quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Uma rapidinha

Uma das pendências encerrada. Acho. O 'relutante artigo' saiu hoje. Aproveitei que estava me recuperando de ontem à noite para dar andamento a minhas coisas. Foi um dia ótimo: fui para a academia, no início do dia; fiz um almoço super; assisti a Amigas y Rivales e fui terminar uma transcrição. Consegui. Depois, fui assistir a mais um capítulo de A Próxima Vítima, adorei! mandei uns e-mails pelo MNPR e fechei o dia reorganizando o artigo para minha orientadora. Muito bom!

Agora, vou comer um mingauzinho para ir dormir. Amanhã, tem aula com uma professora que adoro e eu sempre me sinto bem assistindo aula na UnB. Ademais, tenho um almoço para ir, uma conversa para ter e um evento para participar. Estou pensando em ir de bicicleta... Hehehehe! Tenho que organizar meus horários de amanhã.

Vou comer meu mingau: deve estar esfriando!

E, claro! Ir dormir.

Fui.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Nuvens passageiras

Olhe eu aqui, tentando manter a energia que trouxe de minha 'fuga estratégica'. A verdade é que, se não fosse por Ellen Oléria cantando para mim 'Nuvem Passageira', estaria emputecido super aqui. Só estou 'emputecido', sem estar 'super'. Já queria ter vindo escrever há algum tempo, mas tenho minhas fofíssimas companhias: um artigo relutante para fechar, um serviço de transcrição para encerrar e dar conta das questões do doutorado. Quero muito seguir o conselho de Ellen: "Por isso agora o que eu quero é dançar na chuva/ Não quero nem saber de me fazer ou me matar /Eu vou deixar um dia a vida e a minha energia/ Sou um castelo de areia na beira do mar".

Isso tudo porque estou cada dia mais disposto a não me assassinar. Conversei com uma amiga sobre coisas da vida e, obviamente, eu me acresci à história. Temas e temas. As minhas constantes questões e as consequentes buscas por respostas. Daquela vez foi a mórbida correria pela perfeição. Eu ouvi e me ouvi: "não existe perfeição". Então, penso que preciso me desapegar dessa noção invertida e esquisita sobre como as coisas têm de ser. É uma coisa. Não sei. Voltei disposto da viagem, mas, confesso, em variados momentos eu me sinto perdido. Acho que estou começando a digerir realidades, como se me desse conta de que o sonho está lentamente seguindo seu caminho natural de névoa. Não sei se isso é ruim de todo, pois a vida tem parecido tão concreta para mim. Estou vendo e sentindo isso. 

Hoje, minha raiva deveu-se a não ter feito as coisas que desejava fazer. Para variar. Aff! São tantas
coisas. Tantas. Por exemplo, estou escrevendo aqui, mas minha cabeça está nelas. Ultimamente minha cabeça não anda no mesmo lugar, mas não quero dar muita atenção para isso. Não quero. Estou barreado porque ontem fui dormir super tarde fechando um artigo e li que terei de refazê-lo praticamente. Além do mais, estou com fome e nem sei o que vou comer; daqui a pouco começa um documentário sobre Basquiat e eu quero ver, um refresco. Depois penso em ir dormir para amanhã correr pacas.

Hahahaha! Acho que este é um dos textos mais insólitos deste blogue. Que se foda! Acho que lerei um texto de disciplina da UnB - na verdade, não farei isso, apesar de desejar muito. E-que-calor!

E começou a chover por aqui. Tava mesmo muito calor. E que a chuva lave toda a secura e seja bem-vinda. Amanhã é dia de seguir Caminho.

sábado, 31 de agosto de 2013

Por aí...

Depois de dormir e acordar em minha casa brasiliense, aos poucos vem voltando a noção de estar ao ponto de inicio, ou de continuação. Em pouco mais de duas semanas fiz uma trajetória do tipo 'detox' que englobou em um curto período de tempo o que eu precisava para saber mais um pouco da Vida.

