domingo, 24 de abril de 2011

Minha Fênix particular

Encerro as homenagens às pessoas especiais de abril. Hoje é o dia dela. O dia da minha Puppy Love.

"Leãozinho", "Puppy Love" e até "cara-de-pau" - além do já tão usado "mana" - são as várias Gersinês da minha vida. No caminho até este texto, fiquei pensando na maneira a qual falaria a você, no dia do seu aniversário. Ando escrevendo com dez corações na mão, sendo, a propósito, todo coração. Desta vez, tive medo de que a musa me fugisse e que, consequentemente, começasse a escrever platitudes. Algo de que tenho horror.

Pois bem; que tal se começássemos com uma retrospectiva? É assim que lhe escreverei, minha irmã. Mas vai ser do meu jeito.

Já dediquei a você um poema, não seria mais interessante, neste momento, fazer outro. Eu nunca escrevi algo para você, diretamente, neste blogue. Nem naqueles tempos em que éramos apenas nós dois, um com o outro, cada um sendo de um jeito mas muito dependentes, um do outro. Lembra-se, irmã, daqueles tempos? Música alta no seu quarto, anos depois, no banheiro, os vários "de quem é os pratos" de painho? Sim, uma família normal. As coisas iam caminhando de um jeito em que não nos dávamos conta da passagem do tempo. Quando dei por mim, estávamos na universidade. Você estava tão radiante.

Depois, maninha, eu te vi uma moça sempre rodeada de amigos. Fotos e mais fotos sendo passadas para o computador nos domingos. Nós dois acordando quase juntos. Você me acordando com uma música especial, aquelas coletâneas colocadas no tocador de DVD. Eu, naquele tempo, já sabia que você logo sairia para passar a tarde na casa de algum colega da universidade. Eu sabia que eu ia ficar em casa. Esperando. Eu não lhe falava, mas adorava ir abrir o portão para você, recebê-la, vê-la voltando para mim, passando todo o dia fora, mas, ao final dele, voltando para mim. Era o que importava, pois éramos, ainda assim, nós dois.

Então, você florescia cada vez mais. De repente, seu perfume atingiu não só a mim, mas a todos que sintonizavam ondas mágicas às 10h da manhã em Aracaju. Eu fazia questão de ouvir você. Orgulhoso. A minha alegria era a de ligar para perguntar se viria almoçar em casa. Mesmo que você viesse e depois fosse dormir, sem brincar comigo, eu estava satisfeito. Afinal, éramos nós dois. Eu, ainda no mesmo dia, estaria confortado pela doçura da nossa mãe e pelo seu mal-humor hilário. O Jornal Hoje não tinha graça sem você. Hoje a vida tem pouca graça sem você.

O que fatalmente acontece com as flores que lançam-se perfumadas no mundo? Elas atraem admiradores. Assim aconteceu. Você estava cada vez mais bonita, cabelos cada vez mais cacheados, grandes, o considerado patinho feio estava amadurecendo, tornando-se o cisne que eu cri. Você sempre foi, ao seu modo, muito boa para mim, para todos à sua volta, aliás. Você me defendia, você me dizia coisas tão construtivas. Eu dizia baixinho: "Ainda bem". Mais cedo ou mais tarde, o seu prêmio viria. Certeza absoluta.  Lembro-me do quanto que você o queria. Sim, eu me lembro. Apesar de sermos nós dois, não nos demos conta da sua grandeza e crescimento a não ser pela presença de outro.

Hoje, eu estou em outro estado. Você também. Chegou um outro. Por mais que me depare com alguns sentimentos estranhos, não muito bons, constato que você merece ter quem te complete. Quiçá tenha chegado a hora de não sermos tão nós dois. Chegou a hora de cada um seguir o rumo da individualidade. Você, mais uma vez, foi pioneira. Esteve na dianteira. Você sempre foi assim, Kelly. Eu sempre invejei esse lado seu, a sua coragem, a sua abertura para se jogar, para se machucar, mas para, ao mesmo tempo, recompor-se. Eu tinha uma figura mitológica dormindo no quarto ao lado: Kelly, a minha Fênix particular. Você sempre foi mais destemida do que eu, sofreu mais por isso, mas cresceu tanto, em compensação. Eu sinto algumas vezes que não somos mais como antes. É essa minha alma de museu: quero conservar tudo o que é, que foi, belo. Humanos não são museus, são exposições dinâmicas. Você sempre teve mais espectadores.

