domingo, 16 de março de 2008

Grito

Hoje mais uma vez entrei no Trem. Apaguei as luzes e comecei a sentir mais. Por que somos assim? Não entendo. Não mesmo. Tem algum tempo que não escrevo, na verdade, amanhã fará um mês exato. Só escrevo e faço as coisas quando tenho vontade. Agora tem sido assim. Venho observando muitas coisas e me entristecendo bastante com as pessoas, pois vejo que cada punhado de dia, de tempo qualquer que passa elas vão se modificando. Não quero dizer que sou contra mudanças, mas sim que é direito meu o de reclamar quando qualquer coisa me afeta, e isso tem me afetado deveras. Por mim, o mundo inteiro poderia mudar, menos aqueles que cruzaram meu caminho e me marcaram de alguma forma. Durante esses últimos dias venho lendo sobre alguns temas ligados à Filosofia e tem um pensador grego, o caro Heráclito, que dizia das coisas serem uma eterna tensão contrária necessária para a harmonia do todo, vejo que é bem provável a veracidade disso e eu é que talvez ainda não queira perceber de fato. (In)felizmente tudo muda, tudo tem de tomar novos formatos, rótulos ou desaparecerá, não é a lógica? Não é a razão? Não são essas as palavras de ordem atuais? Não quero concordar, mas enfrentar Rodas Vivas e manter-se intacto é muito difícil. É como andar na beira de uma praia, ver um mar que você não quer entrar, mas que te puxa, às vezes lentamente, às vezes rápido, mas que te assusta porque, de repente, você já não se vê onde estava. Creio que o real problema é dar-se conta disso durante o processo, é o que atemoriza de verdade. Vejo muitos, converso com poucos e me sinto cada vez mais estranho, um traço de como se sentia Harry Haller, o lobo da estepe, diante do mundo. Eu não quero mudar certas coisas, mas um sentimento sufocador de dúvida se contorce em mim, e por mais que tente ignorá-lo simplesmente não dá.
Duas coisas me motivam a escrever hoje. A primeira tem a ver com o início do texto, mas que também está ligada à segunda. Ambas me deixam na incógnita de não saber para onde vou. Quando falo "gosto de você", "te admiro" ou "te amo" é verdade, e nestes momentos estou mais junto da idéia de que algumas coisas que realmente são verdadeiras e merecem atenção são unas, não se modificam, pois se o fizessem deixariam de ser. Mas quem vejo parece nem pensar no que seja "ser", uma vez que participam do conceito mundial que diz que o que vale é a casca, a quantidade, o monte... e assim vamos todos nos perdendo. E os amigos parecem ser amigos apenas quando passam tempos quase obrigatórios com você... Ai, enfim, não quero mais esses papos down perto de mim, pois é muito fácil pagar de triste e choramingar que não é feliz e coisa e tal, contudo o que escrevo aqui é uma espécie de grito de alerta; um que braveja e reverbera dizendo que enquanto eu me der conta, vou ser o que acredito e defender minhas opiniões. Não importa quem não as respeitar, chega de mediocridade, EU CUSPO NA CARA DA MEDIOCRIDADE, escarro nela, eu odeio a mediocridade e tenho pena de quem quer ser medíocre, do cego.
Enfim, não estou triste porque me recuso a olhar a vida por apenas um de seus lados. Eu tenho muitas coisas de que me orgulhar, pra aproveitar, pra viver. Não tenho tempo pra tristeza porque, mesmo que o Homem não valorize, ainda existem o céu, as flores, o vento nos momentos de calor, o riso, a dança, as artes, os livros e tantos mais "etecéteras" através dos quais o amor e a verdade se fazem presentes que seria o maior exemplo de mediocridade insistir no que que querem os espiões - como diria Chris Martin in Spies. Também não tenho horas vazias para dividir com quem quer ser triste, ser mais um e nem se importar com isso; que construam suas ordinárias casas-padrão para que, quando morrerem, outros iguais possam habitá-las até que, de tão velhas e usadas, ruam e destruam quem estiver ao redor. Não quero fazer parte desta vizinhança. Há um Sol iluminando e um caminho inteiro pela frente e para enfrentá-lo é imprescíndível estar bem. Principalmente pra mim. Este é meu grito de hoje.

Um comentário:

Grazielles disse...

Fortíssimo Pablito.
Então vamos por partes
Qto às mudanças, realmente é difícil de se adaptar mas acho q com o tempo "natoralmente" a gente aprende e aceita.
Agora... qto a tristeza... veja... li uma reportagem da Época da semana passada que fala q ela faz parte da nossa vida e não é ruim... assim... não que devemos choramingar por tudo mas viver numa felicidade irreal tb não faz bem... enfim... gostei do post-desabafo. Já estava com saudade

xerooooooooooooooooooooooooooooooooo
até maissssssssssssssssssss