SÃO PAULO (14 a 19 de agosto) - Outro Lugar do Mundo


'Mão', de Oscar Niemeyer (1980), São Paulo
Eu saí de Brasília, com minha cabeça ainda ecoando o que falei (repetidas vezes) àqueles/as que vinham falar comigo sobre planos presentes e futuros: "estou cansado; preciso descansar"; então, falava a mim mesmo que São Paulo seria, a partir daquele momento, 'Sampa'. Embalado pelo drum 'n' bass de Fernanda Porto, fui saboreando desde a saída do aeroporto de Guarulhos o diferente cinza paulistano. Observei, de dentro de um ônibus, uma cidade rápida, pessoas várias, vezes espremidas, vezes soltas em um dia que parecia ter sido enviado para minha chegada. Engraçado, daquela vez, resolvi fazer tudo diferente, ou seja, nada de táxis e afetações imbecis: fiz tudo saboreando a realidade que é de todos/as aqueles/as que encaram a 'vida real'. Ouvi Emicida e Criolo falando de uma cidade que, apesar de não ter visto propriamente, mostrava-se em expressões e roupas e jeitos. Incrível! Vi arte, andei tanto de metrô, senti-me
A visita da Alegria, ago/13
parte daquele espaço tão complexo e tão amplo, que apresentava uma pluralidade tão única. Sampa foi pra mim sinônimo de cultura, lugar onde eu pude estar um pouco mais preocupado em entender o que me dizia uma figura rebelde de Tomie Othake e o que eu poderia reconhecer como sendo eu, como um Brasil em andares e paredes da Pinacoteca. Até que veio um presente em forma de amiga. Ela, que, além de me mostrar uma banda mais bonita da cidade, foi ela mesma a portadora da coisa mais bela de Sampa. Foi a segunda fase do período áureo da fuga estratégica planejada. Nós sorrimos tanto, abraçamo-nos tanto; falamos de coisas e sobre coisas cujas possibilidades de realização mostram-se aparentemente bloqueadas diante da correria da sobrevivência dentro de centros cinzas e concretos como onde vivemos. A despeito das artes e da tecnologia, que me fascinam, andar de braços dados com alguém tão sedenta de raridades quanto eu foi a melhor coisa de Sampa para mim. Nós ficamos algo triste nos instantes finais, mas esperançosos de que os ventos de beleza nos mostrem a direção para novos reencontros. Ela me trouxe a inspiração de volta. Mais informações (hehehe!): aqui.

CAMPINAS (19 a 23 de agosto) - Um Dia muito Cedo


Depois do onírico de minha fuga estratégica, fui rumo ao purgatório. Viajei a Campinas para encerrar algo que não tinha nome, um assunto virtual que eu precisava entender. Lá, ele me recebeu. Desde Sampa vinha ouvindo 'Too Much', das Spice, e pensando no trecho "I need a man, not a boy who thinks he can"... eu parecia esperar ansiosamente por esse trecho porque traduzia o que sentia. Nossa história. Quando nós nos conhecemos, foi algo lindo. Foi 'Tiergarten'. Algo que parecia ter começado como mais um encontro casual de viagem e que terminaria na própria viagem. Ledo engano. Sutilmente, foram os gostos parecidos, similitudes outras diversas e, subitamente, pegamo-nos prometendo um ao outro algo que nem nós mesmos sabíamos o que era: apenas não queríamos perder o que parecia tão delicado, talvez plasmar em um projeto a ser resolvido aquele encontro raro de se dar. Dentre esses últimos um ano e seis meses, após telefonemas, mensagens, nós nos encontramos duas vezes. A primeira vez que nos vimos após nosso encontro de almas, ainda em abril do ano passado, foi um momento também diferenciado: fomos a um lugar lindo e com gente amiga. Naquela fase, estávamos aproveitando de modo mais tranquilo a companhia um do outro, aquela coisa de ir ao supermercado juntos, comprar as coisas que seriam necessárias para, tipo, uma temporada no paraíso. Enfim, não me lembro exatamente do modo como estava me sentindo, na época, em relação àquilo tudo porque era a primeira vez que uma coisa daquelas acontecia em minha vida. Eu só me recordo que estávamos refugiados, apartados do mundo e de nossos medos e questões externas: fomos só cuidados e mimos e beijos e abraços e tudo mais que duas pessoas que se 'acham' neste mundo podem ser... e fazer. Mas não tardaram a vir as Eternas Ondas para nos levar de volta à vida cotidiana. Para ele, não sei, parecia uma situação de provável contorno, como se nossa separação física  fosse ser resolvida nas próximas 'férias com direito a um amor para chamar de seu' - as quais poderiam se repetir dali a alguns meses. Não bastavam para isso ligações noturnas e mensagens. Para mim, aquele cenário não estava agradável, pois não encarei - e não encaro - minhas relações como períodos de recompensa por uma vida monótona; sendo assim, aquilo já me incomodava porque não havia algo concreto, uma relação de verdade. Era uma brincadeira. A distância, então, passou a pesar de verdade porque me via falando vasos chineses por mensagens e as chamadas eram de uma monotonia esquisitíssima: "e aí, como foi o trampo hoje?"; "o que você fez hoje?"... e as respostas: "Normal". Passamos a falar de quaisquer coisas que pudessem sustentar meia hora de papo: tevê, problemas de casa, cotidiano. E eu sempre falando mais, esforçando-me mais para estabelecer fios narrativos... Ele me falava de saudades, e eu já não sentia saudades; ele dizia que queria me ver, e eu já nem queria tanto. Para mim, nós dois éramos uma lembrança bonita, mas que se resumiu e concentrou na perspectiva da possibilidade. Eu havia me dado conta disso. Chegou, enfim, o tempo em que combinamos novo encontro. Foi justamente na fase confusa por que vinha passando. Eu fui. Após Sampa, eu me sentia um pouco mais revigorado, pronto para seguir, mas então com coisas novas e diferentes. Uma vez junto dele, tentei entender o que acontecia, se havia a possibilidade outra da concretude de uma relação, que aparentemente ele queria. Além disso, o sexo passou também a não ser tão bom quanto antes, talvez, porque algo em mim tivesse mudado. E passei quatro dias pensando sobre aquela nossa vida, sobre como avançar sem causar danos, como talvez tentar salvar nossa vida. Não deu. Abafado pelas obrigações do trabalho, ele chegava no fim da tarde, saía cedíssimo e eu ficava um dia inteiro dentro da casa dele, vendo coisas no Netflix, remoendo memórias, cogitando estratégias, sozinho, como eu não queria estar. Com ele eu me sentia ora completo, ora vazio: eu sentia que a conversa não se afinava. Definitivamente, para mim, não era mais a mesma coisa. Veio o dia em que, por faltas de ambos, rompemos de vez. Sem verbalizações.  Típico. Mais uma vez, estávamos sublimando-nos a nós mesmos, plasmando nossa história em uma virtualidade que já me incomodava havia algum tempo. Foi um dia depois de seu aniversário e me doeu muito ter dissipado aquela névoa de uma forma inerente a ela: triste e calada. Encerrava-se em uma manhã fria um tempo de beleza e raridade com alguém verdadeiramente bom, mas incompatível com a atual fase de minha vida (e com as perspectivas que Sampa me soprara havia pouco). Não havia mais espaço para o que tínhamos em minha vida. Eu escrevo com certo pesar, mas não consegui chorar. Preferi seguir. 