Feliz aniversário, minha querida irmã. Eu amo você. Estou aprendendo a crescer. Eu amo tanto você. Sei que este é o seu momento, que você está aproveitando, vivendo o que sempre mereceu viver. Eu como curador do meu próprio museu, sofro por ver algumas peças difíceis de restaurar, mas que eu sei que - apesar de não poderem ser mais apresentadas ao público - estão lá, para mim. Elas estarão em permanência voltando para mim. Dentro de mim, ainda somos nós dois.

"Meu amor, você me dá sorte..."



"Como seria essa vida? Sei lá..."

FELIZ ANIVERSÁRIO, GERSINÊS KELLY.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Só enquanto eu respirar...

Às vezes, eu digo que não me importo com aniversários. Pensando agora, com mais calma, observo que talvez eu me refira ao meu próprio. O fato é, fazer aniversário não é uma data corriqueira. Ele é uma maneira para os amigos estarem lembrando dos amigos: uma verdadeira e bonita celebração da amizade.

Farei isto: celebrar uma flor tão rara, a qual, pelo seu caráter delicado, é necessitada de regadio, de manutenção constante. Estou aqui, neste feriado de 22 de abril, para enaltecer a minha querida Elúzia. Que a cada vigésimo segundo dia de cada mês de Vênus, recorda e faz recordar que este mundo recebeu mais um energia, um raio de luz e um sopro de renovado ar, refletido, inclusive, no seu nome.

Neste momento, estou escutando dois hinos da nossa amizade: "Sou seu sabiá" e "Santa Chuva". Imerso  na pletora de sensações advindas da experiência, fiquei pensando como poderia dar os parabéns à claridade; a um ser que me estendeu sempre o braço, deu-me as mãos quando ambos estávamos sofrendo, caindo, aprendendo. Elúzia sempre (mesmo!) esteve do meu lado, no sentido duplo que a palavra carrega. Assim, fomos nos tornando amigos. Eu nunca havia pensado nisso. Eu jamais a tinha visto. Tornou-se impossível esquecê-la. Foi na UFS, numa reunião de estudantes confusos e cheios de espíritos de mudanças, que tudo, na minha vida, mudou. Daquele dia em diante, eu seria amigo de uma alma nobre e tão afim à minha, uma coisa estranha para o meu intelecto. Éramos muito parecidos nos conflitos, nas ideias, nas ambivalências. Ela era como eu, e eu era tal qual ela.

Éramos um casal, sem o sermos. Éramos unos em duas pessoas diferentes. Ela era "Luzinha" e eu "Pablito". Agora somos só saudades. Lembranças de um amor bonito de se sentir, talvez, inédito para ambos. O sentido do amparo diante do mundo que de modo néscio tacha sem conhecer. O caminho de sossego quando as penumbras da dúvida surgiam ameaçadoras. Nós conversávamos tanto. Nós nos ouvíamos tanto. Era no seu abraço que eu encontrava compreensão. Quando todos estavam longe, Elúzia estava perto de mim, reclamando de si, querendo sempre melhorar, evoluir, rasgar uma história, mas sem saber como escrever outra. E eu também. Sempre, sempre vendo-me a mim mesmo falar através daquela moça de pele branca e cachos libérrimos, lindos, lindos, lindos. Nós nos esforçávamos tanto. Aprendemos a sentir e, consequentemente, a amar filosofia. Queríamos fugir, reunir-nos a ler Nietzsche. Sim, nós nos arriscávamos: era Nietzsche, era Sartre, era Simone de Beauvoir. Eu sentia como se nós fôssemos a reencarnação do célebre casal. Massa franco-brasileira. 

Muitas coisas não deram certo. Mas eu constantemente lhe pedia que ouvisse "Livros". Que acreditasse. Ela então, certa feita, fez-me um carinho, pediu-me para ver um vídeo, "O Anjo mais Velho". Nunca antes a frase "só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você" fez tanto sentido. Era amor. Indubitavelmente, amor. 

Eu pensava se deveria ir além da nossa amizade. Se seria o seu par perfeito. Não aconteceu. A vida, de fato, tem mistérios, muitos, aliás, sobre os quais teatralmente Shakespeare já se deteve. Eu não entendia. Até hoje, não entendo muito. Ficou a amizade e, hoje, a minha Simone de Beauvoir encontrou um caminho que conduz à conjugação.

