. Desde Sampa vinha ouvindo 'Too Much', das Spice, e pensando no trecho "I need a man, not a boy who thinks he can"... eu parecia esperar ansiosamente por esse trecho porque traduzia o que sentia. Nossa história. Quando nós nos conhecemos, foi algo lindo. Foi 'Tiergarten'. Algo que parecia ter começado como mais um encontro casual de viagem e que terminaria na própria viagem. Ledo engano. Sutilmente, foram os gostos parecidos, similitudes outras diversas e, subitamente, pegamo-nos prometendo um ao outro algo que nem nós mesmos sabíamos o que era: apenas não queríamos perder o que parecia tão delicado, talvez plasmar em um projeto a ser resolvido aquele encontro raro de se dar. Dentre esses últimos um ano e seis meses, após telefonemas, mensagens, nós nos encontramos duas vezes. A primeira vez que nos vimos após nosso encontro de almas, ainda em abril do ano passado, foi um momento também diferenciado: fomos a um lugar lindo e com gente amiga. Naquela fase, estávamos aproveitando de modo mais tranquilo a companhia um do outro, aquela coisa de ir ao supermercado juntos, comprar as coisas que seriam necessárias para, tipo, uma temporada no paraíso. Enfim, não me lembro exatamente do modo como estava me sentindo, na época, em relação àquilo tudo porque era a primeira vez que uma coisa daquelas acontecia em minha vida. Eu só me recordo que estávamos refugiados, apartados do mundo e de nossos medos e questões externas: fomos só cuidados e mimos e beijos e abraços e tudo mais que duas pessoas que se 'acham' neste mundo podem ser... e fazer. Mas não tardaram a vir as Eternas Ondas para nos levar de volta à vida cotidiana. Para ele, não sei, parecia uma situação de provável contorno, como se nossa separação física fosse ser resolvida nas próximas 'férias com direito a um amor para chamar de seu' - as quais poderiam se repetir dali a alguns meses. Não bastavam para isso ligações noturnas e mensagens. Para mim, aquele cenário não estava agradável, pois não encarei - e não encaro - minhas relações como períodos de recompensa por uma vida monótona; sendo assim, aquilo já me incomodava porque não havia algo concreto, uma relação de verdade. Era uma brincadeira. A distância, então, passou a pesar de verdade porque me via falando vasos chineses por mensagens e as chamadas eram de uma monotonia esquisitíssima: "e aí, como foi o trampo hoje?"; "o que você fez hoje?"... e as respostas: "Normal". Passamos a falar de quaisquer coisas que pudessem sustentar meia hora de papo: tevê, problemas de casa, cotidiano. E eu sempre falando mais, esforçando-me mais para estabelecer fios narrativos... Ele me falava de saudades, e eu já não sentia saudades; ele dizia que queria me ver, e eu já nem queria tanto. Para mim, nós dois éramos uma lembrança bonita, mas que se resumiu e concentrou na perspectiva da possibilidade. Eu havia me dado conta disso. Chegou, enfim, o tempo em que combinamos novo encontro. Foi justamente na fase confusa por que vinha passando. Eu fui. Após Sampa, eu me sentia um pouco mais revigorado, pronto para seguir, mas então com coisas novas e diferentes. Uma vez junto dele, tentei entender o que acontecia, se havia a possibilidade outra da concretude de uma relação, que aparentemente ele queria. Além disso, o sexo passou também a não ser tão bom quanto antes, talvez, porque algo em mim tivesse mudado. E passei quatro dias pensando sobre aquela nossa vida, sobre como avançar sem causar danos, como talvez tentar salvar nossa vida. Não deu. Abafado pelas obrigações do trabalho, ele chegava no fim da tarde, saía cedíssimo e eu ficava um dia inteiro dentro da casa dele, vendo coisas no Netflix, remoendo memórias, cogitando estratégias, sozinho, como eu não queria estar. Com ele eu me sentia ora completo, ora vazio: eu sentia que a conversa não se afinava. Definitivamente, para mim, não era mais a mesma coisa. Veio o dia em que, por faltas de ambos, rompemos de vez. Sem verbalizações. Típico. Mais uma vez, estávamos sublimando-nos a nós mesmos, plasmando nossa história em uma virtualidade que já me incomodava havia algum tempo. Foi um dia depois de seu aniversário e me doeu muito ter dissipado aquela névoa de uma forma inerente a ela: triste e calada. Encerrava-se em uma manhã fria um tempo de beleza e raridade com alguém verdadeiramente bom, mas incompatível com a atual fase de minha vida (e com as perspectivas que Sampa me soprara havia pouco). Não havia mais espaço para o que tínhamos em minha vida. Eu escrevo com certo pesar, mas não consegui chorar. Preferi seguir.
SALVADOR (24 a 29 de agosto) - Gostar de Alguém
Elevador Lacerda, Salvador |
Irmãos - Pelourinho, ago/13 |
Agora, dois dias depois de haver chegado, estou aqui pensando em como retirar e aplicar ensinamentos para a nova temporada. Preciso pensar com cuidado, pois vivi coisas muito boas para minha proposta de evolução. Acredito que estou entrando em uma fase de encerramento de ciclo. Sinto como se esta fosse a primeira etapa do fim arrumando o início de outro momento. Talvez seja agora a hora de colocar em prática os planos subsequentes imaginados e desejados lá em Aracaju. Whatever... De qualquer forma, é bom voltar a me sentir na Estrada.
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