domingo, 22 de janeiro de 2012

Ridiculous thoughts

Daqui a alguns dias, estarei de volta a Brasília. And so what? O texto de hoje é daqueles de madrugada: meio lúgubre, meio do jeito que eu acho que precisa ser. Eu acho que as coisas saem melhor de mim desse jeito. Um momento Special Needs, do Placebo. 

É estranho, pois eu sinto tanta saudade dessa minha vida de Aracaju e, ao mesmo, tempo não a quero mais, recuso-me a ela. Eu não sei se essas coisas eu posso controlar e, aliás, eu já escrevi sobre isso, mas ideias recorrentes são algo que não faltam na minha cabeça. Não quero falar sobre isso de querer ou não a vida que tinha antes de ir para Brasília; na verdade, eu preciso entender o que está se passando na minha cabeça, que anda tão esquisita.

Eu deixo a minha casa e, dessa vez, acho que vou esperando menos das coisas nas quais apostava no início do ano passado. Ando muito desconfiado de tudo, sem a paixão que pensei que teria no caminho que estou trilhando agora. Algumas vezes, eu acho que é por causa do tanto de tevê que andei assistindo, pelas coisas que andei vendo. 

Sei da minha vulnerabilidade diante da televisão em seus mais diversos formatos. Eu, de certa forma, sentia-me livre disso em Brasília. Por escolha própria, lá, eu não assistia a televisão. Aqui em casa, o aparelho é ligado no início do dia e desligado pela última mão a ir se deitar - ultimamente, ela tem sido a minha. Fico vendo as coisas e me perguntando sobre o porquê de eu não viver daquele jeito tão legal, glamuroso. Com certeza, esse é um dos efeitos desejados por essas emissoras, o de fazer com que quem assista queira consumir uma vida representada ali. E o pior de tudo é que eu sei disso e me vejo entregue a esses tentáculos. É uma merda! 

É por isso que fico nessa situação. Eu meio que fugi disso, do reinado do "deus-TV". Se dependesse da televisão e das coisas que vejo nela eu não sei se estaria como hoje estou; provavelmente, eu reproduziria os conceitos dela, quiçá, eu me veria de algum modo bem escravizado por ela. Por outro lado, penso que devo muito ao que vi na televisão, por diversos motivos (...). O que sei é que não acho legal - nem bonito - isso de estar sendo bombardeado pelas porcarias de boa parte das emissoras a semana inteira.

Mas eu vou embora. Mais uma vez, eu estou indo. Já não sinto tanta beleza em dizer que irei para onde o vento me levar, fazer as coisas que acontecerem, ou que não farei planos. É como se a poesia não estivesse por perto, é como se ela tivesse tirado férias de mim. Eu tenho tanto medo porque sinto necessidade de não deixar de ser o que gosto em mim em detrimento de ter algo meu, que por algum tempo (de preferência, por muito tempo) me deixe tranquilo (para fazer coisas como sair com os amigos, comprar o que achar necessário e dar a minha mãe uma vida mais leve). Eu sei que sou impaciente e vi o grau estranhíssimo de receio em que estou. 

Acontece que não estou seguro se conseguirei uma oportunidade interessante de trabalho (pleiteada por mim antes de vir a Aracaju), boa para o meu currículo. Tudo porque não olhei o prazo de entrega de documentos.A tormenta aconteceu há dois dias. Fiquei chorando na cama e tudo, perguntando a Deus o que seria do meu futuro, pois aquilo - importante para mim - parecia estar perdido, esvaído-se pelos meus dedos. Por conta desses questionamentos, fiquei tentando localizar um seguimento para o que há um ano tenho feito. Eu não sinto aquela motivação para escrever certas coisas acadêmicas, nem lê-las; duvido de tudo, ponho em xeque as diversas teorias e pessoas que parecem assumir posições de luta. Eu, às vezes, não queria ter de ficar estudando e escrevendo sobre problemas sociais quando vejo que a televisão e as mais diversas mídias influenciam tão mal as pessoas ao pautar seus conteúdos em fofocas e/ou outras platitudes tais como programas de pessoas se expondo por dinheiro e projeção a qualquer custo. Eu fico pensando sobre o mundo ser assim, fico pensando na dificuldade que tenho em achar gente que me inspire a lutar por um mundo diferente. Eu acho tudo muito engessado, hoje em dia, tudo muito colocado, parece haver espaços já postos para a manifestação: eu sinto que as pessoas não fazem questão de trabalhar a sua própria humanidade, quero dizer entendê-la, para depois propor mudanças para a sociedade. Eu sinto que muita gente é demagógica, aquilo de estar fazendo a sua parte porque de alguma forma ganhará dinheiro e posição com isso. Eu fico triste nesse cenário e não sei bem como me encaixar...