SALVADOR (24 a 29 de agosto) - Gostar de Alguém


Elevador Lacerda, Salvador
Na última parada da minha fuga estratégica, fui para a calorosa Salvador. Durante o voo de uma cidade para outra, não saíam de minha cabeça as palavras ouvidas e as lágrimas vistas. Eu, no entanto, daquela vez, não me culpei totalmente por aquilo, por tudo o que escutei. Ouvindo 'Day to Soon', da Sia, via da janela do avião o nada que transforma em linhas e contornos aéreos cidades inteiras e como podem ser tão frágeis as relações também. Lá de cima, pensei muito nele, mas decidi que tudo aquilo estava sendo feito por mim porque eu precisava respirar, sair de uma submersão gris. No dia seguinte, eu me encontraria com um amigo e uma nova etapa começaria. Campinas passava a pertencer a um passado. Era a hora de sentir e de voltar à Terra. À noite eu cheguei à capital baiana. Decidi seguir a conduta adotada em Sampa: busão total e gastos mínimos. Peguei minhas três bagagens e embarquei olhando atentamente aquela confusão de casas empilhadas e de prédios imponentes que caracterizam um dos lugares onde mais gosto de estar. Desci no lugar certo e fui andando até o Laranjeiras Hostel, no Pelourinho.Começava ali mais um momento incrível dessa temporada... Nem sei como contar... nem sei como contar...Enfim... Meu amigo chegou lá, tivemos um momento muito legal, pois ele 'me forçou' a sair, conhecer lugares que, se não fosse por ele, não iria.
Irmãos - Pelourinho, ago/13
Mas o que Salvador me trouxe mesmo foi um amor de verão e a descoberta de que tenho um amigo-irmão. Rimando como uma boa canção. Estou rendido às memórias daquela pele cor de noite, daquele sorriso... Ah! Mudando de assunto... Hehehehe! Salvador, a cidade e suas pessoas, o movimento, o calor de lá coroaram uma trajetória que serviu para ver Brasília como um lugar de passagem, no qual, provavelmente, terei de focar cada vez mais nas coisas que quero para avançar e seguir. Salvador reavivou em mim o sentido da graça, de coisas raras,  como o falar por falar, sem que haja interesse ou uma personagem arbitrariamente vestida para impressionar. Lá, sem querer, eu voltei a sentir amor, graça, desejo, ou seja, voltei a me sentir humano, com sangue nas veias. Um detalhe: quando saía andando pelas ruas, não tanto pelo Centro Histórico, via que foi dali que eu vim, aquele clima 'insuportável de quente' era minha origem: meu Nordeste gritava outra vez. Eu andei. Eu vivi. Eu senti. E já essas coisas são difíceis neste momento, para mim, de descrever.

