segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Mortificar: 1ª pessoa do singular

Segunda-feira. Caminhando para o segundo semestre de 2013. Para hoje, eu tenho um sem-número de coisas para fazer. Eu viajo na quarta-feira para Sampa. É uma daquelas minhas loucuras, mas, claro, planejadas. Enfim, isso importa pouco neste momento; o que me faz escrever é um sentimento esquisitíssimo de desordem interna. Eu me sinto como se tivesse sentado em um monte de coisas por fazer e sem dar conta de executar um passo bem. Não sei, ando dizendo a todos que estou cansado, cansado... cansado demais. Ando cansado de tanto cansaço.



Hoje acordei e fui lavar a pilha de pratos habitué de minha casa. Por sinal, minha casa é um capítulo à parte. Eu me sinto em um misto de prazer e dor dentro dela. Eu devo isso ao início. Logo quando cheguei aqui, umas coisas estranhas aconteceram: a torneira do banheiro quebrada (por mim) e água para todos os lados; uma conta abusiva de água; pingueiras assustadoras; até a perda da chave... (até tive uma bicicleta roubada) enfim, coisas que me fazem não relaxar nunca: sempre acho que algo vai acontecer. Eu me digo às vezes que não devo reagir de forma tão grave porque, no frigir dos ovos, são coisas corriqueiras; porém, em outros momentos, sou invadido por uma sensação terrível de desamparo que se converte em lágrimas. E ninguém sabe disso. Enfim, acredito que isso é a vida também - refiro-me às preocupações cotidianas e aos acidentes diários. Só sei que minha incapacidade de concluir as pendências têm servido como uma desculpa formidável para me sentir mal, 'o só', 'o incompreendido', ou seja, aquele Pablo que conheço super bem e de quem não gosto muito. Mas é a síndrome. Não estou culpando a humanidade pelas consequências de minha vida.

Além das aventuras de ter uma vida para tocar, eu tenho passado pelo campo lúgubre da solidão. Minha companhia mais assídua (que coisa deprimente, meo deos!) tem sido a televisão. Também, em alguma medida, é uma escolha. As pessoas me chamam, eu saio com elas, mas tudo me entedia porque não quero ter de passar muito tempo fingindo não me importar com as coisas que não concordo - e que são absurdamente praxe social. Minha própria acompanhante me enfada: não tenho mais paciência para telenovelas; a maioria dos programas é um insulto à inteligência e os telejornais parecem executar o movimento de batedeira, ou seja, circulares em movimentos elípticos, misturando tudo em massa e voltando a rodar. Estou enjoado. Eu preciso de férias, mas não sei se conseguirei ter o tempo de que preciso. O tempo também acaba comigo. Agora, por exemplo, estou calculando ficar escrevendo aqui no blogue até determinada hora para que eu tome banho, coma alguma coisa e saia para pagar as contas (cujo pagamento, ainda segundo minha cabeça, deveria já ter sido feito na parte inicial do dia!). Eu noto: infelizmente, não se trata de encontrar uma saída para o desconforto que sinto, mas de aprender com tudo o que está acontecendo a contornar o que já aponta para uma quase paranoia. Isso é preocupante. Isso é profundamente chato. É uma merda 'ter de aprender' o que não se quer.

A questão é que, para mim, estou claramente em um período crítico. Não sei, mas me vejo querendo superar essas coisas, entretanto, se analiso friamente, observo que talvez eu precise aguentar um pouco mais, reconhecer minhas fraquezas e mais coisas outras vindouras. Estar aqui, no blogue, já é um primeiro passo. O fato é que não tenho vontade de fazer nada nesse contexto, e isso me mata. Quando entro em casa, só quero ver televisão, comer, dormir e, se possível, não levantar. Tenho muito, muito medo dessas coisas, pois vem junto um zilhão de outras. A saudade de minha mãe é uma delas. Aquele desejo de estar do lado dela quando me liga perguntando amenidades - tais como colocar um acento nas mensagens escritas no Facebook para minha irmã - é doce e venenoso. Minha melhor amiga me dizendo que queria me ter por perto porque está passando por uns perrengues e que tem se sentido meio sozinha é nada mais do que mortificante. São as saudades de Aracaju, um local deturpado em beleza pela solidão vivida na fase brasiliense de minha vida.

Não sei se necessariamente trata-se de início de depressão, pois minha vida em Brasília tem sido, em si, 'pressurizada'. Quando dou por mim, estou me vendo cobrado, em diferentes modos, níveis e escalas. Sinto uma pressão para 'ter e ser isso', 'ter de fazer aquilo', 'ter o tempo, tempo, tempo, tempo, tempo, tempo, tempo para tal atividade'... é também o dinheiro que nunca sobra, como antes, e meu medo de passar por apertos. Isso me faz não querer sair de minha casa, mas pouco adianta, pois a televisão, minha tal companheira, projeta a realidade que me machuca, contudo de maneira atrativamente fria e angular, na mais alta definição. Penso na companhia dos livros, e vejo-me sem tocá-los. É, sem dúvida, o sinal de alerta. 

Ir a São Paulo talvez me dê uma possibilidade de correr daqui... uma fuga. Eu assumo.

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