quinta-feira, 21 de abril de 2011

Para sobreviver

Feriado. Em "casa", ouvindo Rufus cantar "Foolish Love" para mim. Adoro. Nas ruas, poucos carros. É o silêncio e Rufus. Perfeito. Como diria Caetano, "melhor do que isso só mesmo o silêncio", e, hoje, eu o tenho. 

Resolvi não ir à biblioteca. Ontem fui dormir tarde, finalizando algumas atividades da semana. Deveria ter ido a um show do Movéis Coloniais de Acaju, na Esplanada, mas perdi a vontade. Não tem muita graça ir a apresentações assim sozinho; digo isso em referência ao fato de ser um show aberto, comemoração da cidade, muita gente, que, para mim, é o mesmo que não haver ninguém. Eu sei que talvez seja uma frase meio para baixo, mas é fato. Comigo não funciona ir para uma coisa dessas sozinho e encontrar "amigos". Geralmente, eu curto o som, até pulo, mas saio de lá sem muitas novidades. Por ser também às 22h, pensei em como voltaria à "casa", eu não gosto de estar na Rodoviária do Plano tarde da noite. Daí, acabou não rolando. Fiquei em casa fechando umas pendências. Como disse na minha última postagem, sempre há o que fazer.

Desse modo, resolvi aproveitar (do meu jeito) o início de feriado. Pelo menos hoje, vou tentar esquecer da universidade.

Ainda em relação a ontem, fiquei pensando se deveria ir ou não ao show, se não estava mantendo um comportamento de que não gosto muito: o daquele que fica em casa quando o mundo todo parece estar se divertindo. É a minha mania constante de querer mais. É engraçado, pois às vezes olho o espelho e penso, "provavelmente, este sou eu: o que, no caso, prefere ficar em casa enquanto o mundo todo parece estar se divertindo". Então volto a dizer a mim mesmo que a gente é o que a gente é, como diz a história, o lance é se aceitar. Mesmo. Parece chavão, mas é assim. Acho que não sou dos mais festivos, mas isso não faz de mim um alien.  


Eu sou aquele que preza por ler; que gosta de ouvir músicas com piano e orquestra; que devaneia ouvindo  Gal, Chico, Tom; que gosta de estar em lugares calmos, conversando com gente interessante; que adora parar para prestar atenção a Caetano, Gil, Chico Science etc. Sou um cara que seleciona também. Talvez esteja aí o meu medo: de, por ser esse seletivo, que, à medida que o tempo passa, viverá a exigir a quintessência de tudo, de todos, de si mesmo. Resultado: solidão, dado que ninguém é perfeito. Aí começo a desenvolver teorias, projetar receios, arquitetar contigências, coisas que estão, de fato, fora do meu poder. Aí fico triste, rogo a Deus que me ajude, tento ser diferente de algo que eu sou. É um ciclo que beira a morbidez.

Só sei que tento não pensar muito nessas coisas. Tento. Atos de insurreição esmaecem-se diante da solitude. Eu noto isso, ou melhor, vivo isso na pele. A solução que econtro é fugir, dopando-me em noites de sono temporãs. Observo que o poeta tem razão: "é impossível ser feliz sozinho". 

Assim vou seguindo, esforçando-me para ser bom em todas as coisas e de todos os modos. Como não dá para ser um Peri da vida, frustro-me. No entanto, dou-me conta das evoluções. Saber da frustração por tentar ser perfeito é um avanço, é a oportunidade para trabalhar esse lado, ser mais humano, começar a aceitar o fato de ser limitado e, dessa forma, ser mais compreensivo com os demais. É uma batalha individual que aspira ao exterior. É como se fosse uma jornada, uma peregrinação ao mais adentro, para, como já escrevi aqui, não ter medo de naufragar. 

Há ainda muito por construir e uma Estrada para seguir. Como já disse Nina, ela canta para se sentir viva, eu escrevo. É para sobreviver. 

Um comentário:

mi disse...

matando as saudades!...
ou ao menos tentando! :)