quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Uma mensagem para 2009

Pois é chegada a hora. Aquela de me despedir de mais um ano, um que foi múltiplo para mim. Andei dando uma olhada nos posts do ano passado e vi como, na maioria das vezes, poucas coisas mudam quando a gente quer que não sejam mais as mesmas. Vou deixar este filosofar de lado e partir para o ponto do post de hoje, último de 2008:

Na verdade, quero aqui deixar uma mensagem para o novo ano, que já bate à porta nossa: temos doze meses dentro dos quais umas vidas começam, outras terminam, bastantes se perdem e algumas outras se encontram. Para certos acontece tudo isso e então tem-se o que é raro, o crescimento enquanto ser. Do fundo do coração, desejo a todos que neste novo ano (re)pensem mais nas próprias vidas e ações e que também se perguntem e que façam isso bastante, pois o mais importante de tudo, o que aprendi e quero compartilhar, é que ser humano à vezes parece ser algo tão pequeno, no entanto que não é legal nos deter ao óbvio, objetivar a pequenez. Como certa vez ouvi dizer Lacan, a linguagem é tão aberta que não se pode fechar numa moeda cara/coroa; assim é cada ser vivente: existe numa outra parte bifurcações repletas de possibilidades, novidades e diferenciais que notei ainda não foram detectados por boa parte das figuras que habitam este planeta - seja porque não talvez não haja mais tempo para isso, seja porque é tarefa nada fácil pisar em campos recônditos, enfim, qualquer que possa ser a razão se perde muito por essa "falta de atenção".
Deixemos então de ficar presos aos detalhes que não contribuem em nada para a evolução. Afastemos-nos daqueles que insistem na destruição e que não se importam em corromper o mundo com mentalidades pequenas: se valer a pena, numa missão especial, pode-se fazer uma tentativa de ajuda. Sem sombra de dúvidas o mais útil é estar atento. Alerta para a os adoradores da casca do mundo.
Confesso que não ando feliz com o mundo como está, mas é para isso que servem os começos, para reforçar que a Esperança sempre terá lugar cativo no baile da Vida e que a entrada dela com as suas filhas, as Possibilidades, sempre farão os que ainda riem na (e com a) vida ver que o mundo é um lugar bom, que vale a pena viver, que, como assisti hoje Dorothy dizendo, There's no place like Home!

OBRIGADO 2008. FELIZ 2009 a todos!

Solo le doy gracias a Diós!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

My '08 Xmas...

I just couldn't feel the "'08 Christmas" as the other ones. I do not know why but I didn't succeed to be happy as well as before. It was such an ordinary day for me. It wasn't supposed to be this way: that's Christmas after all! I got very sad for feeling like that, so I had no other way but to think of a song that could represent my feelings in a very good manner:

"Where Are You Christmas"
James Horner

Where are you Christmas
Why can't I find you
Why have you gone away
Where is the laughter
You used to bring me
Why can't I hear music play

My world is changing
I'm rearranging
Does that mean Christmas changes too

Where are you Christmas
Do you remember
The one you used to know
I'm not the same one
See what the time's done
Is that why you have let me go

Christmas is here
Everywhere, oh
Christmas is here
If you care, oh

If there is love in your heart and your mind
You will feel like Christmas all the time

I feel you Christmas
I know I've found you
You never fade away
The joy of Christmas
Stays here inside us
Fills each and every heart with love

Where are you Christmas
Fill your heart with love


NATAL... Pensemos...


domingo, 7 de dezembro de 2008

Entre rosas, planetas, raposas e baobás

Esta postagem não era pra existir, na realidade, mas duas coisas me impulsionaram a criá-la: a necessidade de "distribuir" as fotos aos fotografados e a obrigação de louvar um acontecimento. Tendo a primeira intenção sido realizada, cabe partir à próxima.
Na quinta passada, fui assistir a uma apresentação do meu bom amigo Saulo. No início fiquei em dúvida se iria ou não, pois tinha outras coisas a fazer (e, como tem sido ultimamente, pesei "prioridades"), até o instante no qual percebi que minha ponderação me colocava bem próximo dos notórios habitantes dos seis planetas visitados pelo principezinho de Saint-Exupéry - mais interessados nas próprias verdades do que em outras coisas essenciais - e tremi ao dar fé de estar me deixando contagiar pelo complexo egotista do qual padece o mundo (...); acordei, então, e nem titubiei em ir ver meu amigo. Qual não foi meu assombro quando encontrei mais pessoas que, como eu, haviam ido exclusivamente assistir à apresentação do amigo Saulo. Fiquei impressionado e percebi que no mundo ainda há pessoas que cultivam uma flor, que não tem nome, pois não se pode encerrar. É bom estar de alguma forma, ainda que indireta, na vida delas, observar que o mundo é uma surpresa diária e que ele, muitas vezes, lhe reserva boas. Que bom, ainda vale a pena escutar a raposa!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Um dia de quarta

Sem dúvida, um dia atípico. Hoje (03/12) não fui para a universidade, pois no setor onde faço pesquisa está acontecendo a seleção pra as novas turmas de mestrado e por isso não posso ficar no local. Desde a semana passada estou sabendo disso e fiquei exultante porque seria uma oportunidade de colocar os atrasados em dia e tudo mais. Balela. Nesta quarta, me dediquei a não fazer absolutamente nada do que considero construtivo. Acordei tarde, baguncei a cozinha e saí (manhã); quando voltei da academia, perdi algum tempo assistindo a um pornôzinho, depois tomei banho e voltei para o PC, nem sei por quê, quando me vi estava cheio de telinhas do Youtube no meu navegador. Resolvi, então, ir dormir (tarde) para acordar em algum momento e finalmente fazer "algo construtivo" - Cê acha? Acordei e fui ver o "Ensaio" com Marcelo Camelo (noite). Desisti então de "lutar" e me entregeuei à ralidade: o meu dia era pra tudo menos para o meu cotidiano. Aqui estou eu, à 00:25, escrevendo no blog quando amanhã (ou melhor, hoje) tenho uma porção de coisas para realizar. Deixar para escrever esse horário é terrível: estou sendo puxado pelas obrigações que pegam, cada, em uma parte do meu corpo e me puxam para a cama.
Como eu queria que outra coisa me puxasse para a cama... Enfim, estou ouvindo Gal cantando que seu nome é Gal e se apresentando... em 1969... Demais! Por que Gal não vem me puxar pro leito pra me mostrar o que é 69 pra ela. Enfim, devaneios bons, muito bons, por sinal. Por falar em alguém do "grupo baiano", como diria Tom Zé (aqui), vou citar outro de seus integrantes, Caetano Veloso. Hoje, no meu dia anômalo, no momento "telinhas do Youtube", tinha passado pelo site da MTV Brasil e, na parte dos vídeos, tinha um marca que chamava a atenção para uma ironia interessantíssima: Caetano Veloso, no site da multinancional cultural, "liderava" a lista dos vídeos menos vistos; o título do seu clipe menos acessado: Livros. A ironia reside no nome da obra (nem tanto do autor) num site destinado para o público dito teen. Por que os jovens não gostam de Livros?
Amanhã nem sei como vai ser o dia. Tô indo dormir à 01:16 pra fazer uma ruma de coisas. Que venham, estou aqui! hehehe!
Me despeço com Caê e o clipe menos visto pela grande MTV...