Agora, dois dias depois de haver chegado, estou aqui pensando em como retirar e aplicar ensinamentos para a nova temporada. Preciso pensar com cuidado, pois vivi coisas muito boas para minha proposta de evolução. Acredito que estou entrando em uma fase de encerramento de ciclo. Sinto como se esta fosse a primeira etapa do fim arrumando o início de outro momento. Talvez seja agora a hora de colocar em prática os planos subsequentes imaginados e desejados lá em Aracaju. Whatever... De qualquer forma, é bom voltar a me sentir na Estrada.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Mortificar: 1ª pessoa do singular

Segunda-feira. Caminhando para o segundo semestre de 2013. Para hoje, eu tenho um sem-número de coisas para fazer. Eu viajo na quarta-feira para Sampa. É uma daquelas minhas loucuras, mas, claro, planejadas. Enfim, isso importa pouco neste momento; o que me faz escrever é um sentimento esquisitíssimo de desordem interna. Eu me sinto como se tivesse sentado em um monte de coisas por fazer e sem dar conta de executar um passo bem. Não sei, ando dizendo a todos que estou cansado, cansado... cansado demais. Ando cansado de tanto cansaço.



Hoje acordei e fui lavar a pilha de pratos habitué de minha casa. Por sinal, minha casa é um capítulo à parte. Eu me sinto em um misto de prazer e dor dentro dela. Eu devo isso ao início. Logo quando cheguei aqui, umas coisas estranhas aconteceram: a torneira do banheiro quebrada (por mim) e água para todos os lados; uma conta abusiva de água; pingueiras assustadoras; até a perda da chave... (até tive uma bicicleta roubada) enfim, coisas que me fazem não relaxar nunca: sempre acho que algo vai acontecer. Eu me digo às vezes que não devo reagir de forma tão grave porque, no frigir dos ovos, são coisas corriqueiras; porém, em outros momentos, sou invadido por uma sensação terrível de desamparo que se converte em lágrimas. E ninguém sabe disso. Enfim, acredito que isso é a vida também - refiro-me às preocupações cotidianas e aos acidentes diários. Só sei que minha incapacidade de concluir as pendências têm servido como uma desculpa formidável para me sentir mal, 'o só', 'o incompreendido', ou seja, aquele Pablo que conheço super bem e de quem não gosto muito. Mas é a síndrome. Não estou culpando a humanidade pelas consequências de minha vida.

Além das aventuras de ter uma vida para tocar, eu tenho passado pelo campo lúgubre da solidão. Minha companhia mais assídua (que coisa deprimente, meo deos!) tem sido a televisão. Também, em alguma medida, é uma escolha. As pessoas me chamam, eu saio com elas, mas tudo me entedia porque não quero ter de passar muito tempo fingindo não me importar com as coisas que não concordo - e que são absurdamente praxe social. Minha própria acompanhante me enfada: não tenho mais paciência para telenovelas; a maioria dos programas é um insulto à inteligência e os telejornais parecem executar o movimento de batedeira, ou seja, circulares em movimentos elípticos, misturando tudo em massa e voltando a rodar. Estou enjoado. Eu preciso de férias, mas não sei se conseguirei ter o tempo de que preciso. O tempo também acaba comigo. Agora, por exemplo, estou calculando ficar escrevendo aqui no blogue até determinada hora para que eu tome banho, coma alguma coisa e saia para pagar as contas (cujo pagamento, ainda segundo minha cabeça, deveria já ter sido feito na parte inicial do dia!). Eu noto: infelizmente, não se trata de encontrar uma saída para o desconforto que sinto, mas de aprender com tudo o que está acontecendo a contornar o que já aponta para uma quase paranoia. Isso é preocupante. Isso é profundamente chato. É uma merda 'ter de aprender' o que não se quer.

A questão é que, para mim, estou claramente em um período crítico. Não sei, mas me vejo querendo superar essas coisas, entretanto, se analiso friamente, observo que talvez eu precise aguentar um pouco mais, reconhecer minhas fraquezas e mais coisas outras vindouras. Estar aqui, no blogue, já é um primeiro passo. O fato é que não tenho vontade de fazer nada nesse contexto, e isso me mata. Quando entro em casa, só quero ver televisão, comer, dormir e, se possível, não levantar. Tenho muito, muito medo dessas coisas, pois vem junto um zilhão de outras. A saudade de minha mãe é uma delas. Aquele desejo de estar do lado dela quando me liga perguntando amenidades - tais como colocar um acento nas mensagens escritas no Facebook para minha irmã - é doce e venenoso. Minha melhor amiga me dizendo que queria me ter por perto porque está passando por uns perrengues e que tem se sentido meio sozinha é nada mais do que mortificante. São as saudades de Aracaju, um local deturpado em beleza pela solidão vivida na fase brasiliense de minha vida.

