domingo, 29 de maio de 2011

Sinais

Acabo de chegar de um momento diferente. Vi gente dançando, sorrindo, cantando. Algumas pessoas até se abraçavam, brincavam, de pés no chão. Entoando frases, ditando ritmos, aumentando sua aceleração: ambos sorrindo. Sorrindo!


Eu voltei para casa pensando em mim. Dei-me conta, mais uma vez, de que tenho uma Luz na minha vida. Eu chorei. Sim, uma daquelas lágrimas solitárias desceu pelo meu rosto. Vi os sinais de trânsito, as luzes, tantas luzes, e elas se perderam todas no mar imediato que se formou nos meus olhos. Tudo se fragmentou diante da minha gratidão à Luz.

Eu pensei que quero tanto evoluir. Às vezes, acredito que venho fazendo um curso intensivo nisso de evolução; o resultado é que decorei fórmulas. Aprendi a discursar, é verdade, pois, geralmente, tenho as coisas certas na ponta da língua. Eu sei falar coisas bonitas. Fiquei pensando nisso. A distância entre o que eu digo e o que eu faço. Realmente, eu me esforço para ser bom, mas tem vezes que esqueço e acabo caindo em contradição; então, eu me torno a mais vil das criaturas: a que por, saber como ser bom, consegue inverter magistralmente papéis. É quando eu me sinto mal. É quando eu sei que ninguém, de fato, é perfeito. É quando tenho medo de mim.

Dias como o de hoje, então, mostram-me que erro, mas - a despeito dos meus aspectos defectivos - que não estou só, por mais sozinho que eu me sinta. Tem Alguém que me dá sinais, direções para um caminho iluminado. Eu, pretensioso, acredito entender o que não sei; começo a escrever narrativas românticas de mim mesmo. Alguns desses roteiros não funcionam. Sofro, porém me proponho a sentir, a seguir. É o exercício da aceitação do ser que se tem em si. 

O motivo da minha emoção está no ponto de eu me dar conta disso. Ser ciente me desautoriza de perder a direção. É como se, ao mesmo tempo, eu fosse agraciado e responsabilizado com e pelo meu próprio tempo. Cada vez mais eu estou tendo noção da minha vida, do que sou, de algumas armadilhas. É incrível e estranho isso. Não posso me dar ao luxo de dizer que tais coisas estejam se dando por certo acaso. Não mesmo. Sinais. Eles estão à minha volta, e quando me detenho a olhar com atenção, estou seguindo por um trajeto seguro, emocionado. Eu me emociono tantas vezes. Sabe, acho que tenho orgulho de mim também.

Está visível para mim o tempo de me posicionar. Tudo me cobra isso: o que estudo, o que sou, as pessoas que admiro, essa nova pessoa que está fincando raízes em mim. Eu tenho a sensação de caminhar para o rumo com o qual estive sonhando em fases da minha vida. Óbvio é que várias coisas ainda não aconteceram, mas as que estão se apresentando me apontam a possibilidade de tentar ser e fazer o que acredito. É quando penso "eu sou tão jovem". É muito difícil seguir o que se diz, sei disso, mas eu, Pablo, preciso me esforçar para isso. Não posso errar nesse sentido. Não sou igual aos outros. A cada dia tenho isso mais claro comigo. Preciso aproveitar as minhas peculiaridades ao meu favor: para isso eu preciso ouvir a mim mesmo mais, cada vez mais. Percebo, assim, que sou a minha conexão com o Supremo.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Bad day (i.e., um dia de merda)

Mais um da série "que merda de dia". Hoje, para começar, não fiz porra nenhuma.

A postagem de hoje vai ser tão entediante quanto foi o meu dia. Hoje, recebi um exercício para fazer, olhei para ele e uma mistura de desconhecimento e desânimo me invadiu. E que merda! É só essa matéria maldita do mestrado (das três que peguei) que está me comendo o juízo. A professora chega, dá uma aula que eu não entendo, vai embora e manda a sala ler e fazer uns exercícios especializados (ou seja, que precisam ser discutidos, explicados etc.). Não está interessante e eu me sinto obrigado a entregar atividades, como se fosse no ensino médio, em que você faz disciplinas que não lhe dizem nada, mas tem de fazer para não reprovar: coisa de nota. Um saco! Eu estou puto com essa situação, e mais puto ainda porque não vislumbro possibilidade de reverter isso. O pior é, acho que a disciplina poderia ser apresentada de uma forma interessante (porque é algo, de fato, interessante), mas não está: eu não entendo, não estou gostando, mas sou obrigado a fazer. Tem gente que está sentindo o mesmo e não reclama, que me diz, inclusive, para "tomar cuidado". Eu tenho medo de estar ficando assim também.