domingo, 30 de novembro de 2008

Mitad

Escrever bem para mim é definitivamente ser visceral. Há momentos propícios para as boas letras. Certa vez, assistindo a uma aula de literatura portuguesa, da qual gostei bastante -raro evento, pois não sou adepto da literatura lusa, pelo menos da passada até agora a mim -, ouvi algo do que falava a apaixonada Mariana Alcoforado, uma coisa que me chamou muito a atenção. Em uma de suas poesias, ela dizia que seus melhores momentos eram os que a felicidade estava longe de si, pois, naqueles, seus olhos não estavam nublados pelo sentimento eufórico. Quando ouvi a professora ler isto me veio a sensação de que eu era também partidário do pensamento da noviça: eu não produzo bem estando "bem". Pode parecer uma conclusão negativa, no mínimo ambígua, mas é uma realidade. Neste momento estou com um sentimento familiar a mim, que me faz vir aqui e escrever para que me sinta de alguma forma bem, ou seja, andando na tenuidade da contradição, ou não. Escrever quando estou mal nada mais é do que uma tentativa de ficar bem. Agora estou ouvindo a voz maravilhosa de Rosa Passos, numa madrugada de sábado (para domingo) e sozinho. Tudo escuro. Estou escrevendo. Em minha companhia Dindi... "Você não existe Dindi...".
Minha rotina tem me feito emburrecer. Não sento para ler, nem para escrever. Não consigo esconder o meu descontentamento de viver rodeado de cabeças de vento, de pessoas que me contaminam com as doenças do mundo, que me transformam em massa. Eu não posso fazer mais do que a força que tenho no momento. A vida não tem sido atraente para mim, pois tem se mostrado uma sucessão de figurinhas repetidas, burras, chatas e eu me tornando afim. Triste. Não suporto estar na companhia das pessoas, elas me fazem atuar, ser como elas e eu sempre pensando, me policiando, para não me dizer melhor que elas, me excluir quando no fundo o que quero é de fato me subtrair de tudo.
Certa vez escrevi aqui minha alegria em me perceber humano, fraco etc., contudo vejo que sou assim, mas que não posso me resumir a isso e fazer da vida uma sucessão de segundos, minutos e horas e nada além. Na verdade, me sinto como alguém que não gosta de quartos; numa dualidade, sinto que preciso de regras para domar a fera dentro de mim, uma que tenho medo, pois nunca a deixei livre dos limites que eu mesmo impus. Não nasci para estar preso, posto que viva numa maneira trilhada e tida por muitos como exemplar, no íntimo não é assim. Há tanto em mim, eu sou tantos. É uma metade a que está visível e ela está já se contaminando e espalhando uma peste para as outras que, presas, não acham força para resistir além da sua capacidade. "Sei pensar, sei jejuar , sei esperar" foi assim que Sidharta se definiu quanto a sua pessoa; eu preciso ler mais Sidartas, conhecer Sidartas, estar mais com Sidartas. Onde estão vocês? Eu preciso viver e lutar contra o comum. Mesmo que me odeiem, que me machuquem e que me causem fissuras, tenho de pensar. Ainda que me mostrem apenas as maravilhas do mundo e que me dispensem os melhores elogios, tenho de jejuar. Até me vendo diante da demora do resultado, sentindo o ácido lento do tempo corroer as coisas e querendo calmar o insuportável a mim, preciso esperar.
é um trabalho; viver é ser exigido em força e intelecto. Não quero estar sentado, correndo do tempo feito um cervo amedontrado, não quero ficar assim.

"toda a gente pode alcançar o seu objetivo se souber pensar, esperar e jejuar."
(Sidarta, de Hermann Hesse)

domingo, 23 de novembro de 2008

Soñando con serpientes...

"Hay hombres que luchan un dia y son buenos
Hay otros que luchan un año y son mejores
Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos
Pero hay los que luchan toda la vida
Esos son los imprescindibles"

(Bertolt Brecht)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Contra o Verso