Talvez uma das minhas tristezas seja a de ter de me modificar para viver como eu aprendi a gostar. Eu queria retroceder o tempo, mas sinto que não posso e essa minha volta a Brasília estará focada na mudança, mas na MINHA mudança. E imagino o que fazer com tudo o que eu lutei, as coisas em que eu acreditei, e as coisas em que confiei? Eu me sinto enganado, às vezes. 



Eu vejo os meus pais. Eu vejo a minha irmã. Eu me vejo. Fico me sentindo diferente deles, mas tão igual a minha mãe, até no sofrimento. Eu fico eufórico comigo mesmo quando vejo as imagens panorâmicas televisivas. Penso: "eu posso ir para lá! quem me impede de estar lá?". Então, de repente, eu posso tudo, tudo mesmo no mundo. Mas, depois, vejo as limitações: tudo é Tempo. Em seguida, sinto-me deteriorando, dentro de um prazo de validade no qual eu preciso urgentemente criativizar. Eu imagino uma profusão de profissões que eu poderia exercer para ganhar dinheiro e não ter de ouvir "o professor precisa ser valorizado" o tempo todo, nem dar de cara com as notícias de concursos públicos me estuprando, vendendo para mim a ideia de que qualquer coisa vale mais do que ser professor, o meu mais aparente destino. Eu tenho pressa. Também porque os meus pais parecem, a cada retorno meu, precisar de ajuda... Mas não quero me vitimizar tanto. Outro problema é que não encontro com quem dividir. Talvez eu, desse meu jeito, espante pessoas. Ainda isso... Ninguém merece: até o Coldplay virou uma banda da Capricho!

Sinto profundamente que algo está mudando. O meu comportamento de animal estressado me demonstra isso. Daqui a dois dias estarei indo embora da minha casa. E eu não sei o que será de mim... "Oh!". Não sei mesmo. E estou pensando "quero mesmo é que se foda o mundo todo!", no entanto eu não quero me foder, mas como não se sou parte desse Vicious World. Na real, eu tenho é medo de sofrer e de morrer. Estou constatando que 2007, 2008 e o início de 2009 não voltarão mais: a gente dessas épocas está casando, tendo filhos, trabalhando e tendo seus carros. Eu me sinto por ora como envolto em caprichos (de querer ser o que eu quero - ou que acho querer). Parece que sim, chegou a hora de seguir e largar as mãos de fantasmas. É hora de permitir que todos os que estiveram na minha vida atrás sigam, para que eu assim o faça. Ques pensamentos... Ridiculous thoughts...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Reclamando

Eu, nesse período de férias, ando me ouvindo e sentindo o afastamento de algo que sempre considerei bom. É bem louco, mas, não sei, tenho me achado assim. Sinto-me perdido, de algum modo. Ando entediado com as pessoas; com as coisas do cotidiano; de como eu ainda não vejo estruturado um plano de execução para o meu projeto chamado vida. Estou cansado de ver, ouvir e ler as pessoas falando constantes mais do mesmo, e confuso comigo, por ler e ver essas porcarias pseudo-críticas com seus autores intelectuais. Eu também ando em um grau de descrédito do mundo altíssimo: pouco acredito no que vejo e ouço; tenho raiva até. O mundo é como é por essas tantas babaquices repetidas. Não aguento ver, por exemplo, o que o governo de São Paulo está fazendo com os dependentes químicos da deprimente Cracolândia. De ver sempre os mesmos sofrendo as mesmas coisas...

Eu, no entanto, ainda gosto de ouvir as coisas tropicalistas, as viagens da Calcanhotto e as conversas - consideradas por mim - inteligentes. Eu adoro ver coisas da TV Cultura, as provocações do Abujamra... (Ah! Como eu gosto daquele exercício pretensioso dele). As minhas férias têm sido isso, basicamente.