Não sei se necessariamente trata-se de início de depressão, pois minha vida em Brasília tem sido, em si, 'pressurizada'. Quando dou por mim, estou me vendo cobrado, em diferentes modos, níveis e escalas. Sinto uma pressão para 'ter e ser isso', 'ter de fazer aquilo', 'ter o tempo, tempo, tempo, tempo, tempo, tempo, tempo para tal atividade'... é também o dinheiro que nunca sobra, como antes, e meu medo de passar por apertos. Isso me faz não querer sair de minha casa, mas pouco adianta, pois a televisão, minha tal companheira, projeta a realidade que me machuca, contudo de maneira atrativamente fria e angular, na mais alta definição. Penso na companhia dos livros, e vejo-me sem tocá-los. É, sem dúvida, o sinal de alerta. 

Ir a São Paulo talvez me dê uma possibilidade de correr daqui... uma fuga. Eu assumo.

sábado, 3 de agosto de 2013

Eternas ondas

Terceiro dia de agosto. É com lágrimas que começo escrevendo esta postagem de hoje. Elas talvez sejam a razão maior para o texto. Hoje é um sábado. Como de costume (nos fins de semana), acordei tarde, tipo, faltando pouco para o meio-dia. Mandei umas mensagens para minha melhor amiga e para outras pessoas. Acho que foi uma forma de já preencher o dia, que, para mim, acabara de começar. Como ninguém me respondeu prontamente, fui ligar a tevê e, zapeando, encontrei Sia cantando. Eu não sei muito dessa cantora, a não ser por causa de 'Six Feet Under': 


Essa música, 'Breathe me", marcou-me durante muito tempo, bem antes de eu vir a Brasília. Lá em Aracaju, em minhas constantes e saudosas madrugadas, eu assisti ao final da série - traduzida pelo SBT como 'A Sete Palmos' - e fiquei com a canção na cabeça. Vindo para cá, assisti a todas as temporadas de SFU, e 'Breathe me' assumiu contornos mais pessoais. Enfim, tudo isso para dizer que, a despeito de me esquecer algumas vezes, o Tempo passa... e volta. Eu me lembrei do quanto andei até aqui e neste momento de cansaço (e de quase esgotamento) preciso resistir, não devo me entregar.

Muitas coisas aconteceram e tive que lidar com várias outras. Este blogue mesmo é um exemplo da avalanche: desde maio, não consigo escrever nada aqui! Assim tem sido meus dias. Não é uma reclamação: ando percebendo de modo claríssimo que fiz uma escolha e que tenho de aceitar seus resultados - os pontos bons e o não tão bons. Há quase quatro anos, eu vinha para cá, em um misto de fuga e de esperança. Fugia de um mundo, para mim, paspalho, com gente se formando para a paspalhice; eu não queria aquilo para mim e tinha a esperança de saber de um mundo novo - confesso, uma coisa meio Ariel cantando 'Part of your world' (hehehe!)... Respirei fundo e embarquei. 

Naquele tempo - posso falar assim porque, depois de cinco anos (ou próximo a esse tempo), as coisas passam a pertencer a caixas de lembranças -, eu pensava que deveria conhecer 'o mundo', sair de minha caixinha, enfim, brilhar, brilhar, brilhar! Havendo feito isso, ter pessoas me dizendo o quanto eu fui 'corajoso' foi uma espécie de lustre em minha armadura de cavaleiro andante e destemido; aquilo, entretanto, não era, ou melhor, não parecia suficiente (pois logo percebi que de qualquer maneira eu não conseguiria ter ficado ali, e, por consequência, vi que ser inconformado é algo de minha natureza). Eu percebi que todos são capazes de fazer o que eu fiz, desde que haja possibilidades internas e externas: vontade, apoio e dinheiro, os elementos para qualquer expedição imprevisível. Assim são as cruzadas. Mas, dentro de mim, sei que me dar conta de que não temi o imprevisível foi sim o maior prêmio.

Enfim, hoje, estou em Brasília e vivendo 'meu próprio sonho'. Muito do que quis tenho. É bom isso, mas, por vezes, minha natureza grita em mim. Sinto como se estranhamente estivesse assentando, e não é tempo ainda. Provavelmente isso esteja sendo potencializado pelo cansaço: encerrei um processo de mestrado com a escrita meio alucinada de uma dissertação ao mesmo tempo em que participava de um processo de seleção de doutorado; enfrentei, ainda nesse tempo, uma situação de vampirismo social tensa, além de me desgastar procurando por um lugar para viver neste inferno paradisíaco chamado Brasília (onde viver bem implica ter dinheiro). Pode parecer reclame de quem nunca se esforçou para ter as coisas, mas, ainda assim, foi tudo ao mesmo tempo, comigo sozinho. 