Estou feliz. Feliz por fazer parte de um dia que vai ficar para a História, mas para a de todos. Hoje soube da notícia que está sendo carro-chefe de toda a imprensa mundial: pela primeira vez na história dos EUA, maior potência econômica global, um presidente negro foi eleito. Isto é uma espécie de assombro, visto que se trata de um país de histórico limítrofe com o de ódio e perseguição racial mundial, conhecido pela maioria das pessoas e blá, blá, blá...
Pra mim o que importa mesmo é outra coisa: é constatar como nada é definitivo, que tudo é suscetível de mudança. Isso me faz recordar "Sidarta", em como vi neste livro o quanto o mundo é parecido com um rio. O mundo é um rio. É inconstante e imprevisível. Debalde tentemos aprisioná-lo em conceitos, nunca seremos capazes de vaticinar determinismos, pois eles não há. Reside aqui a minha alegria, na nossa maravilhosa impotência de controlar as coisas. Recomendo "Boa sorte/Good luck" ao Mr. Obama! Do fundo do meu coração.
Sidarta, Obama, enfim, uma mistureba muito particular. Na realidade, bom saber dessa notícia, pois me deu vontade (forte mesmo) de voltar a escrever. Ando muito assoberbado esses últimos dias, parecido com o coelho branco do livro de Lewis Carroll, e também cheio não só de ocupações, mas de algumas coisas que ando observando nesse monte de tempo que passei sem vir aqui. Engraçado, a gente sempre quer ter amizades, encontrar amizades, estar rodeado delas, então, na maioria das vezes, a gente acha o desejado... e aí? É só se preparar pra aprender, de todas as formas possíveis: estranhas, positivas, negativas, enfim de todas. A gente vai. Tenta. Não dá. Logo as dúvidas surgem: a culpa é minha ou deles? Tenho de mudar ou eles, se realmente gostassem de mim, não deveriam me aceitar do jeito que sou? Sou um chato ou um diferente? Perguntas sem respostas breves. Eis que se mostra o lado negativo do aprendizado.
No entanto, cabe a nós colocar em prática o que foi aprendido outrora com um francês bastante atento, isto é, urge ser lavoisierano e pegar do lodo a sua fertilidade. São os conceitos, são apenas conceitos, mas nós os levamos conosco e às vezes é interessante retirá-los do bolso, dar-lhes uma mexida, depois uma assopradinha e ver se servem. É preciso mudar? Sim, mas, mesmo dando minha mão direita a Heráclito, darei a esquerda a Parmênides, uma vez que percebi, tristemente, que o mundo é dotado de fortes oposições e que você deve de algum modo ir por um caminho. Por essa razão a pergunta da necessidade de transformar-se. Deve assumir uma postura frente a tudo o que passa por você e envolver a insígnia em seu braço direito, assim todos saberão quem é sem precisar realmente escutar o que você tem a dizer; um triste dever que se você não fizer, alguém o fará no seu lugar.
Talvez cada passo desse caminho esteja me fazendo crescer, ou seja, enxergar coisas que não são iguais às que estavam na porta de casa quando da minha saída. Às vezes dói ter de crescer, ter de endurecer, mas, num mundo de feras, construir crisálidas ajuda a nos proteger, a observar, a não se machucar. Não se vive de poesia, o que se tem é o concreto, sem suavizações, sem metáforas. O mundo que eu vejo não tem metáforas. Estou triste.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Viva la Vida

E numa vegetação, um lobo ouve, de algum lugar, alguém dizer:

"I used to rule the world
Seas would rise when I gave the word
Now in the morning I sleep alone
Sweep the streets I used to ownI
used to roll the dice
Feel the fear in my enemies eyes
Listen as the crowd would sing:
'Now the old king is dead! Long live the king!'

One minute I held the key
Next the walls were closed on me
And I discovered that my castles stand
Upon pillars of salt, and pillars of sand

I hear Jerusalem bells are ringing
Roman Cavalry choirs are singing
Be my mirror my sword and shield
My missionaries in a foreign field
For some reason I can not explain
Once you know there was never, never an honest word
That was when I ruled the world

It was the wicked and wild wind
Blew down the doors to let me in.
Shattered windows and the sound of drums
People could not believe what I'd become
Revolutionaries Wait
For my head on a silver plate
Just a puppet on a lonely string
Oh who would ever want to be king?

I hear Jerusalem bells are ringing
Roman Cavalry choirs are singing
Be my mirror my sword and shield
My missionaries in a foreign field
For some reason I can not explain
I know Saint Peter won't call my name
Never an honest word
And that was when I ruled the world

Hear Jerusalem bells are ringings
Roman Cavalry choirs are singing
Be my mirror my sword and shield
My missionaries in a foreign field
For some reason I can not explain
I know Saint Peter will call my name
Never an honest word
But that was when I ruled the world"

E ele entendeu...

domingo, 6 de julho de 2008

Sobre o amor

Dia desses ouvi uma frase que me fez parar pra pensar, que vem mudando minha cabeça: "O seu amor, ame-o e deixe-o ser o que ele é.", então pensei no que seria o amor; o que eu estava considerando ser o amor; como eu estava amando. Mais uma vez percebi que neste caminho eu tenho confundido alguns trajetos, indo por alguns meio enevoados, que estava me fazendo ficar perdido.
De maneira primária, como aquele aluno ainda desorientado no mundo das palavras, nos exercícios passados pela professora - também primária -, num lugar que ainda lhe é estranho, fui buscar no dicionário a significação de "amor" e foi tão vária quanto as músicas que ouço sobre esse tema e que me ajudam a atravessar as pontes semi-arruinadas desta estrada tão tortuosa. Nos versos musicais, bem como nas acepções do dicionário, percebe-se diversas maneiras de amor: o abnegado, o carnal, o transcendental, o fraterno etc. Nas canções, todos são acompanhados pelo sofrer. Na vida também. Assim, percebi que eu, que nunca tinha amado, ou nunca me peguei refém deste tipo de sentimento, era agora passível dele, tão vulnerável quanto um jovem ático flechado pelo Cupido. Talvez já tivesse sentido isso, mas nunca tinha me dado conta. Pois dei fé do amor e vi o quanto estava me comportando de acordo com a fórmula. Sofri muito, mas percebi que ia sofrer ainda mais se continuasse a tipificar e a querer encaixar o alvo do meu apreço nos espaços designados unica e especificamente por mim. Me dei conta que hoje em dia se perde muito por valorizar tanto e atrapalhar conceitos (o que é pior). Um deles é o do amor. Com certeza amar é algo muito mais complexo do que músicas e dicionários podem deter, que é próprio de cada qual, que não importa o sexo, a cor ou religião, pois se resume a uma palavra inenarrável que denota, entre várias coisas, liberdade: o amor é livre, é simbolizado com perspicácia por um ser alado, pois é fato que não podemos guardá-lo nos bolsos ou cerrá-lo nas mãos, pois se o fizermos estaremos roubando-lhe o ar, deixando-o arroxeado, até que morra e se torne algo tão podre e maldito quanto o sentimento de posse é.
Venho observando que a posse é um vírus que pode ficar cristalizado, inerte em qualquer lugar mas que só espera uma brecha para infectar, destruir e corroer o seu hospedeiro. E não há vacina pra ela. Não devemos permitir que ela pegue o amor, senão tudo estará muito pronto destruído. Eu estava deixando o meu amor vulnerável a esse vírus até o momento que o vi enfraquecendo, desfalecendo e resolvi lutar pela sua recuperação.
Amo muito meus amigos, mas não quero mais que eles me amem. Não quero porque não quero que façam nada, apenas que sejam. Quero deixá-los cada vez mais livres porque prendê-los não é o que os fará me amar mais. Não quero forçá-los a me amar. Prometi a mim mesmo que o amor virá antes de tudo, uma vez que é por meio dele que toleramos, aceitamos, tentamos ver sempre o lado positivo das coisas e das pessoas, e eu quero ver e sentir tudo isso, sem exigir que os outros façam exatamente o que eu quero, procurando um ser idêntico a mim, um clone desenvolvido por mim. Sei que tenho de ser paciente, agir com parcimônia, dar às coisas seus momentos mesmo que não seja o que eu queira de início.
Enfim, este é mais um post de "constatação", vamos dizer assim. "O seu amor, ame-o e deixe-o ir aonde quiser, ser o que ele é": se não é igual a você, tente tirar disso algo produtivo pra sua relação, pra sua vida e se estiver com a visão turva pela posse, afaste-se e veja o quanto seria ruim perder o pássaro por apertá-lo demais. Também não se deixe cai da janela por sonhar demais. A vida sem idealizações funciona melhor. Estas coisas são o que digo pra mim mental e diariamente. É também um recado para meus amigos. um pedido de desculpas. Estou mudando. Estou tentando. Estou me abrindo para o amor.

