domingo, 17 de fevereiro de 2008

Naum

Como fazer para não se entregar? Quisera saber escrever palavras e termos bonitos de autores, dos quais nem lembro o nome, para tentar resumir, exprimir ou exibir de maneira convicente o turbilhão de coisas que passam pela minha cabeça, que me fazem querer escrever romances panegíricos em praça pública e que logo em seguida me desmotivam ao perceber que tudo não passou de "mais uma coisa minha". É esquisito começar sozinho e perdido, mas às vezes as cruzes caem nas costas de quem menos as espera, então, já possuidor delas, tem-se de se arrastar o fardo até o ponto em que há a conclusão de que nada adveio do céu, que foi você mesmo que fabricou o que está carregando. Pois é aí que quero chegar: compreender que as coisas só vão permanecer bolinando minhas idéias até quando eu permitir, então não vou mais deixar que um afã quebrante o que acredito, minhas idiossincrasias, minha vida. Não! Fantasmas só devem rodear a casa até a hora em que o livro da história de terror estiver aberto, servindo pra alguma coisa, num determinado momento. Pra ser sincero, já basta de narrativas e descrições aterrorizantes quando há campos virgens cheios de flores prontas para serem colhidas, cheiradas e utilizadas para ornamentar portas e janelas que devem estar sempre - ou a maior parte do tempo - abertas para arejar o ambiente. Para que insistir em jardim alheio se a rosa, que embora dance e se incline pra você, não lhe pertence? As flores são lindas, movem-se conforme o vento, contudo ventos podem trazer brisas, que acalmam, ou vendavais, que destróem, que trazem chuvas doces e perigosas como Zeus fora para Dânae. Enfim, se sorrisos existem são para ser exibidos, se há corpo é para que haja uma alma, mesmo que não seja gêmea, que não seja sopro, mas que viva e faça viver... Contudo, infelizmente não há como ter três partes no desenho perfeito de um coração num caderno dum apaixonado e mesmo que eu escreva dezenas de Poemas 15, de Neruda, por enquanto, não poderei fechar os olhos para esperar o vento te trazer pra mim, pra que eu te possa cheirar debaixo da chuva.

Naum...