Fiquei o dia todo na inércia. A coisa mais produtiva que fiz foi ter ido ao banco transferir dinheiro para uma conta e pegar papéis de cheque. Hoje deveria ser um dia producente, mas acordei tarde porque fui dormir daquele jeito depois de descobrir que tão cedo não terei bolsa de auxílio, that is, vou ter de buscar emprego. Fiquei pensando, "não, talvez seja uma oportunidade de eu deixar esse meu lado de 'menino acomodado' de lado, de correr atrás das minhas próprias coisas", mas o fato é que a porcaria da CAPES e o meu programa de mestrado têm uma política de distribuição de bolsas esquisitíssimo, e que, no frigir dos ovos, vou me lascar com isso. Eu, que poderia estar me dedicando exclusivamente para os estudos, terei que correr feito louco para me empregar porque estou sem bolsa numa cidade de custo de vida alto. Para rematar, descobri que, para um auxílio de moradia no campus (a saber, o passaporte para o fim do assalto a mão armada que é o aluguel em Brasília), sou o 27º de uma lista de 44 pessoas. Terrível isso... Ou seja, a minha quarta foi um cu, e sujo.

A questão é que não dá mais para eu ficar sendo sustentado pela minha mãe e pelo meu pai. Isso acaba comigo. Acho que, talvez, o dia de hoje seja uma amostra do que vem por aí, por isso que ontem estava - depois de saber do lance da bolsa e da moradia -, meio anestesiado, olhando para o lugar odioso (está bem, de um víés cristão, estou exagerando um pouco no adjetivo...) onde estou, pensando se vou ficar mais um ano nele. Não! Eu vou ter que sair dessa. Ai, que meeeeeeeeeeeeeeeerda!

Enfim, amanhã eu nem sei o que vou fazer. Tomara que esse sentimento passe porque está me atrapalhando. O tal do exercício é para ser entregue na próxima quarta e vale nota (gente, que ridículo, eu, na pós-graduação, dizendo isso!!!). Não sei por onde começar. Na verdade, não estou nem um pouco motivado; só que eu sou tão sortudo que quando uma coisa não funciona, atrapalha o conjunto em que estão inseridas outras; resultado: acabo não fazendo nada, engessado em could have been's. E eu, definitivamente, não posso ficar sem fazer nada. Às vezes, dá vontade de mandar tudo se foder, sair por aí e fazer coisas bem, bem loucas, mas quem domina é o sempre bom, bobo e velho Pablo. Ai, ai... 

Nossa! Até escrever está um saco. Que merda de dia!

Estou rezando para que esses benditos dois anos passem logo.

Em homenagem a hoje (pelo menos, para acabar o dia com uma música que me traz boas sensações, apesar de descrever esta quinta-feira perfeitamente):


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Eu tenho 25 anos

Estava pior mais cedo. Ainda não estou ok. São quase 15:15, sexta-feira, e não peguei nada para estudar ainda. Em dias de semana, não há nada mais aborrecedor para mim do que não ler, estudar, produzir. Não quero perder tempo. 

Eu tenho 25 anos. Estou tentando aceitar o fato. Olho para três meses atrás e, caramba, tinha 24 anos! uma idade, devo dizer, que me trazia uma sensação de incômodo, o desconforto de estar no intermédio do tempo em que estou agora. Daqui para a frente não poderá ser como era lá atrás.

Ontem, estive conversando muito com uma menina-moça de 21 anos. Ela dizia "Eu tenho 21 anos... eu só tenho 21 anos!". Era como se a cada repetição o ponta do 1 me perfurasse algum orgão e a exclamação me golpeasse na jugular. Sangramento interno. Eu não podia dizer nada, afinal, eu tenho 25 anos.

Aqui em Brasília (pelo menos, onde estou), ter 21 anos parece ser sinônimo de posses: com essa idade a maioria dos jovens já dirige, já tem cartões de crédito e estão se encaixando nos espaços sociais. É de se notar aquela certeza juvenil de ter o controle de tudo, mas estar, ao mesmo tempo, descontrolado. A menina-moça seguia falando-me coisas desse tipo, eu reparando em outras de outro, e sempre, sempre, posicionando-me em comparação. Praxe. Uma sensação quase mórbida materializada no pensamento "eu já tive essa idade...". E eu só tenho 25 anos.

Hoje, acordei-me desesperançoso. Hoje, acordei velho.

Olhei para mim mesmo e, mais uma vez, me vi no istmo. Senti-me patético ao pesar que, ontem, por um momento voltei no tempo, tive, visivelmente, 21 anos, de novo; senti-me um parvo de saber que, num curtíssimo espaço de tempo, iniciei atemporal, fiz 21, fui dormi com 25 e acordei com 70.

O istmo. Estive no outro polo. Passei uma brevíssima temporada com alguém que ia para os 30. Não foi legal de todo. Eu senti a cada dia junto da pessoa a ressaca de estar num não-lugar, numa espécie de I don't belong here, um estranho no ninho, peixe-fora-d'água etc. Senti como se constatasse o fato de a idade não implicar a evolução pessoal, tampouco revelar muito sobre o grau de generosidade nas pessoas: ter mais anos não significa possuir mais sabedoria no lidar com as adversidades. Eu me apavorei. Talvez o estranhamento tenha se dado porque eu sou assim também: vi uma possibilidade de mim mesmo. Tenho 25 e, vira e mexe, pego-me em situações regressivas. Estou falando de um jeito diferente, agindo de maneira peculiar, passando a imagem de um menino, "garotinho-da-mamãe" mesmo. Provavelmente, é nos momentos de adversidade que regrido.

