sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Here Comes the Sun

Pois é. Estamos todos às voltas com os diversos "Feliz Ano Novo" dos colegas, dos amigos, da família etc. 2011 é amanhã, para falar a verdade. Amanhã!

Ando refletindo sobre o que penso, o que escrevo, o que falo. As minhas ações têm sido revistas e, mesmo este sendo um comportamento familiar, tem tudo a ver voltar a falar sobre. 2010 foi (engraçado usar o verbo nesse tempo, igual a falar sobre a partida de alguém ainda presente, olhando para mim) um ano especial. Ele é um tempo consolidado de vida, sem dúvida. Creio ter avançado em âmbitos importantes da minha construção. Coisas terríveis e lindas foram surgindo, sendo encaradas, derrotando-me, erguendo-me e me impulsionando. Ele serviu para me mostrar o quanto eu tenho de aprender, assim como as coisas que são tão minhas, aquelas que formam o ser e que não são possíveis de se apartar. Ainda, inclusive, enfrento certos conflitos acerca da aceitação de fragmentos, mas percebi ser essa uma das tarefas perpétuas da jornada.

Despeço-me de um ano que começou longe de tudo e de todos. Estive fora de mim também. Tudo foi preciso, no entanto, para retornar novo, pronto para uma vida: a encarar a filosofia e exercitar conceitos os quais admiro. Eis que estou aqui, acabando 2010 longe de tudo e de todos, mas, desta vez, ainda muito conectado à história, emburrado algumas vezes, mas tentando aceitar os fatos. Hoje, véspera de nova década, ainda vou descobrindo muitas coisas, tentando ser mais claro comigo mesmo para ser com os outros. Tem sido tão nítido que o mundo é reflexo de cada um de nós.

2011. Acho que lotar cadernos (ou blogs, whatever) de planos não é muito legal. Penso em amanhã como ele será, a continuação de hoje (ou seja, depois de 31, o dia 1). Será um sábado,  contudo com nova roupa. Ah! Eu adoro novas roupas e até acredito nelas. Por isso, o próximo ano, enquanto continuação, deve ser mais um dia para por em andamento as aprendizagens oriundas do anterior. Mais ação e menos teoria. Talvez seja esse o mote para mim, em 2011.
 
Aprendi muito mesmo com este ano. Estive tão próximo de Deus, pude senti-Lo comigo. Foi muito importante a constatação e, se logrei vitórias, eu tenho absoluta certeza da presença d'Ele nessas situações. Preciso aprender bastante. Fato. Sinto como se estivesse dando, realmente, adeus àquele Pablo criança, medroso e dependente em demasia que foi parte necessária de mim, mas que se tornou um verdadeiro pentelho. Sinto fôlego para avançar e não ter mais reservas que me engessem, pois estou aprendendo a me amar e a ver que eu ainda sou a coisa mais importante da minha vida. Ia dar início a um livro de autoajuda, contudo, por medo de processo por plágio, vou dividir o título e abrir mão dele, bem como da fortuna advinda - hehehehe! -: eu sou o meu maior investimento.

Como não tem tanta graça começar um ano sem expectativas expressas ou verbalizadas, as minhas principais vão na direção da Disciplina e do (auto)Conhecimento. É isso. Agir mais e teorizar menos. Andando.

Que venha 2011! Por ora, vou-me, ouvindo Nina Simone, e adorando muito tudo isso!
(hehehe!!!)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Uma mensagem


É Natal. Para mim, um dos momentos mais complexos do ano. Mandei, ontem, uma mensagem a um amigo falando sobre a minha impressão quanto ao dia. Mas, definitivamente, eu sinto, não é uma época igual às outras.

Pessoas escrevem diversos textos sobre o Natal; algumas vezes, elas ressaltam - felizmente - que não se deve encarar o dia 25 apenas como uma das datas mais quistas - senão a mais - pela nossa sociedade de consumo. É válido fazer a ressalva, mas não é exclusivamente sobre isso que tratarei. Na verdade, tenho a sensação de que falar coisas assim soa como chover no molhado. Este é o meu ponto.

Aqui em Brasília a arrumação natalina não está nada sofisticada. Pelo contrário, há pouco mais que as indefectíveis luzes derramadas sobre os prédios públicos da Esplanada dos Ministérios, bem como sobre os apartamentos das quadras. Eu, ontem, indo a caminho de uma ceia, questionei o fato a uma amiga, mas acordei pensando sobre o assunto. A simplicidade condiz com o Natal. 

2010 foi mais um fim de ano que passei longe da minha família. Na transição do ano passado, inclusive, estava em outro país, em outra cultura. Foi duro, mas este está em verdadeira competição com aquele. É incrível como o dia de hoje é uma experiência agridoce: complicada de se achar o ponto certo, variando escalas dentro de uma mesma noite. Apesar da pompa católica, pode-se sentir bastante estranho, às vezes, deprimido com encontros familiares ou amicais e, no entanto, em, pouco tempo, alternar o humor diante das bebidas, luzezinhas e dos montes de comida servidos durante o jantar. 

Uma certa confusão acontece, pois o Natal, em si, é uma data reflexiva, a qual é maquiada e enfeitada com luxo e brilho a fim de não ser tomada pela sua faceta "complicada". Afinal, é difícil refletir quando o mundo é uma festa infinda: luzes, luzes, luzes! presentes e embrulhos! comida e bebida! (...) E acabamos todos por ofuscar o sentido inerente. Acabo de fazer uma crítica não planejada, porém coerente com a minha intenção. Por outro lado, a data também inspira o sentimento de alegria: por estarmos com aqueles de quem gostamos, pelo ritual de reunir a família e/ou os amigos, ter fotos e aquelas situações cômicas que surgem sempre que pessoas diferentes se juntam. Uma espécie de vibração alheia à do cotidiano parece ganhar massa e querer descansar a mão sobre cabeça dos que sentam juntos para celebrar; então o Natal ganha o seu papel fundamental, o da glória ao triunfo do amor e do bem, a despeito das várias perversidades.

Eu acredito profundamente no Espírito do Natal. Aliás, esse é um conceito que faço questão de preservar. Todo dia 25 do ano penso mais fortemente sobre Ele, sinto precisar da sua presença, uma vez que, com Ele, tenho a possibilidade paradoxalmente concreta de ver o mundo com outros olhos. Uns bons.