sábado, 28 de junho de 2008

Boa noite

Sábado à tarde chuvoso. Tô aqui numa preguiça tremenda de fazer as coisas que tenho de fazer; uma delas seria sair pra ver um desfile de quadrilhas e emendar com um show de Elba Ramalho. Mas quando chega o final de semana e se tem um pouco de paz depois da correria da semana, fica meio complicado ter ânimo pra abandonar suas leituras ou lazeres recônditos pra novamente estar fora de casa. Ainda por cima tenho obrigações da universidade, uns exercícios sacais, mas fazer o que se nosso tipo de educação, mesmo no Ensino Superior, nos força a fazer atividadezinhas valendo nota. Eu sei que é bom pra somatórios, mas acontece que quando chega o weekend só dá vontade de passar o dia inteiro em frente ao PC, só vendo besteira ou utilidades mas tudo sem sair do quarto, como naquela comunidade do orkut: "Meu quarto é meu mundo". Engraçado. Hoje ele tá servindo de um lugar de refúgio. Não agüento mais algumas atitudes da minha família. Só gritam, cobram, me enchem. Aff! Por isso hoje nem saí do quarto. Vou comer e volto. Pra ter contrariedade é melhor ficar ouvindo No Doubt aqui dentro. Hahahaha!!!
É bom também estar um pouco à parte do mundo cotidiano pra - como sempre - pensar um pouco. Tava dando uma olhada neste meu blog e percebi a quantidade de textos meio deprês que andava escrevendo. Claro que eles não foram premeditados, mas acabei ficando meio cansado de encontrar só lamentações, apesar de estarem expressos muito bem contruídos, não deixam de ser tristes. Fui ver lá no primeiro post e era diferente porque se encaixava na idéia de aqui ser uma espécie de "diário de bordo", quando ele tava se tornando uma poço de lágrimas. Talvez seja porque sou uma pessoa de alma acabrunhada. O que importa é que hoje vou fazer uma coisa diversa, vou voltar a escrever coisas mais light.

E é ao som do In Rainbows que vou começando.

Ontem fui pra biblioteca e dediquei meu resto de tarde pra acabar de ler "o que é poesia marginal", de Glauco Mattoso (o livrinho da figura). Muito massa. Ele tem sido muito importante pra me ajudar a ter base quando for apresentar o minicurso proposto por mim e por um amigo aprovado no ENEL 2008. O título do trabalho é "Literatura e Ditadura: marginalismo nos 'anos de chumbo'" e vai tratar da poesia marginal neste agitado contexto histórico. Tô mergulhado mesmo no universo. Pra falar a verdade, eu sempre estive, de certa forma, ligado ao tema, pois sou apaixonda pelos anos 60, por causa do tropicalismo.Porque considero a Tropicália um momento ímpar da nossa história e sei que é mais do mesmo dizer isso, mas nunca é pouco repetir. Pra começar mesmo, resolvi ler algo introdutório, pra isso peguei um livro daqueles que servem de base pra se situar, tipo "série Princípios" e fiquei louco, daí comecei a ouvir outras coisas de Chico, além de "Construção", da época que ele também criticava o regime da maneira dele, e pense, foi muito louca a sensação porque o que eu lia via depois refletido nas músicas, não só dele, mas nas do pessoal daquela época. Um exemplo. Teve um dia que li sobre a decretação do Ato Institucional nº 5, tipo, o pior de todos, li que naquele momento as pessoas ditas "perigosas" foram cada vez mais perseguidas - bem como diversos setores sociopolíticos não coniventes com o regime - então, quando novamente me "expulsaram" da biblioteca, fui pra casa ouvindo "Acorda, amor" e tudo foi tão nítido, foi como se estivesse presenciando uma das ações dos militares. Incrível. Esta música já entrou no hall das minhas favoritas porque já ultrapassou seu sentido de superfície pra mim, tornando-se especial. Fiquei interessado no período, principalmente porque durante certo tempo a mídia estava bombardeando informações sobre o niver de 40 anos do "Maio de 68", e queria porque queria saber mais sobre tudo o que acontecera. Comprei o livro de Zuenir Ventura e quero começar a lê-lo logo. Quanto à poesia marginal, consegui acabar de ler o livro do Mattoso. Lá ele foi claro em querer quebrar o rótulo de "marginal"; pra isso, começou a colocar as diversas conotações do vocábulo e mostrou o quanto é difícil limitar arte a uma palavra, no caso, a um estereótipo. Mattoso relativizou geral pondo em xeque o conceito de "marginal" e me deixou com uma questão na cabeça: o quanto é complicado isso de se auto afirmar algo, pois no fundo, se você quer ser o salvador da pátria e quer colar em si a imagem de "o mártir", com certeza há intenções outras por trás desse discurso de "bom irmão". Por isso, não acredito em quem se diz demais porque a partir do momento que torna-se necessário dizer algo de si para os outros apenas significa que se quer ter um destaque, por isso não passa de vaidade, do eterno desejo de ser reverenciado. Entonce, será que algo se torna marginal (através da opinião de outrem) ou apenas se é marginal, sem a preocupação de parecer ser? É preciso pensar...