Durante esses quase vinte dias aqui na minha casa, eu me vejo em uma situação familiar: a proximidade com um passado de cuja influência eu pareço querer me desvencilhar, mas que, ao mesmo tempo, mostra-se (e sempre mostrou-se) necessário para projeções. Como uma espécie de canteiro no qual eu plantei sementes e sobre as quais eu imagino, eu crio e acredito desenhos belíssimos, promissores e desejáveis. Estar em casa com a minha família me faz sentir estranho, faz-me querer estar e não estar, ao mesmo tempo. É um lugar no qual pareço estar à parte do mundo, e, para mim - para um lado racional meu -, isso não é nada bom. Eu fugi disso, inclusive.

Eu não sei. Eu me sinto tão estranho. Eu tenho raiva de muitas coisas, como o mundo, por exemplo. Eu vejo o quanto o poder vale, o quanto o dinheiro parece ser necessário. Eu me vejo engessado, quando, na verdade, várias coisas apontam para um contrário. Conversei com uma amiga e ela me disse: "É porque você é ariano, Pablo". Ela quis dizer que a falta de paciência é característica do meu signo. Eu realmente sou pouco - ou nada - paciente; acho que é porque sempre estou colocando a minha vida em comparações com outras. Isso também não é legal. 

A questão é que eu quero as coisas do meu jeito, pois, analisando a minha atual situação, eu deveria estar contente... eu estou contente, mas eu também estou descontente. Eu não sou uno, sei disso, e me incomodo com a situação. Na maioria das vezes, eu não consigo evitar. Eu me vejo elaborar planos ótimos, incríveis, uns até factíveis, mas, depois de algum tempo, digo a mim mesmo que não vai rolar. É como se eu tivesse uma vida na mão.... Putz UMA VIDA - e o peso que o termo acarreta. Isso é uma delícia e um pavor. 

Esses pensamentos vêm na esteira da entrevista de Criolo no "De Frente com Gabi", que acabei de assistir. O cara parece viver super além de formatos imundos, e ele é daquele jeito que dá vontade de estar perto, conversar etc. A coisa mais linda. Um artista. Gente assim vem para fundir a minha cabeça, pois quando eu acho que as pessoas são um cu - principalmente no universo do showbiz, hoje em dia -, aparece um ser humano desses. Como disse, adoro o lance tropicalista no que diz respeito a revirar padrões e caminhar em uma estrada dadaísta de liberdade: eu queria conseguir ser mais livre, mas como é possível em uma sociedade em que precisarei comer e pagar contas, em um mundo em que foi educado para ser diferente dos meus próximos?

Definitivamente, na volta a Brasília, voltarei a frequentar o templo budista. Talvez enlouqueça menos. Eu não quero sentir culpas. Eu não quero viver de desculpas. Eu sou uma construção, cheio de tijolinhos de vários momentos, cimentada por diversas mãos (tão várias que é impossível delimitar, o que eufemisticamente quer dizer, achar/nomear culpados). Chega disso! A grande questão parece estar no quanto eu me amo e me aceito e me vejo exclusivo neste mundo. Hoje, eu me sinto bem mais avançado em relação a isso, mas não no grau que preciso.

Bem,é isso. Divagações em uma madrugada de quarta-feira.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Acordando para a Vida

fonte: GT Wallpaper
É de uma reunião em família que sai, agora, a resolução maior para mim em 2012. Farei, este ano, de tudo para resolver outros pontos da minha vida. Acontece que meu pai veio e - mais uma vez - disse que eu precisava trabalhar. A minha irmã, (nem sei se tão) indiretamente, disse para mim que não tem tido as coisas que quer porque a minha mãe gasta muito comigo em Brasília. Foi algo positivo, pois vi que a minha casa não é o paraíso. A minha vida não é mesmo o conto de fadas que eu sempre fiz questão de encenar.

Neste ano, devo dar prosseguimento a algumas ações que considero vitais para mim. Definitivamente, preciso crescer e ter uma vida. Preciso romper os laços com a minha mãe. Não me refiro a uma ação drástica - principalmente porque ela não merece -, estou tentando encarar a vida de maneira mais adulta, ou melhor, madura. A conversa de hoje deixou isso mais aparente. Por mais que eu tenha sentido uma ponta de distorção em algumas colocações durante a reunião, vejo-a como mais um impulso para avançar, seguir e deixar para trás o passado. A minha vida já não pode voltar, por mais que eu queira com alguma força. 