Enfim, neste dia de Natal, desejo ao mundo (e,consequentemente, aos que amo) que sinta mais, tente encontrar o Espírito do Natal, e que torne-se próximo dele. Desejo que as coisas tão lindas ditas durante o dia possam tomar corpo nos demais, permeando o novo ano a caminho; que percebamos que somos partes únicas e essenciais do mundo, que são significativas as nossas ações, que ouçamos e leiamos realmente, com atenção, os avisos e as demonstrações de existência desse Espírito. Espero que possamos refletir sobre as nossos atos, sobre as nossas vaidades, sobre as coisas que dizemos e fazemos aos outros, sobre o quanto de bem estamos deixando e multiplicando pelo Caminho - muitas vezes, tortuoso - da nossa existência; que não nos deixemos ofuscar pela quantidade excessiva de luzes e comida características do período; que possamos ensinar a uma nova geração que ainda vale mais o amor ao que está do lado e ao redor do que a objetos duros, frios, de plástico, de fuga e morte. Possamos todos nós sentir a presença do Espírito de Natal. Ele existe e encontra mais força nesse momento do ano (por se sentir convidado e à vontade). É em datas como o Natal que o aroma resiliente da esperança traz a leveza alentadora ao ser humano de saber que somos diferentes e incomparáveis. Neste Natal, observemos, mais juntos, que, em cada um de nós, não morreu o Amor.

FELIZ NATAL!

EU AGRADEÇO AO MEU DEUS, MEU ESPÍRITO DE NATAL, POR MAIS UM NATAL.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Stillness

Domingo. Ultimamente, tenho pensado com frequência em "Criança de Domingo" - música de Chico Science & Nação Zumbi -, simplesmente porque, como ele mesmo canta, adoro o meu domingo.

Eu sempre tive uma relação diferenciada com o dia. Quando estava na escola, achava-o o máximo, pois era quando dava para assistir ao "Domingo Legal", principalmente nas edições em que algum artista de fama internacional (eufemismo para "mexicana") aparecia - ok, algo total anos 90 (leia-se Thalia e Chaves, por exemplo) -. Naqueles tempos, o domingo era especial porque eu esperava por alguma coisa divertida, em determinada hora do dia, que fazia o resto dele valer a pena.

Com o passar do tempo, sua conotação foi se aprimorando, então já não era mais "o dia de assistir a alguma coisa da tevê", mas um no qual ainda havia a possibilidade extremamente próxima do novo, do recomeço, ou seja, da segunda-feira, dia que o planeta é exigido de acordar.

Ainda nutro, hoje em dia, um sentimento diferente com relação ao domingo. Confesso que não é mais aquele pueril no qual a televisão era parte essencial do dia, tampouco o noviço, em que enxergava o Sol. Agora, o domingo é um momento meu cuja duração me serve para relaxar a cabeça das obrigações que preenchem a minha semana. Talvez seja uma indicação de que estou mudando, mas, sem dúvida, é uma oportunidade de observar que o tempo, lânguido, passa. No domingo, ele passa tão rápido...

AMO O MEU DOMINGO.


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Rocket Man

E se à noite você visse nada além de postes e luzes de apartamentos acesos? E se começasse a se questionar sobre a vida, o que é a sua própria e o que você está fazendo dela realmente. Eu não sei como levar a vida, apenas tem dias em que me vejo de noite, num quarto, pensando sobre rotina, divagando sobre novas possibilidades, projetando para amanhã.

Hoje, ouvi uma música a qual, entre outros versos, trazia a pergunta "por que diabos isso significa tanto para mim?"; novos questionamentos brotaram como fios de cabelo que, quando da juventude, nascem, caem e voltam para cobrir a superfície. Algum dia, de repente, eles simplesmente param de crescer. Você está velho. Terá valido a pena arriscar além do fácil? Não entendo de jeito algum o valor das coisas, do quanto se dá e do quanto se recebe, menos por quê há alguém assim como eu, escrevendo um texto como este, esperando por conduções incríveis, ansiando por Caminhos. Eu ainda penso que há tanto por aí, que existe o mundo e existe o resumo. Hoje, também, vieram à minha cabeça sínteses. Aqueles recortes tacanhos que fazemos de algumas pessoas e elegemos como o ideal. "Quero ser como você!", "quero ter o que você tem", "não quero ter de ter o peso de uma vida própria". Três frases, um sentido. Como é possível perder a personalidade apenas numa troca de mensagens? Como é que se anula um ser humano num curto espaço de tempo?

Eu tenho visto exemplos de "sucesso". Daqueles que vão ao supermercado, compram o seu suco de caixa, dirigem seus carros e veem o Jornal Nacional. Isto é sofrível para mim, às vezes. Isto é o resumo. Parece que, no fundo, todos nós buscamos um resumo para chamar de nosso. É tão mais fácil o sossegado. Por outro lado, há os que balançam, sofrem e se questionam se seria a vida um simples apanhado selecionado cuja perpetuação se dá de acordo com a mão que o escreve, a que o reproduz e a que o consome. Será este chamado "mundo do consumo" um lugar perfeitamente encaixado a tal viés reducionista da natureza humana? ou será ela um molde num mundo cretinamente fugaz? Eu não sei se sou honestamente contra essa cultura, afinal é nela e dela que se vive (e que eu próprio vivo), que se produz, que se consome. Mas estou balançado. Até onde vai a hipocrisia? A que lugar chegará a minha? Tenho medo de perder a medida. Eu tenho tanto medo. Ainda. A estupidez não é geográfica, mas localizada, intimamente. Será possível exorcizar de todo os demônios que dão fogo à existência? Eu temo esse mundo pantomímico de maniqueísmos, no entanto sinto-me fraquejar diante dos bustos brilhantes. Estarei eu já sendo parte integrante dele?

Mais uma vez, fiz planejamentos com base em ontem. Fico agora a pensar até quando vou me basear no ontem... às vezes tenho vontade de correr por aí e fazer algo... e nem eu mesmo sei o quê. Por Deus! Eu não tenho descansado; eu tenho limitado a vida a projeções futuras de um futuro que se torna tão engessante por ser pré-moldado. Modelos, modelos, modelos! É nessas horas que me sinto totalmente imerso no chamado sistema. Bleh! E a transgressão? Eu desejo algumas vezes enlouquecer e correr sem direção, mas me preocupo se conseguirei ficar sem comprar o meu suco de caixa; contudo, ao mesmo tempo, acho-me o máximo por "boicotar" o Jornal Nacional. Penso no concurso que pode salvar a minha vida: ou em maneiras de facilitar a minha existência em graus elevadíssimos. Penso em como não dar atenção ao que está ardendo dentro de mim.

A esta hora, segundo o meu planejamento, eu deveria estar deitado, dormindo. Mas eu estou tão cansado que não consigo dormir. Sigo pensando se estou pegando o caminho inverso da Estrada. 