VAMPIROS e SOM BRASIL...

Cheguei um pouco sonolento da biblioteca, pensei que fosse logo ir dormir, mas não aconteceu. Nem sei porque, mas me peguei assistindo TV, comecei com o Pânico, depois partir pro bom Leitura Dinâmica - a única coisa da programação da RedeTV! que vale a pena -, emendei no Jô - que foi um porre; a única coisa que não me fez perder a noite foi ter assistido a Roberto Justus cantando... Sem comentários. Ele pode ser uma boa pessoa, mas como cantor está como um perfeito Aprendiz em início de processo. Beirava o engraçado. Mas esse pessoal rico inventa cada abobrinha e é tudo "lindo". Como diz minha irmã, se fosse pobre o povo atirava pedra. Depois veio uma duente que deveria falar da história da maquiagem... (o primeiro momento de sono promovido pelo Programa do Jô) Na realidade era um tema que poderia ser bem aproveitado, mas quem deu a entrevista foi o próprio Jô, pois ela não falava nada e ainda concordava com as lições de história dadas pelo entrevistador... Terrível. Resolvi ir dormir, até que ouvi uma chamada do SOM BRASIL que homenagearia Cazuza. Eu não acho toda essa graça nele, mas resolvi tentar salvar o resto da minha noite e ter um bom início de madrugada, ouvindo boas músicas e boas vozes. Pacientemente esperei até que começa o segundo bloco, no qual um professor de metafísica veio falar sobre a população em outros planetas, sobre as naves que pulularão no futuro distante, e eras geológicas. Uma coisa que não negava a titulação do convidado. E pra arrematar, um último bloco com Roberto Justus cantando "I'm just a Gigolo" pagando de Frank Sinatra... Acabou então. Finalmente começou o SOM. Apesar de, como já disse, não ser muito fã de Cazuza, até que gostei, principalmente porque quem liderou a trupe de intérpretes foi Ney Matogrosso. Na verdade, ele foi o que conseguiu me prender até o fim do programa (ele e Letícia Sabatella). Ah! Tinha uma menina, Ana Cañas, que q até começou a me despertar interesse - primeiro porque ela era muito gata -, mas depois vi nela um reapresentação de Elis Regina. Já não me empolgou tanto. Mas a fia da peste cantava bem tb. Pra acabar, assisti ao Supercine. Foi mto massa porque passou "Drácula de Bram Stoker". Não me canso de ver este filme, principalmente quando Monica Bellucci aparece com as peitcholas de fora. Muito linda aquela mulher. Demais. Depois fui dormir, sonhando com as noivas do Conde Drácula.

A TONGA DA MIRONGA DO KABULETÊ pra todo mundo hj!!!

Hoje eu num tô pra conversaaaaaaaaaaaaaa!!!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Mundo desencantado

Mais uma vez o unfit. Eu e meu computador. Eu e meu celular. Eu e minha cabeça pesada como saco de moedas, como bola de assopro. E tantas vezes eu tão comigo até o momento de dizer chega, em que ia contra mim mesmo por ser difícil não estar ajustado, além de duro é doloroso porque ninguém nunca será bom para você porque você mesmo não o é consigo. Fazer do mundo um espelho não é a melhor coisa “Se eles fossem como eu, tudo seria mais fácil”. Será mesmo?
Nessas minhas andanças, me encontrei com lobos, com cadáveres falantes e até com príncipes que me diziam que só se deve cobrar do outro o que ele pode lhe dar, mas sempre fui diverso e avesso a conselhos porque quando se tem na frente um espelho as ondas também refletem, ou seja, batem e voltam. Elas sempre retornam pra me fazer reverberar o que trago escondido: eu não sou igual, não acho afins e por isso o mundo nada vale pra mim: me sentindo uma autêntica e embriagada Maysa. Não sou deste mundo. Não entendo. Por que tenho que julgar a opinião das pessoas, pegar suas palavras e jogá-las contra quem as disse sem tentar considerar que elas valem de alguma maneira? Por que devo permitir que a vaidade não me deixe ser humano? Por que preciso de heróis que carreguem todas as minhas responsabilidades? Questões assim é que me fazem avançar e retroceder em apenas um passo.
Não sei, às vezes, deliberadamente, faço de alguns dos meus momentos um suspiro longo e desejo o inusitado: que a vida estivesse num limite que variasse entre tons altos, baixos, graves e agudos, construísse-se como uma música, mas uma dos Beatles, daquelas bem coloridas, com gosto de carambola chupada do pé debaixo do sol, que sempre me reservasse uma gostosa surpresa durante o período de execução e que depois morresse lenta ou subitamente pra logo ressuscitar através de frutas outras filhas que espargiriam sementes por todo o terreno circunvizinho à circunferência da minha cabeça e que girassem e girassem qual as carambolas caindo no bilôco do areal perto da minha casa. Uma viagem hipostática. Alegre e surpreendente como “Domingo no parque”...
Mas sinto que este mundo não é mais meu. Eu não sei as escalas musicais. Não sei a que família de plantas pertencem as carambolas. Não conheço a discografia completa dos Beatles. Só sei gostar de “Domingo no parque”, apenas num gostar por gostar, como quando alguém faz um bem pra gente e então passa-se a querer bem a essa pessoa, sem ter nem querer nada em retorno a não ser a visão de vê-la sorrir. Como quando a gente começa a amar, mas a sentir o sentimento mesmo: quando só se quer o bem do outro, que esteja sempre por perto e desejar encontrar-se por acaso e ver seu sorriso, seu sorriso, seu sorriso, meu sorriso, nosso sorriso. Talvez não neste mundo. Tenho certeza que todos estão crescendo. Eu não. Para as mirabolantes concepções de alguns, esteja regredindo, me alienando, me “recoisificando”, sendo mais um com a síndrome de Peter Pan, mas o que vou fazer se aqueles que escreveram e disseram coisas tão lindas sobre a magia da vida se esqueceram de colocar uma observação, uma nota de rodapé que fosse, esclarecendo que aquilo tudo era só pra te encher a cabeça de róseas mensagens subliminares que lá na frente estariam sendo analisadas para um resumo, num desconsiderável livro, que “provaria” que essas fábulas eram apenas mais um método de “estratificação de classes” – e acrescentariam uma linha no Lattes (importante dizer!?).
Fico pensando, quando tiver meus filhos qual será a maneira de criação deles e este questionamento é mais um momento em que gostaria muito que se tornasse canção, pois não me é agradável; sinto que provavelmente eu fique in ou definitely out. Se hoje em dia os amigos já não sabem de você, não se importam se as palavras te machucam ou não, se estão sendo bons companheiros, se eles não ouvem mais, não têm tempo para saber como foi seu final de semana, conhecer alguma boa história sua que estreite os laços, se essas coisas todas são muito supérfluas e o que mais importe seja rir à toa e no final do dia deixar os deslocados do mundo, em suas casas, em companhia de objetos tão duros e frios como são as pessoas hoje. Graças a Deus há expressões múltiplas, uma delas é a palavra, que realmente liberta, estabelece um portal de onde se pode voltar o rosto e olhar seu passado de alguma forma congelado, num universo paralelo. Com tudo isto que novamente penso que, definitivamente, eu não sou deste mundo.