Colina (2012-2013)
Abro parênteses para explicar o 'sozinho'. Contei com o apoio de gente nos sentidos financeiro e logístico, mas meus traumas e medos pouco dividia com elas. Esquisito, eu sentia que, apesar de me ajudar, não entendiam propriamente o que se passava comigo; pelo menos, nos comentários que elas faziam eu não sentia o conforto que se sente quando há a empatia com o outro. Quiçá não fosse de todo culpa das pessoas, visto que fiz uma opção por depender o mínimo delas - com a ideia de que 'People just ain't no good'. A cada dia mais observo, infelizmente, que a lei do mínimo esforço é praxe na maior parte das relações sociais. Tudo isso me fazia querer ser forte e o esforço dorido repercutia em meu jeito de expressar minhas confusões. Acredito que seja essa a justificativa de ter me sentido sozinho.

A questão é que as coisas, agora, parecem estar se acalmando e eu - como quem é ferido a bala e corre para não ser alvejado novamente - estou sentindo o efeito retardado no exato momento de redução da velocidade. 

Volto a este blogue para transferir o peso dessa desaceleração. Há coisas que preciso proceder. Sinto este espaço como uma fonte de força para tanto. Eu estou disposto a resgatar o Pablo que há quase quatro anos saiu para brilhar. Venho conhecendo pessoas de quem gosto e outras tantas que me cansam bastante. Na verdade, acho que, a cada dia, ando mais picky e isso às vezes me deixa preocupado em relação à nova etapa de vida que está para se abrir. Apesar disso, constato que esse sou eu e que, em lugar de me esforçar para mudar mais, é possível que valha a pena aceitar essas características mais exigentes e um pouco 'chatinhas'. O que quero dizer é: na próxima temporada de minha vida, pretendo ser cada vez mais do jeito que sou e praticar, infelizmente, a lei do mínimo esforço com quem eu percebo que é assim. É que não quero perder meu tempo com quem não precisa de mim, com aquelas pessoas impositiva e insuportavelmente autossuficientes ou com aquelas que são as donas da verdade, pois não quero acentuar essas particularidades em mim - uma vez que também são parte de meu caráter. Vejo que é tempo de avançar efetivamente.

Enfim, fico feliz por ter conseguido terminar este texto. é importante e bastante simbólico para mim isso. Minha casa me espera para o início de uma faxina, coitada. Essa casa, contudo, é papo para outro momento. Tem muito para ser escrito; tem bastante para ser superado. Estou nessa rota. Estou voltando, babies!

Minha nova casa

Ah! Eu tenho uma casa: eu sou um verdadeiro desperate househusband!!! Hahahaha!

#partiu

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Passado

Cheguei quase agora da universidade. Tive uma aula com o Prof. José Geraldo de Souza Junior, para mim, mais conhecido como o ex-reitor da UnB. Lembro-me dele lá dos tempos de Aracaju, quando assistia aos documentários da TV Câmara, mais especificamente, um sobre as cotas. Eu, desse modo, tinha dele boas lembranças. Eu,hoje, achei-o bastante erudito, citou uma porção de autores, os quais anotei para pesquisar e saber mais posteriormente. Foi uma aula que, em seu início, prometia muito: definitivamente, aquele homem tem uma bagagem vasta e interessantíssima; no entanto, passou a ficar chata, pois ele - e algumas pessoas da turma - embarcaram em uma viagem aos tempos da ditadura e aos prejuízos trazidos por ela. Obviamente, tudo estava dentro de um contexto: a disciplina girará por esse tema, tendo em vista a consolidação das propostas aprovadas na recém-criada Comissão da Verdade. Eu sei - por ter estudado - que a ditadura foi um episódio terrível na história do país; que famílias perderam entes queridos e que muita coisa precisa ser esclarecida dentro dessa nebulosa, mas não consigo me identificar muito com o tema. Acredito que isso aconteça porque não aconteceu comigo. Na boa, acho até que minha família é daquela que pouco se lixava para os casos de violência e censura; e digo mais, que até acreditava na detratação dos que acreditavam na revolução. O fato é que eu não cresci em um lar politizado. Fui adquirindo isso na vivência da graduação, ou seja, há menos de dez anos. A questão é que pensei que a disciplina fosse se tratar de conceitos mais basais, mas o próprio professor explicou que o interesse era um atuação menos contemplativa em nossos encontros (o que estava na primeira parte da aula, a qual achei o máximo) e mais efetiva na sociedade. O que me desanimou um pouco teve a ver com o que veio em seguida. Na fala do ex-reitor, entre momentos de reminiscências ligadas à Constituinte, ficou claro que a transferência para a práxis se daria voltada a um objetivo específico: a atuação estudantil dentro da configuração da Comissão da Verdade. Algo profundamente válido, mas também bem específico. Assim, pelo que entendi, focaremos na história da UnB, nas bases de sua construção, nos obstáculos ideológicos por que passou nos tempos ditatoriais até encontrar um caminho para a contribuição na Comissão. Eu, provavelmente, terei de pescar o que será de mais interesse para meu trabalho. 