Eu não preciso que me digam que estou indo bem, que reproduzam que me entendem: não sei se alguém lê o que transmito. E seguimos fingindo todos. Mas até quando?

"And I think it's gonna be a long, long time
Till touch down brings me round again to find
I'm not the man they think I am at home
Oh, no, no, no
I'm a Rocket Man..."
 Elton John in Rocket Man

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Eu tenho um sonho

E eu segui o Vento. Meu Deus! Eu o fiz. Saí de perto de uma história, fui atrás de uma nova na qual eu poderia ser protagonista. Suspeitava que viria, mas foi estranho sentir o que vivi, tanta chuva, e frio, contato sutil com a escuridão. Mas fui adiante...

"Siga o seu sonho"." Escute o seu coração". Puros clichês? Duvido. Expressões como essas não vieram da brisa: alguém precisou tê-las dito, certa vez. Elas são impressionantemente concretas; saíram da vida, de uma vida, portanto, revelam-se, são verdadeiras. Sim. São realidade. O sonho está extremamente próximo da realidade. A frase é como luz para mim.

Experimentei uma espécie de (breve) período sabático em que saí do que era familiar a mim. Antes de estar onde estou, tinha dúvidas acerca de quem realmente eu era; agora estou certo de que não sei de fato quem eu sou. Vivo algo atípico: a distinção de estar disposto e preparado para me reconhecer, encarar-me da forma mais honesta possível. É chegada a oportunidade das palavras serem colocadas à prova. Saberei se é possível ser aquilo que penso e falo, porque ainda creio no amor e acredito absolutamente na poesia. É a vida para mim o mais sofisticado dos poemas, no qual passa-se tempos a fio na tentativa da descoberta do seu sentido; e os intelectuais representam e concretizam sua incipiência em infindas teorias (que também nada mais são do que sofisticadas tentativas de interpretação do excitante poema chamado vida). Era assim nas cavernas, era assim nas pirâmides, era assim nas colunas jônicas, era assim no vapor e nas revoluções, tem sido assim nas entrelinhas inexatas da fria tecnologia.

Eu volto agora à realidade. Faço deste o meu aviso para os que deixei para trás. Agradeço aos que me confortaram, abraçaram-me, choraram comigo, àqueles que ofereceram tratados de amizades através dum simples olhar, das diversas músicas que foram as suas presenças na minha existência. Eu me lembro. A esses, meus amores, eu ofereço a alegria e a satisfação de confirmar que ainda é possível sonhar: eu estou aqui, eu consegui, meus caríssimos: 

SOU MESTRANDO! 

A simplicidade nascendo nos riscos da confusão. Monet não faz sentido se visto de perto. Tudo começou de um sonho. Não, jamais se esqueçam: sonhos ainda são necessários. Ontem - mesmo dia do resultado da seleção de mestrado -, fez vinte anos de partida da voz que convocou-nos todos a imaginar. Na minha cabeça habita o depoimento daquele desconhecedor do medo de afirmar o sonho em tempos de dureza. Ouço a música e escuto a frase: meus combustíveis para caminhar. Eu não quis ficar, eu sofri, contudo senti estar no Caminho.  Eu ainda sofro, mas eu ainda tenho um sonho.

Parem. Peguem neste momento o broche, o objeto raro - para alguns irrelevante, para outros fora da moda -, segurem-no forte e leiam, talhada no seu verso, a inscrição "amizade". Eu lhes dei a cada  um o presente, pois recebi o mesmo de vocês. Que maravilha expressar: a gente é capaz de dar tanto amor quando existe o amor.

Eu amo tanto vocês. 

Obrigado pelas mãos.

Estou de volta, no Caminho. Na Estrada...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pé na soleira...

Tantas palavras. Muitas palavras. Foi pelas palavras que expressei os meus sentimentos: amor, raiva, admiração e medo. Ah! Quantas vezes eu disse que tinha medo e, aliás, ainda tenho, mas prefiro não pensar muito nele. Hoje as coisas são de fato diferentes desde aquele 19 de agosto de 2007, quando dei início a este blog, quando me dispus a seguir a minha Estrada. Daquele tempo até aqui, dividi com o mundo, em pouco mais de oitenta vezes, o que se passava na minha cabeça. Eu queria encontrar um rumo, alguém que me ajudasse, uma possibilidade de algo que sonhava e não tinha.

Estou no meu quarto. Às vezes olho para os lados, para cantos que talvez nunca tenha prestado atenção. Talvez eu esteja flertando com o drama, não sei. O fato é que amanhã, a esta hora, se Deus quiser, estarei longe da minha casa, longe dos meus amigos e indo em direção a uma nova etapa. Eis que chegou o tempo de encarar a Estrada. Durante esses quatro anos de blog muito aconteceu. Eu cresci muito e estou diferente.

Não tenho noção do que vou encontrar lá;  do tipo de pessoas com quem terei de lidar. Mas não posso me dar ao luxo de ter medo. Este sentimento é capaz de matar e eu não quero morrer dessa forma. Eu sei que posso. Eu vou. Estou indo.

Hoje não vou escrever tanto. Aqui não é uma despedida, eu não consigo nem chorar. Obrigado a cada um que me homenageou com a amizade e me deu forças para prosseguir quando o terreno era tortuoso. Pessoal, estou indo... Desta vez, de fato, estou Na Estrada.

sábado, 4 de setembro de 2010

Mundo al revés...

Bastantes eu's...
Sábado. 3 de setembro. Depois de uma semana cheia de emoções fortes, estou aqui, escrevendo, esperando e, de certa forma, controlando a minha cabeça para não entrar em parafuso. Não falo de algo negativo, mas interessante.

Eu não consegui passar na primeira chance da prova do DETRAN. Tive nas mãos um verdadeiro coquetel molotov: fiquei muito nervoso na hora, estava sozinho num carro que desconhecia e peguei a temida baliza; resultado: não passei dela (estourei o tempo - ridículo - de 5 minutos para colocar dois lados). No dia, fiquei mal, mas fui tentando mostrar a mim mesmo que não era o fim do mundo. Na realidade, a minha maior preocupação era a reação dos meus pais - ou melhor, a do meu pai -, mas, no final das contas, tudo deu certo e ele, depois de repetir um monte as coisas que queria dizer,  confortou o seu filho desapontado. Foi um momento emocionante para mim. Percebi o quanto é valioso ter uma família, pessoas com quem dividir, compartilhar os seus problemas e desafogar o peito da profusão de acontecimentos da nossa vida. Acho que sobrevivi a essa queda. Terei que terminar o processo (isto é, as demais chances) em Brasília.

