sexta-feira, 13 de maio de 2011

Eu tenho 25 anos

Estava pior mais cedo. Ainda não estou ok. São quase 15:15, sexta-feira, e não peguei nada para estudar ainda. Em dias de semana, não há nada mais aborrecedor para mim do que não ler, estudar, produzir. Não quero perder tempo. 

Eu tenho 25 anos. Estou tentando aceitar o fato. Olho para três meses atrás e, caramba, tinha 24 anos! uma idade, devo dizer, que me trazia uma sensação de incômodo, o desconforto de estar no intermédio do tempo em que estou agora. Daqui para a frente não poderá ser como era lá atrás.

Ontem, estive conversando muito com uma menina-moça de 21 anos. Ela dizia "Eu tenho 21 anos... eu só tenho 21 anos!". Era como se a cada repetição o ponta do 1 me perfurasse algum orgão e a exclamação me golpeasse na jugular. Sangramento interno. Eu não podia dizer nada, afinal, eu tenho 25 anos.

Aqui em Brasília (pelo menos, onde estou), ter 21 anos parece ser sinônimo de posses: com essa idade a maioria dos jovens já dirige, já tem cartões de crédito e estão se encaixando nos espaços sociais. É de se notar aquela certeza juvenil de ter o controle de tudo, mas estar, ao mesmo tempo, descontrolado. A menina-moça seguia falando-me coisas desse tipo, eu reparando em outras de outro, e sempre, sempre, posicionando-me em comparação. Praxe. Uma sensação quase mórbida materializada no pensamento "eu já tive essa idade...". E eu só tenho 25 anos.

Hoje, acordei-me desesperançoso. Hoje, acordei velho.

Olhei para mim mesmo e, mais uma vez, me vi no istmo. Senti-me patético ao pesar que, ontem, por um momento voltei no tempo, tive, visivelmente, 21 anos, de novo; senti-me um parvo de saber que, num curtíssimo espaço de tempo, iniciei atemporal, fiz 21, fui dormi com 25 e acordei com 70.

O istmo. Estive no outro polo. Passei uma brevíssima temporada com alguém que ia para os 30. Não foi legal de todo. Eu senti a cada dia junto da pessoa a ressaca de estar num não-lugar, numa espécie de I don't belong here, um estranho no ninho, peixe-fora-d'água etc. Senti como se constatasse o fato de a idade não implicar a evolução pessoal, tampouco revelar muito sobre o grau de generosidade nas pessoas: ter mais anos não significa possuir mais sabedoria no lidar com as adversidades. Eu me apavorei. Talvez o estranhamento tenha se dado porque eu sou assim também: vi uma possibilidade de mim mesmo. Tenho 25 e, vira e mexe, pego-me em situações regressivas. Estou falando de um jeito diferente, agindo de maneira peculiar, passando a imagem de um menino, "garotinho-da-mamãe" mesmo. Provavelmente, é nos momentos de adversidade que regrido.

Aí mora o problema. Estou constantemente ambivalente; sendo e não sendo; confuso e confundindo. O resultado é que não me adequo. Observo que a força se dá nos grupos. A tal história de que o ser humano é um animal social. Eu ainda não me encaixei em um. Acho que me levo muito a sério, sei lá. Por muito tempo levei o personagem para a cama; hoje sei disso e arco com as consequências de ter adormecido em cima do muro. 

Todos os dias tento pensar num modo de mudar, mas depois penso em qual sentido. A estupidez do meu excesso de racionalidade me torna um escravo dos períodos e dos limites. A minha humanidade me faz sentir o que a minha cabeça arquiteta. Eu sinto os processos se dando, fico angustiado porque sei que vão acabar, e me doi tanto isso. Machuca saber do fato de que tudo passa.

É triste porque sei disso e tenho 25 anos de vida.

2 comentários:

Anônimo disse...

De vez em quando temos crises, isso é normal! Você tem realmente 25 anos, isso é fato! Você não pode mudar isso. Não aceito esses pensamentos vindo de você pois você construiu muita coisa até então, você está em um EStado considerado um dos maiores do Brasil, em uma faculdade disputadissima, fazendo um mestrado que você escolheu. Isso não é pra qualquer coisa menino! Você tem uma inteligência admirável ... o que mais você quer? A nossa realidade é diferente,o custo de vida e os valores de Brasilia são diferentes dos de Aracaju ... São realidades distintas. Faça o possivel para não se martirizar assim, tudo ao seu tempo! Quantas pessoas aqui te admiram?! Você não faz a minima ideia meu irmão! Quantas pessoas queriam estar em seu lugar?! Milhares! Se esforce! Construa o seu! Tudo o que tiver de vir, virá em seu tempo! As vezes fico muito mal de ter 24 e não ter nada além de uma graduação, em um curso que nem valorizado é. Mas logo brigo comigo mesma e penso que ainda tenho tempo! E muitos dos nossos que nem isso tem?! E se der errado, somos lutadores: nos levantamos e tentamos de novo! Enquanto há vida também há possibilidades, várias possibilidades! Te amo muito! Desculpes os erros se tiver, tô trepada de sono! #Fui!

Anônimo disse...

Não fiques tristes por estar com 25 completos, hoje. tenho 25 também, completos há certo tempo. Em breve, terei 26 e ando esperançoso pelo dia de poder olhar para o passado e perceber que já se passaram 50 anos e que eu os aproveitei intensamente cada segundo. Um dia em que o futuro não me importará muito, mas apenas o presente, diferente de hoje, onde ando a passos largos a espera do futuro. Sejamos feliz e gratos: eu pelos meus 25 indo para 26 e você pelos seus anos recém completos. Felicidades para nós dois juntos. ABS!