Eu estou ouvindo Let Go. Eu ganhei esse álbum de presente de minha mãe,em 2002. Isso sim, há mais de dez anos. É que comecei o dia lembrando de Mobile, sobre essas coisas de mudar. Percebo que ainda tenho esses momentos de minhas próprias lembranças. Acredito que agora que voltei a ficar sozinho, em momentos de me sentar no quarto para escrever, eles voltarão. Não acho ruim,pois foram desses momentos que brotou um Pablo do qual me orgulho; um que chegou até aqui, mas penso que o tempo passa; ele está passando e, às vezes, nem sei  mais se já não estou me acostumando com a solidão. Meu único medo é o de ser aquele 'estranho', o que mora sozinho,, o que vive sozinho, o que é estranhamente diferente. Ainda é uma ideia infantil. Eu acho que nunca deixarei de ser infantil,mas todas essas coisas me ajudam a saber quem sou eu. Algumas vezes, eu me vejo projetado no futuro - como fiz há pouco - e penso sobre os movimentos da Vida. São momentos que não tinha havia algum tempo mesmo.

Por hoje, é isso.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Steps

E a tarde foi ótima. Estiveram no dia de minha defesa pessoas que me queriam e muito queridas por mim. Sou mestre. 



Eu poderia escrever uma postagem inteira sobre como foi aquele momento. Talvez não. Naquele mometo da defesa, eu estava no automático. Como é costume em mim, as coisas foram aos poucos se sedimentando. Ainda não estou me sentindo 'mestre'. Talvez isso tenha acontecido porque foi tudo tão rápido, no fima das contas. Eu, naquela altura estava aflito com outras coisas especificamente relacionadas a minha 'nova vida'. Eu pensava, feliz, ter cumprido uma etapa e pronto para outra. EU PASSEI NO DOUTORADO. Soube disso ainda no processo de finalização da dissertação. Foi tudo muito corrido. Acabei o projeto, participei da seleção, fui avançando e CONSEGUI.


A etapa seguinte era para onde ir. Acredito que fiquei meio suspenso porque só consigo estar bem quando estou mesmo bem. Apesar de acabar uma etapa, faltava algo para seguir com o ciclo: aonde ir. A Colina nunca sairá de minhas lembranças, pois foi um laboratório, um mundo que não conhecia, que desejava desde muito tempo conhecer, mas ela passara: eu tinha que avançar. 

Esta foi uma das questões mencionadas há quase dois meses, data de minha última postagem. Desde então, vim correndo e me vendo tão 'cansado'. A palavra de ordem era 'cansado'... e de tanta coisa. A casa, enfim, consegui alugar e hoje estou escrevendo nela; mais exatamente, no meu quarto. Amanhã, retorno às aulas e sinto como se efetivamente uma nova etapa do ciclo se iniciasse. Hoje, inauguro, orgulhoso, o marcador 'doutorado'. Super!

Vez ou outra esboço sorrisos, dou piruetas: estou experimentando uma felicidade.

Mais isso é história mais para frente. Vou assistir 'A usurpadora'.

:)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Overreacting?

Hoje é a minha defesa de mestrado. Chegou o dia. Eu acordei cedo hoje, quando pensei que fosse passar boa parte da manhã na cama - para o tempo passar mais rápido. Eu não sei se estou me sentindo ansioso pela apresentação em si; na verdade, eu acredito que é o conjunto das coisas. Estou esperando a resposta da imobiliária sobre uma casinha que estou para alugar, cujo preço mensal foi o mais em conta levando em consideração a localização. Como as coisas nunca parecem ser tranquilas, tem um pormenor que não está me fazendo ter paz. Talvez nem tenha fundamento o meu medo, mas ultimamente não ando normal e isso está me fazendo perder o controle. Não me deixa bem a ideia de não ter lugar para ir - ou ter de incomodar as pessoas e me sentir incomodado por ser um 'corpo estranho' na rotina de meus/minhas amigos/as. Eu me sinto assim. Péssimo.