Pois é, este é outro tema recorrente: Brasília. Nem parece que daqui a menos de dez dias a "página" Aracaju será virada na minha vida. Até neste momento sinto uma espécie de frio na barriga e, para ter noção, ainda reluto para arrumar as malas. Tem momentos os quais parece que seguirei os mesmos dias, meses e anos na minha cama, no meu quarto, na minha casa. É um sentimento agridoce, visto que penso no conforto material do qual desfruto atualmente misturado com a sensação de tremenda inércia invasora. Já compartilhei com pessoas caras a mim a minha impressão relativa ao meu ciclo aqui. Para mim, creio ter feito o que tinha para fazer e que qualquer insistência será simplesmente jogar sementes num terreno estéril, já gasto pelo bom uso. Preciso me despedir de muitas coisas, de algumas pessoas. Devo confessar, porém, a minha falta de paciência com as perguntas do tipo "já sabe onde vai ficar?" e afins - as quais indicam preocupação com relação a mim, mas que, de repetitivas, tornaram-se chatas -. Acho que sinto isso devido ao nervosismo. Ontem executei um dos últimos passos da mudança. Vamos ver como será colocar, de fato, o pé na estrada.

Ontem, também foi aniversário de uma pessoa cuja participação na minha vida trouxe mais luz. Meio atrasado, desejo a essa mocinha um FELIZ ANIVERSÁRIO! Para ela, fiz algo significador do seu valor para mim - apesar do pouco tempo de convivência -, eternizei meus sentimentos em relação a ela: Ode a Nara

Verei meus bons amigos logo. Espero ser um dia de muito amor e celebração à amizade. Espero me acalmar.

domingo, 29 de agosto de 2010

Driving [myself] Crazy

Quase meio-dia. Estou aqui ouvindo um dos meus "CDs memoriais". Escrevi no twitter umas balelas e não sei bem o que farei durante o dia. A questão é, o ponto alto da semana está reservado para amanhã. É na segunda o dia em que as "mudanças" começarão realmente. Estou num misto de sentimentos; uma confusão, para variar.

É amanhã a prova prática do DETRAN. Eu tô um pouco receoso - embora tenha praticado bastante -. Às vezes penso: "ah, rapaz! é normal ficar assim, mas você não deve fazer disso um monstro; ele, por enquanto, só é um gremlim meio estranho - he, he, he! -. Não dê mole, senão o bicho entra no balde de água e aí...". O que tem me deixado meio estranho com relação ao dia são as circunstâncias nas quais ele vai acontecer. Estou com a passagem comprada e a data da viagem é antes do prazo dos quinze dias de segunda chance (dado nos casos de reprovação). É meio que uma bosta, mas a merda maior é que nem reprovei ainda e já estou preocupado, pensando bestagem (!!!). Isso não existe. É por isso que fico com sensações misturadas dentro de mim. Parece aquela música do Five for Fighting [who?], "It's not easy to be meeee!". Tenho de arranjar um jeito de deixar de ser assim, ou, ao menos, reduzir essa porra dessa ansiedade. Já deu. Vou me esforçar para encarar os pensamentos também possíveis, como aqueles, tipo, "eu vou conseguir", e tudo mais. Estou aprendendo, mas que tá osso, tá!

Na verdade, é meio que virando as costas para esses tipos de comportamento um dos motivos da minha ida. Não quero mais algumas coisas observadas por mim na minha vida. Eu ando achando o seguinte, quando passamos muito tempo com pessoas extremamente ligadas a nós, a gente acaba por se tornar uma espécie de extensão dessas pessoas: absorvemos alguns dos seus jeitos, hábitos, manias e comportamentos. Na maioria das vezes, a gente só nota isso quando se vê em situações complicadas ou de parafuso. Fico meio apavorado com a impressão, apesar de saber que é natural do ser humano. 

Neste domingo, quero ter paz para - pelo menos - amanhã. Até a minha mãe [péssimo exemplo de tranquilidade no lidar com perrengues também] já me disse pra relaxar e não ficar esquentando com as implicações do meu pai [o patrocinador (R$) de tudo], pois ela - com conhecimento de causa - lembrou que ele sempre reclama, por mais perfeição existente. Mi corazón de Maria la del Barrio, no entanto, fica pensando nos esforços e investimentos dele em mim. Acho que vou começar a ver mais vídeos da Soraya... [pelo menos, ela era mais divertida.]

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Quem irá nos proteger? (II)

Trecho da reportagem do portal Infonet (aqui) sobre o atentado ao desembargador Luiz Mendonça, presidente do TRE-SE, ocorrido hoje de manhã. Eu escrevi e agora penso, POR QUÊ?

"O desembargador ferido foi encaminhado para um hospital particular em outro veículo. Já o motorista permaneceu no local aguardando socorro."


"When I look into the future
I see danger in it's eyes
Hearts of hatred rule the land
While love is left aside
Killing plagues the Citizen
While music slowly dies
And I get frightened I, see I get frightened"*

Janelle Monáe, in "Locked Inside"

"These are things that I don't understand"**

Coldplay, in Things "I don't Understand"


:(




===================
*Quando eu olho para o futuro
Eu vejo o perigo nos olhos dele
Corações de ódio ditam o caminho
Enquanto o amor é abandonado
Assassinatos atormentam as pessoas
Enquanto a música morre aos poucos
E eu estou apavorado, eu estou apavorado

**Essas são coisas que eu não entendo

domingo, 15 de agosto de 2010

Paratodos

[AVISO: Este post tem dois vídeos. Sugestão: antes de começar a ler, carregue-os (ou, pelo menos o primeiro), pois ilustram o escrito.]

No último texto, tratei sobre ignorância. Neste, voltarei a falar dela e da sua inflamação, a burrice.

É um tema complicado. Muitas vezes, vi-me diante de situações as quais desejei não ter de presenciar, tampouco de saber. Não acho bonito o ódio e não sei por que algumas pessoas parecem estar tão alheias à sua presença vil. Tem dias que fico triste mesmo, muito por ver como estamos; às vezes, em dias de inquietações mais agudos, temo por mim e pelo mundo, como vamos viver daqui a algum tempo. Eu já tentei não ver tanto, mas é muito difícil.

O mundo é hoje vendido como livre de várias amarras do passado apresentadas a nós pelos livros de história. Os manuais da História são necessários panegíricos ao triunfo humano da derrubada de obstáculos colocados em seu caminho, diversas vezes, pelo próprio homem. Como em todo texto laudatório, há a necessidade de carregar em personagens que ratifiquem a supremacia de outros, às vezes sendo representados como verdadeiros mocinhos e abjetos vilões. Há os personagens secundários, aqueles presentes na narrativa a fim de dar plano ao desenvolvimento dos fatos. Isso, para quem lê e relê as histórias históricas, acaba por ficar particularmente visível; é possível, então, ver que as coisas, muitas vezes, têm outros lados possíveis, outras direções: ou seja, nada é puro e puramente dicotômico.