sábado, 3 de maio de 2008

Sedimento

Passei algum tempo impossibilitado de escrever aqui no blog. Este impedimento, a grosso modo, acaba caindo naquelas velhas e infindáveis análises sobre as dicotomias; neste caso, entre o físico e o espiritual. Estava com o PC quebrado e com a cabeça idem. Desde meu último momento escrito aqui até este, tenho me sentindo num daqueles navios em tempestades poseidônicas, ora avanço, ora retrocedo, e o engraçado é que - como na cena da sensação - nem sei exatamente a direção desses movimentos e tudo isso vai me causando um enjôo que troveja num incômodo crônico. Estava participando de um empreendimento como há muito não via. Uma coisa esquisita ao que acontecia: um grupo bom, com idéias boas e desejando colocar tudo isso em prática, mas tal a música de Chico, eis que veio uma Roda Viva e...

Não quero fazer deste texto mais um triste, pelo contrário, se o anterior estava encharcado de "O lobo da estepe", este cá urge por estar com o espírito do "Pequeno Príncipe". Quero acreditar no que vem, vivo de me esforçar pra isto. Sei que é e vem por aí mais um momento de aprendizado, mas fazer o quê se minha vida é uma sucessão de coisas que eu páro e olho e volto e sento pra tentar entender - como aqueles monstruosos problemas da quarta-série vindos direto do mundo do Velho do Saco e entregues pelo Bicho-Papão.
Estou assustado como quando entrei numa sala e vi um punhado de pessoas sentadas, estranhas, ameaçadoras. Naquele momento tive de saber lidar, contudo agora tá difícil trabalhar com as possibilidades, pois de repente tudo vem muito e acompanhado de uma desconfiança que beira o cáustico, e, como um cristão no Barroco, vou olhando e fechando as pálpebras porque em alguns acho que ando cansando de sonhar e isso não é bom porque há momentos em que pra se manter firme de verdade só vendo no através. Já tive horas em que acreditava num tipo de beleza, depois, à minha maneira, desejei mudar o mundo sempre pensando em ter quem me acompanhasse nisto tudo, mas o tempo foi passando, foi demorando e aquele sujeito foi se ocultando cada vez mais até a hora fatal em que ouviu um pobre rei de maneira afiadamente sábia dizer que É PRECISO EXIGIR DE CADA UM O QUE CADA UM PODE DAR. Perda de um mundo. Doeu...

Reluto contra a vontade de escrever coisas de tristeza, mas creio que esta seja uma das palavras-passe para os pedágios da estrada. O que sei é que não estou premeditando coisas, estou andando em nuvens, seguindo poeira, andando, desesperadamente caminhando, pois o tempo está passando e eu tenho tido e perdido coisas importantes, mas pra mim isso não é mais tão mal porque o mal vem e quando a gente quer ele vai. Eu estou no fluxo.


"Vai chover..."

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Ordinário

Semana gorda a passada foi. Muitas coisas... mas demais mesmo. Que engraçada é a vida. Creio que mais de quinhentas e cinqüenta mil pessoas já devem ter dito isto sobre a existência. Pois, eis aqui a qüingentésima quinqüagésima milésima primeira a repetir isto. É sério. Semana que passou aconteceu algo forte: desci da minha idealizada nuvem de perfeição, tornei-me um ordinal, uma continuação de lista, mais um, e, pra falar a verdade, foi muito ruim. Digo isto por certos motivos; o que mais merece destaque - e que talvez sintetize o sentimento de agora - é o fato de ter caído numa contradição ao me colocar numa situação em que agi de maneira assaz ordinária. Contudo, depois de bater minha cabeça contra a parede duzentas vezes, percebi que tudo o que me aconteceu foi muito importante para que eu pudesse ver outras coisas que não estavam tão claras, principalmente pelo motivo da minha insistência em me afastar dos outros, ora porque eu era assim, ora porque era assado. O fato é que: SOU TÃO HUMANO, FRACO E DE CARNE E OSSO COMO QUALQUER UM, OU DOIS OU TRÊS OU QUATROCENTOS. Que maravilha chegar a esta conclusão, ainda que um pouco tarde, porém a tempo.
Há muito tempo que venho pensando na minha vida, como sou, porque os outros não poderiam ser de tal forma aprovada por mim, e coisas deste tipo, porém agora percebo que observava, ou melhor, vislumbrava tudo de um lugar muito confortável no qual o julgamento alheio era um dos meus mais fortes argumentos para defender algumas idéias. Uma coisa deprimente, uma vez que é sadicamente agradável apontar os erros de outrem ao invés de parar para ver realmente que tipo de vida se está vivendo. Para saber algo de fato é necessário experienciar. Eu não o estava fazendo. Outra coisa fácil é colocar-se como a eterna vítima da situação, tipo "o mundo está contra mim (com direito a:), por isso vou odiá-lo" e assim permanecer, acusando o universo pelas fraquezas que no fundo são só suas, exclusivamente desenvolvidas em você, muitas vezes por você, e que, por colocar-se num Olimpo pintado de Hades, está sendo o injustiçado da galáxia. E é aí que a tão malfadada Vida vem e te dá uma rasteira e te mostra o quanto você é tolo por apontar cinco obtusos sem atentar que há cem vezes deles em um só paspalho que se acha o Copérnico.
Acordar é necessário. O que tenho de fazer neste momento ímpar de constatação é resignar-me à verdade de que NÃO SOU MELHOR que ninguém, tampouco SOU O PIOR, apenas sou assim, desse meu modo, e, tendo isto em vista, minha obrigação é - antes de tudo - olhar o que estou fazendo comigo e com minha vida para depois dar conta de cuidar de coisas alheias, sem machucar ninguém. Nesta estrada há que optar por um trajeto em alguns momentos, pois é ele que encaminhará o andante a uma rota onde o Sol pode aparecer ou um horizonte nublado pode reinar. Estou indo em busca do Sol, mas, assim como qualquer viajante, passo por momentos gris durante o percurso; tenho em mente que eles existem e existirão, mas é dever meu, enquanto ciente e respeitador da minha esseidade, olhar pra cima e me questionar se é por aquele caminho que deverá percorrer minha vida, minhas idéias, enfim.
Não sou o mais iluminado dos seres, mas é claro pra mim que cada passo dado me encaminha a um centímetro que, por mais difícil que pareça, se unirá a outro, e a mais outro, que farão com que eu me motive a não retroceder, a nunca me voltar, uma vez que decidi iniciar a jornada que saiu do nada e irá chegar a lugar nenhum...