O que posso oferecer a você, Elúzia, minha eterna Luz e Ar, é o congelamento daqueles nossos tempos pelas palavras. As palavras. Elas não podem expressar o nó que está me dando na garganta neste momento, o de pensar que isso foi há tão pouco tempo, e já dura uma eternidade. Eu sigo como o livro que lhe dei. Em estepes, na busca delas. Aqui, ali, aqui. Sempre aqui.

Feliz aniversário, minha querida. Você é maior do que cogita. Foque na sua grandeza, reconheça plenamente os seus avanços. Cresça vendo a adulta que tem uma vida para cair, levantar e seguir. Conte comigo. Continuo à disposição para estender-lhe a mão e receber a sua, num laço que não se rompe com limites nem distâncias.


FELIZ ANIVERSÁRIO, MINHA SABIÁ!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Para sobreviver

Feriado. Em "casa", ouvindo Rufus cantar "Foolish Love" para mim. Adoro. Nas ruas, poucos carros. É o silêncio e Rufus. Perfeito. Como diria Caetano, "melhor do que isso só mesmo o silêncio", e, hoje, eu o tenho. 

Resolvi não ir à biblioteca. Ontem fui dormir tarde, finalizando algumas atividades da semana. Deveria ter ido a um show do Movéis Coloniais de Acaju, na Esplanada, mas perdi a vontade. Não tem muita graça ir a apresentações assim sozinho; digo isso em referência ao fato de ser um show aberto, comemoração da cidade, muita gente, que, para mim, é o mesmo que não haver ninguém. Eu sei que talvez seja uma frase meio para baixo, mas é fato. Comigo não funciona ir para uma coisa dessas sozinho e encontrar "amigos". Geralmente, eu curto o som, até pulo, mas saio de lá sem muitas novidades. Por ser também às 22h, pensei em como voltaria à "casa", eu não gosto de estar na Rodoviária do Plano tarde da noite. Daí, acabou não rolando. Fiquei em casa fechando umas pendências. Como disse na minha última postagem, sempre há o que fazer.

Desse modo, resolvi aproveitar (do meu jeito) o início de feriado. Pelo menos hoje, vou tentar esquecer da universidade.

Ainda em relação a ontem, fiquei pensando se deveria ir ou não ao show, se não estava mantendo um comportamento de que não gosto muito: o daquele que fica em casa quando o mundo todo parece estar se divertindo. É a minha mania constante de querer mais. É engraçado, pois às vezes olho o espelho e penso, "provavelmente, este sou eu: o que, no caso, prefere ficar em casa enquanto o mundo todo parece estar se divertindo". Então volto a dizer a mim mesmo que a gente é o que a gente é, como diz a história, o lance é se aceitar. Mesmo. Parece chavão, mas é assim. Acho que não sou dos mais festivos, mas isso não faz de mim um alien.  


Eu sou aquele que preza por ler; que gosta de ouvir músicas com piano e orquestra; que devaneia ouvindo  Gal, Chico, Tom; que gosta de estar em lugares calmos, conversando com gente interessante; que adora parar para prestar atenção a Caetano, Gil, Chico Science etc. Sou um cara que seleciona também. Talvez esteja aí o meu medo: de, por ser esse seletivo, que, à medida que o tempo passa, viverá a exigir a quintessência de tudo, de todos, de si mesmo. Resultado: solidão, dado que ninguém é perfeito. Aí começo a desenvolver teorias, projetar receios, arquitetar contigências, coisas que estão, de fato, fora do meu poder. Aí fico triste, rogo a Deus que me ajude, tento ser diferente de algo que eu sou. É um ciclo que beira a morbidez.

Só sei que tento não pensar muito nessas coisas. Tento. Atos de insurreição esmaecem-se diante da solitude. Eu noto isso, ou melhor, vivo isso na pele. A solução que econtro é fugir, dopando-me em noites de sono temporãs. Observo que o poeta tem razão: "é impossível ser feliz sozinho". 