Há cem anos, morria o abolicionista Joaquim Nabuco. Eu não sabia. Estava olhando a página inicial do UOL e vi uma marca divulgando o projeto do Jornal do Commercio, de Pernambuco (para ter acesso ao especial clique aqui), sobre o centenário de morte do intelectual pernambucano (para ser exato, lembrado desde o dia 17 de janeiro). No hotsite do projeto existem alguns textos interessantes sobre a questão do que é ser negro no Brasil contemporâneo. Tocado pela proposta e pelos meus últimos pensamentos, resolvi mergulhar o dedão do pé na correnteza conturbada de ideologias que cercam a questão. Ainda ontem, estive lendo um dos textos do site "Viomundo", do jornalista Luiz Carlos Azenha (aqui), no qual ele relata as mudanças políticas ocorridas de alguns anos para cá no contexto social. Havia no texto de Azenha a descrição de um mundo em que não havia espaço para as diferenças - tendo inclusive estas expressas no texto -, lugares em que, segundo ele, não se enxergam com simpatia a presença de "pobres, morenos e deselegantes". Em outra nota, ainda no mesmo site, havia uma notícia sobre Ali Kamel, o diretor da Central Globo de Jornalismo (CGJ), em que o repórter da Record ressalta algo ligado a perseguição política. Lembrei-me de que o nome de Kamel não era estranho a mim (a despeito de lê-lo ao fim dos telejornais globais). Depois de puxar um pouco mais pela memória, recordei-me dum famoso livro dele intitulado "Não somos racistas" - no qual argumentava estar a questão do preconceito mais ligada ao âmbito social do que ao da cor da derme populacional -. Fui ver uns vídeos no Youtube nos quais o próprio aparecia. Assisti a uma conversa dele em alguma feira literária falando sobre o assunto e defendendo seu ponto de vista. Depois, ainda dentro do tema, vi uns vídeos do comentarista Arnaldo Jabor e um relato de Chico Buarque. Chico - largamente conhecido e respeitado - ressaltou que sofria preconceito pelo seu genro Carlinhos Brown. De imediato, veio-me à cabeça o dia no qual o percussionista baiano tinha sido agredido com garrafadas no Rock in Rio de 2001. Pelo que deu para perceber, naquele momento, a agressão não foi por causa da cor do cantor, mas por ele estar cantando música brasileira num palco lotado de roqueiros ávidos por bandas como Guns N' Roses e Iron Maiden:


Acima, exemplos ilustram o que quis dizer no início deste texto. Mesmo não sendo a Regina Duarte, eu tenho medo. Simplesmente não entendo a razão de ser dessas coisas. Os manuais consagrados estão aí mostrando erros terríveis de outrora ainda louvados por muitos de nós hoje. Uma vez mais, vejo que neste mundo "novo", "livre" (e por que não "admirável"?) - que, através de névoas, alija pretos e brancos, pobres e ricos, rock e regional - segue separando claramente teoria da prática. Como é triste observar que os avanços são atrelados àqueles incapazes de desgarrar-se de um passado que mostra o preço pago por quem costuma fechar os olhos para o que vem. As drogas várias mandam num mundo separador de sorrisos (de folhetim) e queixumes (de denúncia) em polos, nos quais se mata e se morre para alcançar e abandonar. É triste que cada vez mais caminhe-se para uma individualidade suicida, um uníssono do refrão de Live and Let Die; ver pessoas não respeitarem as outras só porque estas gostam de um estilo musical pouco prestigiado, ou pelo que elas fazem sexualmente dentro do quarto, ou ainda por alguma diferença que independe do arbítrio da parte ridicularizada. A merda é que o mundo mostra-se assim e não se problematiza largamente sobre isso: quem tem a possibilidade de trazer o debate e o esclarecimento, na maioria das vezes, não faz, isto é, negligencia urgências. Vamos todos morrendo e matando num desconhecido ódio cego, assim.

Não defendo este ou aquele ponto de vista. Afinal, já existem muitos "intelectuais" e pessoas que levam as suas estupidezes idiossincrásicas adiante, borrifando-as por aí, montando e defendendo trincheiras numa guerra invisível, mas ativa. Eu, aqui no meu canto - quando posso -, tento ouvir, interpretar e me defender das ideologias-bombas lançadas diariamente. Vejo, com tristeza, o que não queria ver e me pergunto por que as pessoas não podem enxergar o outro como alguém humano que tem dúvidas e problemas comuns aos que sabem falar uma língua. Tudo parece tão normal. Ações impensadas como um comentário pejorativo ou uma gracinha desnecessária machucam sentimentos e deixam marcas. O vídeo anterior dá uma amostra da falta de noção de alguns seres ignorantes ou burros. Eu tenho medo dessa gente invasora, no entanto não queria odiá-las, eu, aliás, não queria ter de odiar ninguém. Não quero aprender o desprezo pelos diferentes de mim, pelos não intelectualmente iguais a mim, pelos possuidores das coisas que desejo e não tenho, e vice-versa.

No vento, há tantos conselhos para se respirar melhor. Por que não levá-los em consideração? Por que não notá-los e guardá-los? Ouvir é de graça:


De verdade, queria muito, ainda nos meus 24 anos, que as pessoas se enxergassem mais como humanos possuídores de juízo para analisar seus atos; fossem seres batalhadores por seus objetivos sem se negar a ver o outro, considerar ambas histórias e todo o conjunto de mundos que o acompanham. Se ouvissem mais música e dançassem menos... Eu não sei.

domingo, 8 de agosto de 2010

Precisa-se de um amplexo


"O brave new world/That has such people in't"*
The Tempest, William Shakespeare

Ah, o mundo! Meu Deus, o mundo... Quando, no mês passado, fiquei indignado por um homem ter feito piadas de cunho preconceituoso na turma da autoescola, eu não havia me dado conta de que certas coisas terríveis estão vivas; vivíssimas, aliás.

Próximo mês - está planejado, e cercado, inclusive, de todos os percalços residentes na palavra "planejamento" -, as coisas tendem a tomar um novo rumo na minha vida. Durante os últimos momentos da minha estada na universidade (...), eu fui esmorecendo, murchando como um crisântemo amarelo sem sol: estranho, a luz parecia estar distanciando-se do vaso, ou o recipiente estava sendo puxado para longe dos raios solares. Sem saber qual o real motivo, o fato era que não tinha o mesmo viço daqueles tempos importantes. Mas esta já é uma história recorrente e que não quero falar sobre. Hoje, na iminência de dar o tal novo passo, cross the Rubicon, dei-me conta do tanto a fazer.

