sexta-feira, 30 de março de 2012

Mais um ano

Hoje é meu aniversário. Foi um dia comum. Fiz questão de que ele fosse assim porque não ando muito motivado a fazer as coisas de antes. 

Eu nem ia escrever aqui, mas, como tem sido uma prática desde de 2008, mudei de ideia. Não sei por quê, mas tenho necessidade de registrar esses momentos. Talvez acredite naquela história de "ainda vamos rir muito dessa história". Aliás, acho isso uma das coisas mais legais para se dizer a alguém em tempos de dificuldade.

O fato é que cada vez mais eu me afasto dos tempos de menino. Hoje, com 26 anos, já sou considerado um adulto. É estranho como eu faço as contas. Estou sempre contando. Mais cedo, estive pensando, olhando da sacada do meu apartamento, o quanto que consegui até aqui; o quanto eu precisava dizer a Deus coisas que mostrassem a minha satisfação por estar onde estou. É inexplicável olhar para trás e rever uma trajetória que realizei por meio de um desejo forte. Por mais que para muitos pareça frase-feita, mas foi a força de um sonho que me fez encarar essas coisas.

Agora, aos 26, estou naquele momento em que se senta e pensa sobre a salvação: depois de ver e enfrentar o furacão, vê-lo passar. Eu não morri, mas estou em uma terra arrasada, nova e constato que é tudo comigo. Ter 26, para mim, é como se eu já me preparasse para mais uma caminhada, mas uma não tão florida como a anterior. Como diz a música de Milton, não é mais só de sonho que se faz o meu caminho, mas com o meu braço também.

Parece perseguição isso de ficar falando de "ontens", mas é o que sinto. Mais do que nunca, vejo que preciso ser bom. É claro que as coisas que fizeram parte da minha trajetória me fazem ver a minha atuação de modo menos intenso. Algumas vezes acredito que em relação a determinadas coisas eu adquiri alguma serenidade. Posso dizer que com 26 eu aprendi a me respeitar; aprendi a ver que o que eu sou é somatório de uma história conjunta,, que ninguém conhece, ninguém viveu e, portanto, ninguém tem o direito de querer regular. Com 26, eu vejo que é tempo de me estabilizar como alguém maduro e, por conseguinte, pensar como ocuparei a minha posição no "mundo real". Penso em preservar um lado meu que tenta sempre ir pelo caminho ético - mesmo que ache um cu o mundo. Eu me orgulho do homem que me tornei: tenho orgulho da minha família que contribuiu para essa minha formação, eu me orgulho profundamente da mãe que tenho e que um dia, confio em Deus, eu poderei mostrar que tudo o que ela fez por mim deu bom fruto. 

Às vezes, também penso sobre o futuro - esse fantasma que me enlouquecia em tempos outros. Penso, então, que, já que não sei nada sobre ele, vou trabalhando, do modo que vi dando certo com outros. Assim eu me distraio e aprendo, ao mesmo tempo. Não é fácil. Eu sinto como se a vida estivesse nas minhas mãos e que a qualquer passo mal calculado eu possa desandar tudo. Essa é a aventura chamada Vida, quando a pessoa se propõe a vê-la desse modo. Eu topei fazer parte disso. Tenho claro na mente que as consequências existem, mas de que há muito o que ver e aprender, inclusive.

Este texto foi escrito "no automático". Eu ando assim. É estranho, mas parece que é como se estivesse abandonando algo que é ora casca. Não sei se estou em queda livre, ou se estou estou vendo que terei de pular, pois a casca já não me sustentará por muito tempo: ou eu, novo, pulo ou caíremos os dois, casca e eu, na direção de uma nova paisagem. Acho que será um tempo novo. Que venha, então, assim como chegarão vinte e seis anos de alguém que vê, sente, sofre, mas segue.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O espelho me disse...

Engraçado (e bem batido) aquele papo de "o problema não é com você"... Pois é, acabo de perceber que ele é fato. Um bem complicado, por sinal.