domingo, 30 de março de 2008

22 = 8

Tarde cinza. Não chove, não faz sol, não faz nada. Tudo está tão parado como na exata ocasião duma espera ou duma chegada. Um momento típico daqueles quando se está parado na ânsia de aquela pessoa chegar depois de muita expectativa e então você se percebe parte de um instante congelado, no qual o tempo não passa, não chove, não venta, não acontece absolutamente nada. Apenas você e sua vontade. Até aqui, nesta espécie de bolha, não se corre risco nem se sabe mais o que venham a ser problemas porque conceitos estão fora de onde você está, porém tudo muda quando quem se espera irrompe no espaço, e você, no fundo, depois do pocar do glóbulo de vácuo, não sabe de mais nada do que está por vir, é a partir daí que começa tudo e novamente não se nota outras coisas além do seu medo da sensação de impotência que se está sentindo, pois é desconhecido o que é você quando o envólucro se rompe. Pois hoje ela surgiu, eu não a conheço, mas já se apresentou necessária porque sabe e me faz saber que sem sua presença não haveria mais vida, apenas um momento de estância, um conjunto de lembranças, que num futuro estarão apenas presas a imagens, traços de algo que um dia foi. Mas assim como trouxe o susto, trouxe também a noção de inesperado e, desde então, eu sinto que não tenho mais medo porque – depois duma seqüência de outras visitas (que se revezavam de ano em ano) – vejo que hoje, a sua chegada, vem no intuito de me deixar mais forte pra enfrentar o que tenho de encarar, pra, inclusive, me mostrar que mais uma vez eu recomeço a viver, a crescer, a ser outro, pra dessa maneira me conscientizar que há tempos e dias atrás eu, que me exigia tanto e que vivia numa linda e aparentemente perfeita terra de menino curioso e descobridor, já tenho de perceber que chegou o hoje e que ela o trouxe junto com algo mais nas mãos. Seu regalo me deixou instigado e de forma ainda pueril quis saber o que havia ali dentro. A meu pedido ela não se fez de rogada e sutilmente me estendeu seus longos braços para que eu pudesse saciar minha curiosidade. Vi então que embaixo de bolinhas coloridas, figuras de cores mil parecidas com florezinhas, palhacinhos, havia um pedaço de espelho e ao fixar meus olhos nele um mundo explodiu diante de mim e pronto eu estava numa viagem de coisas e sentimentos e ações que pululavam em grupo diante de meus sentidos...

Reflexo. Olhos. Marcas. Susto. Medo. Dúvida. Menino. Mudança. Pavor. Sozinho. Lágrimas. Olhos. Procurar. Amigos. Procura. Iguais. Encontra. Espelho. Vazio. Um. Indefinido. Pergunta.

Quem? Respostas. Onde? Nowhere... Eu. Dúvida. Quem? Duvidar. Por quê? Sabe sim. Sabe não. Sabe nada. Ceticismo. Eu. Outra vez. Só. Não. Luta. Força... Cair. Levantar. Vai!

Entende. Foge. Volta. Caminha. Trabalha. Ganha. Enxerga. Desgosta. Sai. Pensar. Questões. Pra quê? Perder. Se... Zero. Condições. Eu. Perdido. História. Recomeçar. Amiúde... Reticências...

Garota. Cintura. Cabelo. Leãozinho. Tropical. Ousadia. Sexo... Amor. Onde? Somewhere. Acaba. Procura. Encontra. Dor. Cabeça. Tronco. Membros. Plástica. Literatura. Lingüística. Filosofia. Lógica.

Futuro. Abertura. Expressões. Mil e uma. De novo. Vai conseguir. Cansaço. Fôlego. Ouvir. Vento. Gal. Fatal. Desbunde. Novo. Elis. Feliz. Trem. Azul. Viagem. Encontro. Solidão. Silêncio.

Milton. Travessia. Eu. Busco. Dormir... Acordo. Sol. Rosto. Música. Baby. Preciso. Precisar. Quê? Quem? Onde? Justificativas. Beleza. Preciso. Comer. Mito. Deglutir. Caetano.

Regurgitar. Abaporu. Enorme. Casa. Família. Construção. Refazendo. Tudo. Amar. Incógnitas. Multiplicador. Mente. Entorpecido. Verdade. Confuso. Hoje. Dois. Vezes. Seleção. Futebol. Indiferença. Grupo.

Chico. Unicidade. Science. Rompante. Raul. Errante. Gil. Afro-brasilidade. Raiz. Gersiney. Viajante. Em. A. Estrada. Pablo. Eu. Ajuda. Santos. Luz. Caminho. Vida... Já!