Assim vou seguindo, esforçando-me para ser bom em todas as coisas e de todos os modos. Como não dá para ser um Peri da vida, frustro-me. No entanto, dou-me conta das evoluções. Saber da frustração por tentar ser perfeito é um avanço, é a oportunidade para trabalhar esse lado, ser mais humano, começar a aceitar o fato de ser limitado e, dessa forma, ser mais compreensivo com os demais. É uma batalha individual que aspira ao exterior. É como se fosse uma jornada, uma peregrinação ao mais adentro, para, como já escrevi aqui, não ter medo de naufragar. 

Há ainda muito por construir e uma Estrada para seguir. Como já disse Nina, ela canta para se sentir viva, eu escrevo. É para sobreviver. 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Eu, Mestrando

Ah! Agora estou em "casa". Tenho algumas coisas por fazer, mas resolvi dar uma "paradinha" antes de retomar o trabalho. Tem coisa para fazer. Incrível isto: sempre tem o que fazer.

Falo de coisas referentes ao mestrado. Dia de hoje, eu geralmente me dou um "break", pois a semana é reservada para fazer leituras e fichamentos (inclusive, quando acabar de escrever aqui, pretendo fichar algum livro). São coisas para ler, textos para revisar e enviar a professores, apresentações para organizar. Não dá muito tempo para fazer outras coisas; quando preciso fazer algo que não seja ficar na biblioteca o dia todo, fico pensando nas coisas que poderia estar adiantando. É uma coisa boa e ao mesmo tempo chata. Explico. É boa porque eu estou muito feliz de estar produzindo, estudando e não parado em casa, em meio a lamentações frente ao computador; e chata porque estou fazendo uma coisa só e raramente faço outras, ou seja, a minha vida tem se resumido a estar dentro de uma biblioteca, de segunda a sexta, e quando por algum motivo não consigo estar lá, fico para baixo crendo que perdi tempo.

Ontem aconteceu um caso mais ou menos assim. Estou para viajar para apresentar uns trabalhos em outro país. Tem sido uma loucura: indo a banco, indo a embaixada, gastos para calcular os futuros gastos. Foi assim esta semana. E bolsa? Nada. Nunca vi. O meu programa é uma esquisitice. As pessoas com quem eu falo, que passaram no mestrado, falam que ganharam bolsa de auxílio e tudo mais. Eu até agora não ganhei nada, pelo contrário, os meus pais ainda estão me sustentando aqui em Brasília. Aqui é T-E-R-R-Í-V-E-L! As coisas são muito caras. O que mais me incomoda é a questão dos aluguéis. Nossa! Sem condição: dia desses fui convidado para dividir um apê na cara da universidade. Seríamos eu e mais duas pessoas, cada uma pagando a bagatela de R$ 830,00. Sendo que o local estava vazio, isto é, mais gastos com móveis em vista. Isso é algo que me deixa muito mal, pois fica impraticável morar no plano quando se é estudante. Residência na universidade, tem-se que esperar uma fila de desocupação por aqueles que já estão no limiar de defender a sua dissertação. É como naqueles tempos de Playstation em que eu ficava louco para o jogo começar e na tela ficava a merda do loading...; tipo, talvez nem demorasse tanto, mas para mim era uma eternidade. Tem sido uma eternidade.

Ontem, falei com um amigo meu que também está vivendo a experiência de fazer mestrado fora do estado. Ele já arrumou casa, divide o apartamento com uma pessoa e está, pelo que conversamos, bem instalado. Eu não posso dizer que estou mal, mas também não afirmo que estou satisfeito. Só fico legal mesmo quando estou no meu quarto porque não tenho de ficar vendo mesa e cozinha sujas ou sentindo uns odores terríveis. Às vezes, fico pensando que fui um sortudo por ter achado um lugar bem localizado, mas todo o banho que tomo é uma negação à ideia positiva...

Enfim, as coisas ficam complicadas: sem bolsa, sem previsão de um lugar que caiba no meu orçamento (que nem é  meu, por sinal) e com sentimentos contraditórios (divertir-me mais ou continuar como estou?).

Só sei de uma coisa: eu preciso me sair bem nesse mestrado porque depois dele não tem mais porquê ficar sendo sustentado pelos meus pais. Tenho de conseguir uma boa oportunidade e, por isso, estou correndo atrás. São dois anos. Pretendo usá-los a meu favor. Ai, ai...

Agora vou voltar à minha rotina: vou fazer um fichamento. 

É isso.