quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Aconteceu

Eu pensei que não fosse escrever hoje, mas, felizmente, estou aqui. É bom para mim isso de registrar.

Nem sei bem por onde começo. Na maior parte das vezes, eu estruturo um pensamento a respeito do que escreverei e procedo. Hoje é um daqueles dias que deu vontade de escrever, eu estava na frente do computador - adiando uma ação da universidade - e, por isso, resolvo unir o útil ao agradável. Putz! Muitas coisas aconteceram (e têm acontecido) na minha vida neste mês de fevereiro. Definitivamente, um mês para se lembrar, digno de registro.

Na última vez que escrevi, estava esquisito, com medo, receoso por não ter planos ou novidades por correr atrás, por voltar a Brasília e imaginar um começo de ano anódino. Eu achava que as coisas estavam plácidas, algo previsíveis e me assustei por isso. Eu sempre acho que calmaria não é sinal de coisa muito boa -  não sei, é uma impressão minha -, mas segui vivendo. Isso em janeiro.

Chegou fevereiro e eu "voltei à ativa". A universidade me reservara obrigações de pesquisa, que me serviram providencialmente para encher os meus dias. Era o problema: viver catando coisas para "encher a minha vida". Eu pensei - mais uma vez, de novo, novamente, once more - sobre o futuro, sobre mim e as coisas do porvir... aquele blá-blá-blá de sempre (...). Uma ideia parecia ser fixa: eu precisava de um "amor", ou, pelo menos, eu tinha de me envolver com alguém; mas cadê essa pessoa? Eu fui atrás. Estava disposto a me arriscar, a sentir. Tudo isso em fevereiro, neste fevereiro. Fui à Bahia trabalhar, mas foi em São Paulo que aconteceu o tal do "amor". Como cantou Adriana Calcanhotto, "aconteceu".


Eu encontrei a perfeição para mim. Sim, uma coisa assustadora, mas eu, do nada, estava me preparando para me encontrar com a minha parte de perfeição na Terra. No começo, eu pensei, "é so sexo", mas, depois, comecei a ver que, de alguma forma, aquilo estava indo em uma direção diferente, nova. Eu não me lembro muito do que estava sentindo naquele momento, pois, talvez, eu estivesse no calor do susto. Era tudo o que eu precisava: alguém que me elogiasse com intenções terceiras, mas que preservava no olhar uma doçura indescritível. Uma coisa de história de fadas. Quiçá, uma junção daqueles meus poemas românticos. Durante três dias ininterruptos nós nos amamos. Sim, de várias formas.

Nós "nos amamos" por que não acabou. Eu não estou sendo metafórico. Hoje, ainda e último dia de fevereiro, eu sigo falando com a minha parte de perfeição. Eu, parece, conquistei-a. Sim. Parece que eu consegui. 

Agora, idiota, sinto medo. Tenho muito medo de mim, principalmente. Algumas vezes faço uma ideia bem punk de mim: que sou mimado, frio, calculista etc. Essas coisas ferram comigo, com um lado deprimente de herói de filme blockbuster - que todo mundo adora ir ver porque nunca será metade do que é narrado. Assim, antes, tinha medo de me envolver e não ser recíproco; agora, tenho medo do que vai acontecer porque está sendo bilateral. Eu fico espantado como as coisas têm se dado. De repente, eu estou rindo à noite sozinho no meu quarto mandando mensagens românticas, louco por um retorno imediato, pensando na delícia que é o momento do pensar em alguém. Eu não sei. Não sei. Queria e quero aprender a amar, pois sei que esse sentimento existe, ainda que não seja o da novela ou o do filme água-com-açúcar de onde aprendi a desejar. Hoje, eu tive medo porque não estive tão cheio de romance como ontem. Tenho medo de ter desaprendido, de o meu coração ter se tornado um lindo cristal: frio e duro. Tenho medo de ter me transformado em um desses vaidosos que conquistam e cansam. Por outro lado, não sei se deveria estar todo o tempo em estado de encantamento... afinal, isso é coisa de novela e filme água-com-açúcar. Não sei. Estou perdido, pensando que este momento é único na minha vida e tal, mas também não quero criar expectativas bobocas. As coisas não funcionam assim. Tem outra coisa, também essencial: eu, o meu jeito. Não gosto de coisas muito aderentes (para não usar outro termo), eu me apavoro com isso - já vivi e, definitivamente, não quero mais. Eu sei, é só o começo. Estou disposto. É muito ruim estar só; e, além do mais, eu prometi que, caso acontecesse, eu faria de tudo para dar certo, visto que só eu sei do buraco no meu peito. Essa inquietude deve de ser pensamentos-monstros desesperados com o eminente fim do ocaso que vinha sendo a minha vida. Só lamento para eles... 

Agora, vou ler. Quero lidar com essas preocupações da minha cabeça. Não é saudável para pessoas como eu sentir-se vitoriosas. Darei tempo ao tempo. Uma bonita história pode se desenhar. Serei, e será, o que tiver de ser, afinal, hoje ainda é fevereiro.