Eu não sei. Estou com fome, esperando a água ferver para eu fazer aquelas sopinhas de envelope. Não estou muito bem e este é o motivo por eu estar aqui escrevendo.

É. Ainda é sobre amor e tal. Hoje, mais um dia, eu não conversei com o meu amor. Em situações diferentes, relativas a ele, eu vi o quanto preciso melhorar. 

Não estou com muito saco para escrever textos imensos. O ponto é que, ontem, ele não me ligou. Ele me explicou que não pôde; que havia acontecido alguma coisa; que me explicaria quando me ligasse hoje, enfim. Chegou, então, "hoje" e eu não movi um dedo para conversar com ele. Primeiro, acordei tardaço por ter virado a madrugada assistindo a "Hilda Furacão", no You tube: o meu dia de domingo, por isso, começou às 15h... Depois de me arrumar, fui ao supermercado comprar umas coisas para tomar café. Fui pensando se deveria levar o meu tablete, para caso recebesse uma ligação, mas não o fiz. Eu não me esforcei para ligar o aparelho.

medo
O problema. Eu não quis conversar porque pensei naquela minha mania idiota de fazer joguinhos do tipo "farei com que morra de vontade de conversar comigo, que queira saber se eu estou com raiva" ou "vou fazê-lo sofrer um pouquinho; vendo-o preocupado com a minha reação, terei o controle da situação". A justificativa: "assim vai ser mais emocionante". Duas suspeitas terríveis me envolvem, desde que recebi a primeira mensagem dele dizendo que havia tentado me ligar. A primeira é de que eu quis meio que me "vingar" por ontem ter esperado para conversar com ele, para me derreter por esse meu amor e não ter tido o meu desejo saciado, posto que não houve ligação QUANDO EU QUERIA. A segunda, e - talvez - a pior, é que eu estou querendo, como sempre, ter o controle da situação, regulando as ações da outra pessoa. 

Eu fico realmente apavorado com isso. Eu me sinto envergonhado demais. Esse é um Pablo que não condiz com a evolução a que me propus.

Ainda ontem, esperando por ele, fiquei vendo uma entrevista de Whitney para Oprah, a última grande entrevista da estrela. Nela, a cantora falava do seu passado com as drogas e o que a fizera entrar naquele mundo, quando a sua vida era um sonho de consumo para o mundo todo. Whitney explicou que estava completamente apaixonada pelo seu então marido, que gostava do jeito como, com ele, a sua vida não precisava ser ditada por ela, a estrela, a diva. Nas suas palavras, era incrível para ele ter aquele homem no controle da situação. Ela precisava, pelo menos em algum momento da sua vida, sentir que a sua existência não era um negócio em que Whitney Houston era o ser onipotente. Ela, então, entregou-se totalmente àquela relação. Sofreu muito, mas amou e se divertiu igualmente. Enquanto falava, era nítida a satisfação de lembrar que sentiu e viveu algo inédito. Eu pensei que também me sinto assim, insuportavelmente poderoso em relação a mim mesmo. Eu entendo a diva. Também controlo a minha vida demasiadamente, eu me podo tanto, enfim, sempre penso que somente EU sei o que é o melhor. Vejo que estou transferindo isso para a minha relação, e ela é um bebêzinho ainda.

Não quero perder isso que estou vivendo. Parece algo tão sadio. Eu preciso mudar, deixar de ser alguém manipulador e dar chance a outra pessoa que, assim como ocorreu com Whitney, não me veja como uma personagem. Estamos nos conhecendo, portanto quero dar chance a outros lados meus que ainda não exercitei - por não ter encontrado quem estivesse pronto para vê-los. Tenho tanto medo de cometer erros terríveis por presunção da minha parte. Assim, hoje, eu, no final da noite, senti-me tão estranho, envergonhado por tal atitude que, não sei se mimada ou controladora, denotou a minha imaturidade nessa jornada.

Agora, vou dormir. Amanhã é segunda-feira e tenho coisas mil para resolver. Amanhã, conversarei com o meu amor...

Sei que dormirei pensando:

VOCÊ NÃO MUDOU [?]