Comecei o texto relembrando o rapaz lá da autoescola e seu comportamento de não entender as minhas considerações (acerca de piadas daquele tipo, de como me incomodavam). Ele agiu de um jeito esquisito (para mim) e, por consequência, o clima ficou péssimo. Agora, analisando mais friamente a situação, percebo que muito da tensão causada nos momentos posteriores também tiveram a minha contribuição. Não nos falamos mais depois daquele dia. Eu evitava olhá-lo nos olhos e ele também fingia que não me via. Como fomos infantis. Deus, eu fui tão imaturo! "Logo eu..." Comportei-me como quando no ensino fundamental, em que, agredido por alguém, fingia não ver a pessoa e as coisas morriam por ali. Entendo que a reação dele teve um motivo: sua ignorância. Ele simplesmente não tinha noção da história dos oprimidos que lutaram para que ele próprio estivesse ali sentado, numa turma de autoescola privada. Ele mostrou-se produto da nescidade alimentada pelo mundo em que vivemos. Foi esta estupidez que estava me roubando a força.

É incrível como eu escutei tanto, vi exemplos e, ainda assim, tentei fechar os olhos. Constatei que é duro demais fazer isso, no meu caso, impossível: uma vez avistado o Sol, tudo passa a ser diferente; veem-se as cores, mas sente-se o calor também. Tem dias nos quais a intensidade dos raios é muito forte, e incomoda. Foi justamente nos momentos de maior incômodo que quis voltar a não ver e dançar a estranha valsa dos que se vendam para viver. Mas, para mim, fechar os olhos não funcionou. Não consegui. Eu não consigo. É inútil o esforço imprimido, a minha natureza (paradoxalmente inquieta e tão mansa) fala mais alto.

Algo me puxa e por mais que tente ir contra a força, simplesmente, não dá. Sou incapaz de fazer de conta que este mundo néscio consolida-se cada vez mais "admirável" com pessoas afins, que não refletem e só pensam em se divertir, fugir; não posso desconsiderar o sem-número de lugares-comuns nos discursos daqueles que só visam o poder, a possibilidade de dominar, de estar estável e dar as costas para os que são fodidos. Por outro lado, penso nos tais "fodidos". Deveria eu ter compaixão desses idiotas que se deixam entregar, que não criticam, que vão pelo caminho mais fácil mesmo vendo a vida ser igual a merda? Volto a tentar encontrar culpados e inocentes, heróis e vilões e não acho. É o clichê do círculo vicioso num mundo altamente precisado de clichês. Por muito tempo quis estar em uma destas categorias maniqueístas (tornar-me um pateta - propriamente dito e, pior, cônscio da transformação), no entanto nem mesmo sei o que sou, pois as coisas que faço têm uma intenção que no fundo pode ser tão impudente quanto a de um político corrupto nojento: quem me assegura que eu também não queira ter poder e, em seguida, dar as costas a quem não "conseguiu"? Afinal, nasci e cresci assistindo à TV neste tal mundo "livre". Coisas que não encontro solução. Por que esta sensação de velhice aos vinte e quatro anos quando todos estão saindo à noite e bebendo para sofrer no dia seguinte? O sentimento de estar à beira do fracasso se vejo jovens ridentes nos seus carros de comercial? Mas que fracasso é este? O que seria a "vitória"? Quem disse? Já fui o bom estudante, o menino-modelo, o que quase reprovava, flertei com a vida de alternativo, quis ser moderno e vi que, no fundo, todos, mas todos mesmo não têm a segurança que aparentam tanto. Todos precisam de fugas e o mundo dá-nos a todos as dosagens desejadas. Sereias distribuem as doses de escapismo tão sensuais, tão atrativas, tão fatais. As tribos, as piadas, as injustiças envernizadas de preocupação barata não são invisíveis aos meus olhos. Os projetos sociais e as campanhas isoladas em determinados momentos e segmentos e amplamente televisionados parecem distribuir novas capas para velhos aleijões. Não é ódio ao mundo o que escrevo aqui. Não. Acontece é que voltam a mim as perguntas, a questão: Deveria tomar essas pílulas malditas sem ler-lhes as recomendações dos que vieram antes? Suspeito qual a resposta.

Seria hipocrisia minha dizer que vou me recusar a usar as doses de "vícios amáveis", pois - assim como qualquer habitante do planeta que não padeça de depressão profunda - não quero morrer. Quero muito viver, por isso tenho de aprender a louvar Darwin. O mundo não é para gente como eu, mas eu não quero nem saber disso: já estou aqui, terão de me engolir enquanto mastigo as porcarias de açúcar refinado oferecidas por ele.

Um volta está próxima. Aos poucos vou aprendendo a ser quem eu sou. A aceitar o modo ao qual estou encaixado no momento. Afinal, ter 24 não é propriamente estar velho, mas, ao mesmo tempo, não é ter 14. Estou indo atrás da minha vida, da minha história. Vou para a Estrada.

"Quem pensa por si mesmo é livre e ser livre é coisa muito séria."**- melhor que Darwin (Ôps!)...


* Oh, admirável mundo novo / Que encerra criaturas tais em si." [A Tempestade, William Shakespeare]
** L'Avventura - Renato Russo [A Tempestade, Legião Urbana]

sábado, 31 de julho de 2010

Élan Vital

O abismo de madeira da mesa de jantar
Separa o presente e um trêmulo futuro
Vozes familiares, quase impossíveis de suportar
A prisão num lar de fim-de-tarde mudo

Fuggi Regal Fantasima, frase de Verdi
Mas numa canção ela veio e tudo pareceu voltar
Aquele tempo em que pagou por andar diferente
Quando sentira necessidade de crescer e tentar

Com fantasmas visitou concertos e imaginou
E se não pensasse nos contras e nos males
Só Caetano, apenas Gal e unicamente os Beatles
Qual o grande problema se ousasse

Quanto custa a coragem da mudança
É um valor raro para, aos poucos, sentir
Não cabe mais carregar a velha criança
The Killers, The World We Live in

Experimentando dias faraônicos e de Aida
Ser dividido entre a ambição e o esforço
No guarda-roupa o MacBeth não lido ainda
Na cabeça, Huxley e dois mundos novos

É preciso ouvir, conhecer e amar Chicos
Viajar pela Ciência e um dia à Holanda
Passear de bicicleta por campos índigos
O desejo de experimentar ser enfim vivo

Das mesas com cadeiras aos recitais ermos
A televisão noturna e as pragas tecnológicas
Esse bolo imundo de dígitos, vícios e malogros
Servirão a consulta qual caderno roto de notas

Sem olhar para trás, não hesitar ante o nada
Indescritível sabor é o de livrar-se do Sempre
Olhar para os pés e senti-los tocar a Estrada
Caminhando e cantando: Smile like you mean It...