Aí mora o problema. Estou constantemente ambivalente; sendo e não sendo; confuso e confundindo. O resultado é que não me adequo. Observo que a força se dá nos grupos. A tal história de que o ser humano é um animal social. Eu ainda não me encaixei em um. Acho que me levo muito a sério, sei lá. Por muito tempo levei o personagem para a cama; hoje sei disso e arco com as consequências de ter adormecido em cima do muro. 

Todos os dias tento pensar num modo de mudar, mas depois penso em qual sentido. A estupidez do meu excesso de racionalidade me torna um escravo dos períodos e dos limites. A minha humanidade me faz sentir o que a minha cabeça arquiteta. Eu sinto os processos se dando, fico angustiado porque sei que vão acabar, e me doi tanto isso. Machuca saber do fato de que tudo passa.

É triste porque sei disso e tenho 25 anos de vida.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Simples desejo

Ai! Antes que escape, vim aqui escrever.

Já estou chegando ao fim da primeira semana de maio e, a despeito de uns dias não tão bons, esses últimos dois têm sido tranquilos.

Acho interessante registrá-los, pois acho-os tão raros. Na maioria das vezes, estou bem melancólico, sonhando, desapontando-me, sofrendo. Apesar dos agravantes da distância e da solidão, tento enxergar outros lados, mas não sou bem-sucedido: fracasso e me acho um fracasso. Enfrentei umas situações peculiares e familiares recentemente. Acho que voltei desses dias cinzentos e sem vento mais pensativo sobre mim, sobre os outros. Eu estava me sentindo muito mal. Gente, eu não sabia que ia ser desse jeito a caminhada, a Estrada! Talvez as coisas estejam acontecendo e eu as absorvo superlativas, mas o que importa, de fato, é que hoje estou bem.

Recebi dia desses a ligação de uma amiga, que me encheu de luz. A minha Beta. Ela tem sido tão presente, assim como a minha mãe. Elas duas têm sido o meu porto seguro. Penso bastante nelas. Queria tanto retribuir da melhor forma os presentes que me dão. Também tenho uns amigos que dividem as agruras de ser jovem e meio desorientado na vida, buscando rumos, indo e correndo atrás de um lugar seguro. A esses também agradeço a presença e a força.

Hoje, na universidade, consegui fazer as coisas a que me propus ontem: entregar uma documentação importante, fazer parte de uma leitura idem, além de organizar um trabalho. Parece besteira à primeira vista, mas, para mim, são conquistas. Eu acho que não sei administrar muito bem o meu tempo. Não aprendi ainda ou talvez haja muitas coisas mesmo para fazer. Também almocei tão bem. Nossa, um prato delicioso, que encheu a minha barriga. Comi tudo de que gosto. Foi tão bom! Um momento de felicidade. Eu fico tão contente quando não estou me alimentando de porcarias, quando como salada, arroz, feijão. Nossa! Eu quero aproveitar todos esses pequenos momentos, agradecer por eles, senti-los de verdade. As coisas mínimas têm sido tão importantes para mim. Ô, meu Deus! Eu acho que nunca fiquei tão feliz só por ter almoçado. Isso era algo tão prosaico no início do ano passado (hehehe!). Daqui a pouco, irei dormir. Amanhã tenho planos de estudar, assistir a um filme e outras coisas, penso num dia producente. Tomara que dê certo.

Andei conversando com a minha mãe sobre procurar emprego. As coisas não estão fáceis sem bolsa. Os dias vêm se tornando semanas e elas em meses. Já estamos em maio. Como já mencionei, acabo de vir de uma pequena temporada de céu cinzento, nesse regresso, depois de alguns dias doloridos, notei que o tempo passa mas passa tão depressa que, às vezes, avançamos em anos, mas não conseguimos ver nisso um oportunidade para a evolução; resultado: estacionamos em um tempo de infância, no entanto em uma intransigente, egoísta e boba. Machucamo-nos e machucamos as pessoas por defeitos tão nossos. Eu já estou com 25 e não posso esquecer-me disso. Tenho certeza - como constantemente ressalto - de que estou aprendendo nessa jornada da minha vida. Nada é por acaso, e sei que preciso enfrentar muita coisa ainda. Pretendo fazer isso, mas preservando tudo de nobre que há em mim, sem me envergonhar por aquele que sou: sempre contando com a força d'Aquele que me guia.

Enfim, estou me recuperando literalmente: de uma gripe, de uma pancada (que só senti dias depois, vendo o arroxeado que ficou). Sofri, doeu, mas, como diria Chico, "vai passar". Vai.

Hoje, (lembrando a música de Luciana Mello) o dia acabou bem. Graças a Deus!