(Olhe pra cima, deite e rume ao infinito...)

domingo, 16 de março de 2008

Grito

Hoje mais uma vez entrei no Trem. Apaguei as luzes e comecei a sentir mais. Por que somos assim? Não entendo. Não mesmo. Tem algum tempo que não escrevo, na verdade, amanhã fará um mês exato. Só escrevo e faço as coisas quando tenho vontade. Agora tem sido assim. Venho observando muitas coisas e me entristecendo bastante com as pessoas, pois vejo que cada punhado de dia, de tempo qualquer que passa elas vão se modificando. Não quero dizer que sou contra mudanças, mas sim que é direito meu o de reclamar quando qualquer coisa me afeta, e isso tem me afetado deveras. Por mim, o mundo inteiro poderia mudar, menos aqueles que cruzaram meu caminho e me marcaram de alguma forma. Durante esses últimos dias venho lendo sobre alguns temas ligados à Filosofia e tem um pensador grego, o caro Heráclito, que dizia das coisas serem uma eterna tensão contrária necessária para a harmonia do todo, vejo que é bem provável a veracidade disso e eu é que talvez ainda não queira perceber de fato. (In)felizmente tudo muda, tudo tem de tomar novos formatos, rótulos ou desaparecerá, não é a lógica? Não é a razão? Não são essas as palavras de ordem atuais? Não quero concordar, mas enfrentar Rodas Vivas e manter-se intacto é muito difícil. É como andar na beira de uma praia, ver um mar que você não quer entrar, mas que te puxa, às vezes lentamente, às vezes rápido, mas que te assusta porque, de repente, você já não se vê onde estava. Creio que o real problema é dar-se conta disso durante o processo, é o que atemoriza de verdade. Vejo muitos, converso com poucos e me sinto cada vez mais estranho, um traço de como se sentia Harry Haller, o lobo da estepe, diante do mundo. Eu não quero mudar certas coisas, mas um sentimento sufocador de dúvida se contorce em mim, e por mais que tente ignorá-lo simplesmente não dá.
Duas coisas me motivam a escrever hoje. A primeira tem a ver com o início do texto, mas que também está ligada à segunda. Ambas me deixam na incógnita de não saber para onde vou. Quando falo "gosto de você", "te admiro" ou "te amo" é verdade, e nestes momentos estou mais junto da idéia de que algumas coisas que realmente são verdadeiras e merecem atenção são unas, não se modificam, pois se o fizessem deixariam de ser. Mas quem vejo parece nem pensar no que seja "ser", uma vez que participam do conceito mundial que diz que o que vale é a casca, a quantidade, o monte... e assim vamos todos nos perdendo. E os amigos parecem ser amigos apenas quando passam tempos quase obrigatórios com você... Ai, enfim, não quero mais esses papos down perto de mim, pois é muito fácil pagar de triste e choramingar que não é feliz e coisa e tal, contudo o que escrevo aqui é uma espécie de grito de alerta; um que braveja e reverbera dizendo que enquanto eu me der conta, vou ser o que acredito e defender minhas opiniões. Não importa quem não as respeitar, chega de mediocridade, EU CUSPO NA CARA DA MEDIOCRIDADE, escarro nela, eu odeio a mediocridade e tenho pena de quem quer ser medíocre, do cego.
Enfim, não estou triste porque me recuso a olhar a vida por apenas um de seus lados. Eu tenho muitas coisas de que me orgulhar, pra aproveitar, pra viver. Não tenho tempo pra tristeza porque, mesmo que o Homem não valorize, ainda existem o céu, as flores, o vento nos momentos de calor, o riso, a dança, as artes, os livros e tantos mais "etecéteras" através dos quais o amor e a verdade se fazem presentes que seria o maior exemplo de mediocridade insistir no que que querem os espiões - como diria Chris Martin in Spies. Também não tenho horas vazias para dividir com quem quer ser triste, ser mais um e nem se importar com isso; que construam suas ordinárias casas-padrão para que, quando morrerem, outros iguais possam habitá-las até que, de tão velhas e usadas, ruam e destruam quem estiver ao redor. Não quero fazer parte desta vizinhança. Há um Sol iluminando e um caminho inteiro pela frente e para enfrentá-lo é imprescíndível estar bem. Principalmente pra mim. Este é meu grito de hoje.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Naum

Como fazer para não se entregar? Quisera saber escrever palavras e termos bonitos de autores, dos quais nem lembro o nome, para tentar resumir, exprimir ou exibir de maneira convicente o turbilhão de coisas que passam pela minha cabeça, que me fazem querer escrever romances panegíricos em praça pública e que logo em seguida me desmotivam ao perceber que tudo não passou de "mais uma coisa minha". É esquisito começar sozinho e perdido, mas às vezes as cruzes caem nas costas de quem menos as espera, então, já possuidor delas, tem-se de se arrastar o fardo até o ponto em que há a conclusão de que nada adveio do céu, que foi você mesmo que fabricou o que está carregando. Pois é aí que quero chegar: compreender que as coisas só vão permanecer bolinando minhas idéias até quando eu permitir, então não vou mais deixar que um afã quebrante o que acredito, minhas idiossincrasias, minha vida. Não! Fantasmas só devem rodear a casa até a hora em que o livro da história de terror estiver aberto, servindo pra alguma coisa, num determinado momento. Pra ser sincero, já basta de narrativas e descrições aterrorizantes quando há campos virgens cheios de flores prontas para serem colhidas, cheiradas e utilizadas para ornamentar portas e janelas que devem estar sempre - ou a maior parte do tempo - abertas para arejar o ambiente. Para que insistir em jardim alheio se a rosa, que embora dance e se incline pra você, não lhe pertence? As flores são lindas, movem-se conforme o vento, contudo ventos podem trazer brisas, que acalmam, ou vendavais, que destróem, que trazem chuvas doces e perigosas como Zeus fora para Dânae. Enfim, se sorrisos existem são para ser exibidos, se há corpo é para que haja uma alma, mesmo que não seja gêmea, que não seja sopro, mas que viva e faça viver... Contudo, infelizmente não há como ter três partes no desenho perfeito de um coração num caderno dum apaixonado e mesmo que eu escreva dezenas de Poemas 15, de Neruda, por enquanto, não poderei fechar os olhos para esperar o vento te trazer pra mim, pra que eu te possa cheirar debaixo da chuva.

Naum...