Bito

domingo, 25 de julho de 2010

IDK


E quando você sente não ter mais por onde seguir? O que você faz? Quando o caminho mostra-se tão retilíneo que você jura saber donde vai dar? O que pensar? Continuar nele ou ir pela mata esquisita? Eu não sei as respostas e estas perguntas estão na minha cabeça faz tempo.

Hoje foi mais um dia em que eu estive acompanhado de pessoas que têm obviamente os seus problemas, mas que, às vistas de alguém extremamente descontente, parecem ser perfeitos e completamente felizes. Eu sei disto; o pior é que eu sou ciente de as pessoas não viverem num desenho da Disney - e de todos terem e lutarem contra os seus problemas e complexos -, no entanto vejo-me em situações de instabilidade nas quais ponho em xeque boa parte das coisas que fiz, o que construí até aqui. Tenho ciência de que não tenho a cabeça semelhante à maioria, e sofro por causa disto; sofro por tentar me encaixar em condutas às quais nunca estive em contato ou que em determinadas vezes condenei. Insisto em negligenciar um ser tão raro que vive guardado em mim, uma espécie de letra escarlate chamadora de atenção que poderá mudar a minha narrativa, caso eu não a mantenha coberta. Fiz da minha narrativa algo desinteressante: capa bonita e conteúdo cheirando a naftalina.

Algumas vezes penso se isso é crescer, mas me acho tão pouco maduro até então. Não consigo, a esta altura da vida, focar em alguma ação, pois sinto-me, em meio a tanta informação, perdido de tão só.

Já passou o tempo em que quis viver sem ninguém - uma vez que não queria mais ter de fugir daqueles que me machucavam sem eu saber por quê -, em que pensava ser melhor correr do mundo para não sofrer. Conheci tanta gente legal, pessoas cujas atitudes mostraram-me a outra face do ser-humano e logo constatei algo: a gente sofre muitas vezes pelo simples desejo de não querer sofrer. Eu desejei com tanta força não mais sofrer que a minha vida ficou plácida demais. Acho que preciso ainda aprender muito, e que, acima de tudo, tenho um medo infantil, mas compreensível, de assumir uma vida que não conheço, com pessoas desconhecidas: a vida real. Eu não sou um cara mau, respeito os outros e falo tão pouco palavrão: não sei porque as coisas têm demorado tanto a acontecer para mim. Só sei disto: deve-se ter cuidado com o que se deseja.

Vejo e fico com medo deste mundo, ora por ver como as pessoas podem ser cruéis e inconsequentes, ora por me ver imerso a tudo e estagnado; não suporto pensar no sofrimento e na dor. Meu Deus, eu sempre fui tão protegido... Tenho amigos que me amam e realizações que talvez nem valorize como deveria, mas neste momento eu quero - na verdade -, eu preciso de mais. Estou no caminho de buscar o que tem de ser meu.

I'm through with sitting, waiting and crying ...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Choco

Meia noite e alguma coisa. Estou aqui once again falando de algo referente ao meu dia, que não foi lá essas "coca-colas". Tinha umas coisas para fazer que acabaram não saindo do papel. Merda!

Ah! [Só para não deixar de ser] Estou ouvindo Movies of Myself, uma música que tem tudo a ver comigo... [tudo bem, o álbum Want One todo tem...]

Ai, eu nem sei, viu! Estou com um pouco de sono, mas tinha que vir aqui registrar factos. Confesso, ando meio desligado da tomada e não sei muito sobre como anda o mundo, apenas que a TV não para de promover um tal filme macabro com um goleiro no cast principal. É claro, outros assassinatos também estão em voga, depende da atuação das personagens protagonistas, assim como das coadjuvantes. Ah! Por falar em teatro macabro, as eleições estão chegando e tudo que leio e vejo me faz lembrar de como sou obrigado a exercer o direito de ser cidadão. Aff! Dilma gagueja demais com seu "eu acho... eu acho... eu acho..."; Serra me dá medo com os seus dedos esquisitos e aquele vice com cara de yuppie; Marina anda tão apagadinha que preciso assistir ao 3 a 1 para conhecer mais a candidata do PV [desculpem-me os quatro, mas as propostas ainda estão aquém dos detalhes que escrevi aqui]. É um mundo tão lindo o das metáforas, e que mágico quando elas se encontram com as ironias. Saindo da visão macro, fiz a tal prova teórica do DETRAN e passei com 24 pontos (bem sugestivo). Nada além do que eu já esperava. Que bom, ué!

Por falar em esperar, fiquei esperando por uma ligação e... nada. Pense que saco ficar imaginando coisas e coisas para, no fim, as benditas não acontecerem [momento operático... vou parar por aqui]. Mas Lenine e até Alice, no seu desenho animado, já lembravam: paciência... paciência. Ai! Algumas vezes me acho discípulo de Jó, outras me acho numa urgência assustadora: as coisas dentro de mim se processam de um modo bem extravagante (foi a palavra mais bonita que lembrei). Ih! É tudo tão
esquisito. Eu também sou meio esquisito (ó a foto!). Enfim, não houve ligação e nem conseguir ir à casa de uma amiga minha - que queria tanto ir :( - porque, além da maravilhosa chuva - que parece estar me perseguindo (boto o pé fora de casa e é batata: lá vem ela), o meu tio esqueceu-se de mim. Atraso em todos os sentidos: fiquei amargando quase uma hora naquele terminal insano do DIA [Só para registrar: EU O-D-E-I-O TERMINAIS DE INTEGRAÇÃO]. Para se ter uma noção, até a polícia resolveu aparecer por lá, pois um travesti desmaiado estava num dos bancos "atrapalhando" a organização daquele monturo disfarçado de terminal de ônibus. Não demorou muito para, é claro, "os curiosos" ficarem ao redor do fato como moscas na boca aberta de um mendigo. O fim. Nem sei o que eu fiz para merecer presenciar cenas assim. Pense, hoje foi um daqueles dias nos quais você para e pensa "caramba! que porra eu fiz hoje da minha vida?". Não é que as coisas deram errado, mas é porque esperava mais, sabe. Whatever! Foi um dia tão trivial: acordei tarde; tomei café; fui ao dentista; treinei direção numa biboca; voltei para casa; assisti à novela das sete e vim para o PC. Ai, ai! hehehehe! Engraçado até.