Poderia ficar falando mais sobre isso, sobre a questão da minha ansiedade e de seus porquês, mas hoje o dia é o da defesa. Hoje, finalmente, será encerrado o ciclo do mestrado, que começou tão bonito,que foi sofrido, mas que encontrou seu caminho. Queria estar mais tranquilo para escrever coisas bonitas, mas elas andam tão distantes de mim. Ainda assim, espero ter a oportunidade de escrever sobre elas, exorcizar esses pequenos demônios que não têm me deixado em paz.

Minha mãe está na casa da mãe de uma grande amiga e eu fico contente por isso, pois não estou nos melhores dias para ser companhia de ninguém. Ainda isso. Tudo e todos me incomodam de uma maneira intensa, contudo não acho justo descontar em outrem problemas tão meus: eu não explodo e, consequentemente, não me sinto bem com aquilo remoído dentro de mim, por isso queria apenas me afastar, recolher-me um pouco, descansar de algum modo. Mas onde? Sei lá... Aqui estou eu falando de preocupações outra vez. 

Acordei me ancorando em uma palavra de força e fui ouvir Whitney cantando 'Step by step'; com ela me senti melhor...



Preciso mesmo ouvir quem me diga que tudo dará certo, mesmo que eu não acredite. Ontem, estive com uma amiga de vida, que não poderá estar na minha defesa, mas que deixou de ir para casa depois do expediente de trabalho - que deve ser normalmente cansativo -  para me escutar falar sobre meu trabalho. Eu achei tão bonita a atitude. Eu me senti amparado e ela não sabe o quanto me ajudou. Eu posso dizer que tenho boas pessoas do meu lado, mas não quero entrar na vida delas mais do que é saudável para a nossa relação. Acho que é meio (ou totalmente) orgulhoso isso, mas, no fundo, é medo de perder essas pessoas iluminadas. Durante esses últimos dois anos conheci gente muito podre, vampira e isso me afetou tanto... Eu, de fato, preciso me recuperar de todo esse lodo que respingou em mim. Às vezes penso que isso possa ser atitude de menino mimado, ou seja, quando as coisas 'apertam', de fugir; por outro lado, tento me entender: tudo que tem acontecido é tão novo para mim e, feliz ou infelizmente, não consigo ser um super-homem. A situação me dá medo e o medo também salva. Ademais, quem realmente sabe de mim sou eu. Preciso me recolher para recobrar as energias, pois sei que, se as coisas estão difíceis agora, em algum momento, outras melhores virão para que novas não tão boas voltem a acontecer e que eu,  assim, consiga superá-las. Acho que é algo inerente à Vida. Como essa amiga me mostrou ontem, é preciso esperar e confiar na Luz. Apesar desses tempos aparentemente não tão claros, sinto e vejo que não estou sozinho: o escuro não é tanto assim e, apesar do meu medo, conseguirei superar.

Mas hoje é a minha defesa e, sobre ela, não há mais o que fazer a não ser ir lá, falar e ouvir.

Que eu tenha uma tarde boa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Enquanto isso

2013. 18 de fevereiro. Faltam três dias para o encerramento de um ciclo. Eu pensei que estivesse levando mais tranquilamente a situação, mas hoje vi que não. Tem mais de seis meses que não escrevo aqui. Isso me fez falta, muita mesmo. Bastantes coisas aconteceram, e elas foram importantes, mas acabaram engolidas pela minha missão de encerrar o mestrado: eu precisava escrever a dissertação. Eu me desconectei muito seriamente.

Mas, enquanto isso, o globo terrestre girou. E tantas coisas chegaram e passaram. Neste momento, depois de acabar de acordar, assumo: estou cansado. Cansado de um modo que não me lembro de ter estado há tempos. Não suporto intensamente as coisas e pessoas - que talvez tenham entrado no balaio de pressões que se tornou a minha vida nos últimos tempos. Não estou triste ou reclamando, pelo contrário, encerro uma fase na qual aprendi muito: foi para isso mesmo que saí de casa, para aprender e me ver e me decidir sobre quem ser no mundo; eu sinto que isso está se consolidando. Uma flor nascida do esterco.

Minha mãe chega a Brasília hoje. Eu estou tentando fechar uma negociação de aluguel. Quinta-feira é o dia da minha defesa de mestrado. Será uma semana cheia, marcante pela natureza de fim, contudo de começo(s) também. Eu me sinto muito ferido, necessitado dos/as meus/minhas amigos/as, daquela minha vida boboca de Aracaju; continuo pensando que falar essas coisas para as pessoas próximas a mim pode soar lamentoso, por isso me sinto tão estranho, não me sinto à vontade de falar com gente que aprecia passar o tempo falando de outras... por isso precisava voltar aqui. Nesse espaço escrevo para o mundo, mas tão para mim, este 'eu' tão cansado, mas que não pode parar.

It's a new dawn, it's a new day...