A minha mãe, na reunião, esteve como de costume: calada, ouvindo todos falar sobre ela. Nada falava. A minha mãe ficava muda, ouvindo e ouvindo. A minha mãe confirmando a sua imagem de boa e devotada, a que sofre para ver o bem do seu filho, aquela que não se importa com as pedras nas costas pelo fato de estar protegendo a sua cria vulnerável. A passividade dela bradava a força de conseguir manter-se incólume às investidas dos outros. Mesmo na exiguidade de suas palavras houve a demonstração maior de poder da noite. É impossível desconsiderar alguém que se mostra tão ligada a mim. É por nosso bem também que preciso continuar. 

Percebo que quando o meu pai me fala para trabalhar, ele quer me dizer que não devo ficar sob os eternos cuidados da minha mãe, pois sou um homem e não mais um menino. E eu levarei esta instrução comigo: não devo ser mais um menino. Por mais dolorido que seja, preciso cortar o cordão. Na verdade, eu venho me mostrando que é necessário fazer isso se eu não quiser construir um jardim usando os meus pais como adubo, erguer uma construção em cima dos seus restos. Isso seria terrível. É fato que muito da demanda do meu pai é influenciada pelos filhos outros que ele vê por aí. Eu sinto no meu pai um pequeno dilema: feliz por estar onde estou, mas descontente pelo pouco avanço em relação a um futuro. Aquela máxima tradicional "no meu tempo, na sua idade, eu já...". Eu sou ciente de que o tempo dele foi o tempo dele, no entanto me localizo também em um dilema de evitar passar o trator das minhas concepções super-hiper-mega coerentes em cima dos ideais estabelecidos dele. É complicado, mas é uma carga que se leva: você vive e leva a sua história nas costas. A sua família é a sua história viva.

A minha irmã, ao falar que lhe faltam coisas como roupas ou cabeleireiro, quer demarcar, provavelmente, a sua posição na família, sua presença diante dos meus pais. Talvez ela queira mostrar que também tem necessidades, que, de alguma forma, tem sido minimizadas pela "importância" que eu venho obtendo por estar longe de casa; por eu vir atraindo mais atenção da minha mãe, o nosso eterno objeto de disputa. Eu e a minha irmã somos crianças que enfrentamos as complicações do tempo; que relutam em ver as coisas se modificando; que, de algum modo, querem preservar o calor da proteção familiar, visivelmente marcada pelos traços cruéis do Tempo. Vejo que a minha irmã, inclusive, emula atitudes dos nossos pais, tornando-se, assim, extensão deles. Observo isso quando ela diz preferir calar-se a ouvir a nossa mãe posicionar-se ao meu favor (quando, segundo ela, abordam o excesso de atenção dado a mim por mainha), observo que a minha irmã reproduz um comportamento comum na nossa família, o exercício caprichado das aparências. 

Os meus pais parecem fazer de tudo para não lidar com o conflito. Quando acirram-se os argumentos, para eles, é melhor encerrar a discussão. Termos como "reclamar" ou "sofrer" quase não são permitidos. É preferível perder-se em doces tolices disfarçadas em brincadeiras do que enfrentar analisar eventuais problemas. A minha irmã me mostra que está aprendendo isso também com os meus pais. Aliás, eu vi hoje que a minha casa está como sempre. Não sei muito bem o que mudou aqui. Em casa, eu me sinto em um museu. Mesmo.

Enfim, durante a passagem do ano, lá estava eu pensando sobre o quão bom havia sido 2011. Eu não sabia, então, o que de fato pedir a Deus. Eu francamente só tinha o que agradecer. Eu ao mesmo tempo fiquei feliz e preocupado com a situação. Eu sempre estou na ambivalência de querer a perfeição e de esperar coisas ruins para a vida. 

Hoje, eu vi que meus pais já são o que são. Eles estão mais velhos. Meus pais estão velhos. Eu tenho de pensar um modo de agir diferente. Acho que 2012 será o fim do meu mundo. Que bom.