segunda-feira, 7 de abril de 2008

Ordinário

Semana gorda a passada foi. Muitas coisas... mas demais mesmo. Que engraçada é a vida. Creio que mais de quinhentas e cinqüenta mil pessoas já devem ter dito isto sobre a existência. Pois, eis aqui a qüingentésima quinqüagésima milésima primeira a repetir isto. É sério. Semana que passou aconteceu algo forte: desci da minha idealizada nuvem de perfeição, tornei-me um ordinal, uma continuação de lista, mais um, e, pra falar a verdade, foi muito ruim. Digo isto por certos motivos; o que mais merece destaque - e que talvez sintetize o sentimento de agora - é o fato de ter caído numa contradição ao me colocar numa situação em que agi de maneira assaz ordinária. Contudo, depois de bater minha cabeça contra a parede duzentas vezes, percebi que tudo o que me aconteceu foi muito importante para que eu pudesse ver outras coisas que não estavam tão claras, principalmente pelo motivo da minha insistência em me afastar dos outros, ora porque eu era assim, ora porque era assado. O fato é que: SOU TÃO HUMANO, FRACO E DE CARNE E OSSO COMO QUALQUER UM, OU DOIS OU TRÊS OU QUATROCENTOS. Que maravilha chegar a esta conclusão, ainda que um pouco tarde, porém a tempo.
Há muito tempo que venho pensando na minha vida, como sou, porque os outros não poderiam ser de tal forma aprovada por mim, e coisas deste tipo, porém agora percebo que observava, ou melhor, vislumbrava tudo de um lugar muito confortável no qual o julgamento alheio era um dos meus mais fortes argumentos para defender algumas idéias. Uma coisa deprimente, uma vez que é sadicamente agradável apontar os erros de outrem ao invés de parar para ver realmente que tipo de vida se está vivendo. Para saber algo de fato é necessário experienciar. Eu não o estava fazendo. Outra coisa fácil é colocar-se como a eterna vítima da situação, tipo "o mundo está contra mim (com direito a:), por isso vou odiá-lo" e assim permanecer, acusando o universo pelas fraquezas que no fundo são só suas, exclusivamente desenvolvidas em você, muitas vezes por você, e que, por colocar-se num Olimpo pintado de Hades, está sendo o injustiçado da galáxia. E é aí que a tão malfadada Vida vem e te dá uma rasteira e te mostra o quanto você é tolo por apontar cinco obtusos sem atentar que há cem vezes deles em um só paspalho que se acha o Copérnico.
Acordar é necessário. O que tenho de fazer neste momento ímpar de constatação é resignar-me à verdade de que NÃO SOU MELHOR que ninguém, tampouco SOU O PIOR, apenas sou assim, desse meu modo, e, tendo isto em vista, minha obrigação é - antes de tudo - olhar o que estou fazendo comigo e com minha vida para depois dar conta de cuidar de coisas alheias, sem machucar ninguém. Nesta estrada há que optar por um trajeto em alguns momentos, pois é ele que encaminhará o andante a uma rota onde o Sol pode aparecer ou um horizonte nublado pode reinar. Estou indo em busca do Sol, mas, assim como qualquer viajante, passo por momentos gris durante o percurso; tenho em mente que eles existem e existirão, mas é dever meu, enquanto ciente e respeitador da minha esseidade, olhar pra cima e me questionar se é por aquele caminho que deverá percorrer minha vida, minhas idéias, enfim.
Não sou o mais iluminado dos seres, mas é claro pra mim que cada passo dado me encaminha a um centímetro que, por mais difícil que pareça, se unirá a outro, e a mais outro, que farão com que eu me motive a não retroceder, a nunca me voltar, uma vez que decidi iniciar a jornada que saiu do nada e irá chegar a lugar nenhum...