domingo, 6 de julho de 2008

Sobre o amor

Dia desses ouvi uma frase que me fez parar pra pensar, que vem mudando minha cabeça: "O seu amor, ame-o e deixe-o ser o que ele é.", então pensei no que seria o amor; o que eu estava considerando ser o amor; como eu estava amando. Mais uma vez percebi que neste caminho eu tenho confundido alguns trajetos, indo por alguns meio enevoados, que estava me fazendo ficar perdido.
De maneira primária, como aquele aluno ainda desorientado no mundo das palavras, nos exercícios passados pela professora - também primária -, num lugar que ainda lhe é estranho, fui buscar no dicionário a significação de "amor" e foi tão vária quanto as músicas que ouço sobre esse tema e que me ajudam a atravessar as pontes semi-arruinadas desta estrada tão tortuosa. Nos versos musicais, bem como nas acepções do dicionário, percebe-se diversas maneiras de amor: o abnegado, o carnal, o transcendental, o fraterno etc. Nas canções, todos são acompanhados pelo sofrer. Na vida também. Assim, percebi que eu, que nunca tinha amado, ou nunca me peguei refém deste tipo de sentimento, era agora passível dele, tão vulnerável quanto um jovem ático flechado pelo Cupido. Talvez já tivesse sentido isso, mas nunca tinha me dado conta. Pois dei fé do amor e vi o quanto estava me comportando de acordo com a fórmula. Sofri muito, mas percebi que ia sofrer ainda mais se continuasse a tipificar e a querer encaixar o alvo do meu apreço nos espaços designados unica e especificamente por mim. Me dei conta que hoje em dia se perde muito por valorizar tanto e atrapalhar conceitos (o que é pior). Um deles é o do amor. Com certeza amar é algo muito mais complexo do que músicas e dicionários podem deter, que é próprio de cada qual, que não importa o sexo, a cor ou religião, pois se resume a uma palavra inenarrável que denota, entre várias coisas, liberdade: o amor é livre, é simbolizado com perspicácia por um ser alado, pois é fato que não podemos guardá-lo nos bolsos ou cerrá-lo nas mãos, pois se o fizermos estaremos roubando-lhe o ar, deixando-o arroxeado, até que morra e se torne algo tão podre e maldito quanto o sentimento de posse é.
Venho observando que a posse é um vírus que pode ficar cristalizado, inerte em qualquer lugar mas que só espera uma brecha para infectar, destruir e corroer o seu hospedeiro. E não há vacina pra ela. Não devemos permitir que ela pegue o amor, senão tudo estará muito pronto destruído. Eu estava deixando o meu amor vulnerável a esse vírus até o momento que o vi enfraquecendo, desfalecendo e resolvi lutar pela sua recuperação.
Amo muito meus amigos, mas não quero mais que eles me amem. Não quero porque não quero que façam nada, apenas que sejam. Quero deixá-los cada vez mais livres porque prendê-los não é o que os fará me amar mais. Não quero forçá-los a me amar. Prometi a mim mesmo que o amor virá antes de tudo, uma vez que é por meio dele que toleramos, aceitamos, tentamos ver sempre o lado positivo das coisas e das pessoas, e eu quero ver e sentir tudo isso, sem exigir que os outros façam exatamente o que eu quero, procurando um ser idêntico a mim, um clone desenvolvido por mim. Sei que tenho de ser paciente, agir com parcimônia, dar às coisas seus momentos mesmo que não seja o que eu queira de início.
Enfim, este é mais um post de "constatação", vamos dizer assim. "O seu amor, ame-o e deixe-o ir aonde quiser, ser o que ele é": se não é igual a você, tente tirar disso algo produtivo pra sua relação, pra sua vida e se estiver com a visão turva pela posse, afaste-se e veja o quanto seria ruim perder o pássaro por apertá-lo demais. Também não se deixe cai da janela por sonhar demais. A vida sem idealizações funciona melhor. Estas coisas são o que digo pra mim mental e diariamente. É também um recado para meus amigos. um pedido de desculpas. Estou mudando. Estou tentando. Estou me abrindo para o amor.