Como será amanhã? Não sei. Tenho até medo de pensar algumas coisas. A nova vedete da TV é o caso daquele garoto que morreu atropelado por um irresponsável que, provavelmente, estava fazendo "pega". Pô, vamos combinar, andar no trânsito é uma coisa de louco. Eu vejo cada situação que, pelamordedeus, ninguém merece. Segunda, às 7h, começam as minhas aulas práticas. Legal saber que é para esse circo de horrores que estou me encaminhando. Mas, cá com os meus botões, no final, até gosto de saber que, daqui a pouco, estarei dirigindo e me estressando nas vias - claro, quando conseguir sair com o carro sem que ele "apague o fogo", vou me sentir mais seguro, talvez, até pronto! vamos ver, não é?! -, além do que, poderei encher a boca para dizer: "Eu 'sei' dirigir!". Ai! Como são bons esses aditivos de afirmação individual...

Bem. É isto. Amanhã acho que, só para diversificar (Uau!), vou depositar dinheiro.

Definitivamente, é o fim!

hehehehe!!!

Fui!

domingo, 18 de julho de 2010

Strawberry Fields Forever

'Um fim de semana que merecia o título "Na corrida... [II]", mas num ótimo sentido - hehehe! -. Hoje é domingo e estou sem sono, escutando Rufus cantar Tiegarten: "Won't you walk me through the Tiegarten?"... ai, ai! - hehehe! -.

Consegui comprar - na quinta mesmo - a mala. Assim, meu pai falou que ela não é lá essas coisas, mas foi o que deu no orçamento (Ah! Foi barata e tem mais duas dentro dela. Valeu a pena!). Fiz o exame (ridículo) "demissional": a mulher, aka médica do trabalho, fez umas perguntas idiotas do tipo "tá sentindo alguma coisa" e, em seguida, começou a rabiscar num papel; este foi o tal exame.

Sexta fui ter as primeiras aulas ever de direção, no carro de um primo da minha mãe, que eu chamo, genericamente, de tio. A sensação de dirigir foi boa demais, foi como se me sentisse homem de verdade, sabe, não mais um menino - acho que agora entendo porque esse pessoal motorizado gosta de tocar o terror quando tão no trânsito. É algo difícil de descrever, só sei que dá uma emoção da pega! -. O problema foi "sair com o carro". A gente foi para uma biboca aqui da cidade, num dia chuvoso... Aí já sabe, muita lama, sujei o meu tênis e ainda o carro do meu tio. No começo, até que foi massa, ou seja, eu me saí relativamente bem. Ele me deu a direção do carro no primeiro dia de treino! Pense! Achei que só fosse pegar no volante, tipo, uns três dias depois, sei lá. Massa mesmo! Quero um carro para mim (e olhe que só foi um dia de dicas (eu nem comecei as aulas práticas!)) - hehehe! -!

Amanhã é o dia de fazer a prova teórica do DETRAN. Falei para mim que estudaria na sexta ou no sábado, ou hoje; resultado: não peguei no livro, quer dizer, na apostila. Claro que tem uma explicação - hehehe -: ontem, sábado, dormi de manhã, comecei a ler algumas coisinhas sobre infração e vias - uma das coisas que não me permitem fechar trinta pontos, afora mecânica básica -, mas uma amiga minha ligou para eu ir à sua casa. Aí é que foi. Um amigo nosso está na cidade e resolveu dar uma passadinha na casa dela também. Rapaz, foi muito, mas muito massa MESMO! Sabe quando você se encontra com pessoas que gosta muito e não se tem nada de mais importante a fazer do que ficar falando sobre qualquer coisa por horas e horas? Foi assim. Viramos a madrugada conversando, bebendo e ouvindo Beatles - até a minha amiga pedir arrego... hehehe! -.

[Nothing is reaaaal...]

Como disse, tenho prova amanhã (à tarde, graças!). Não estou com saco de estudar mais nada (na boa, ando sem muita vontade de fazer as coisas (...)). Fiz uma prova no simulador do site do DETRAN: 24 pontos - a minha média -, tomara que caiam muitas perguntas cretinas como "o que você faz quando avista um pedestre passando na faixa?" com alternativas primorosas com coisas do tipo "respeita" ou "passa por cima". Hilário!

Enfim. É isso. Tô sem sono - dormi o resto da tarde ouvindo Want One (acho que estou ficando obcecado) e sentindo aquela sensação boa de chuva - e, provavelmente, ficarei aqui na net sem encontrar algo muito construtivo para fazer. O pessoal tá na sala assistindo a merda do "Fantástico" e o aquele caso bestial do goleiro Bruno. Ai, a imprensa sabe tirar a minha paciência! Todo dia a mesma coisa: só porcarias (...). Amanhã acho que terei um dia cheio, se der, vou ver se assisto aquela novela "Ti-Ti-Ti". Tô querendo ver qual é a dela, pois eu gosto dos trabalhos de Maria Adelaide Amaral (no caso, as minisséries). Tomara que eu faça muitas coisas amanhã e não tenha tempo para ficar de cabeça vazia!

Caramba! Este post foi "cotidiano" total! hehehe!

Fui!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Na corrida...

Acabo de acordar meio tarde, não saí do quarto e aproveitei para assistir a um filme que baixei tem umas semanas. Gostei. Ele é sem diálogos, dá para reparar bastante nos quadros, nas cores, nas expressões, enfim, em coisas que não chamam tanto a atenção, se não forem excepcionalmente belas.

Ainda estou sobre o efeito do meu último poema, bastante pensativo acerca do mundo, questionando muito a mim mesmo, inclusive. Eu acredito que será assim por muito tempo. Estou me sentindo kind of livre: estou prestes a fazer uma "loucura", que não sei bem no que resultará, mas que é muito necessária a mim. Estou fechando algumas coisas, terminando acordos, encerrando mais um ciclo. Às vezes tenho medo de falar sobre, mas decidi que as coisas não devem ser eternamente iguais ou extremamente previsíveis: acabam tornando-se mortais. O tal mundo de que falo tanto não é assim, não se pode crê-lo algo imutável. Eu não conheço muito dele. é uma razão legítima para certa mudança.

Daqui a pouco vou ao médico do trabalho para fazer o exame "demissional"; é mais uma etapa do processo para dizer adeus ao meu emprego atual. Eu acho que já está na hora de mudar: o que tinha de fazer ali (e aprender ali) já está de bom tamanho. Não levo queixas comigo - nada além das que faria a qualquer empresa capitalista -, ou seja, foi um período de relativa calma.

Hoje ainda pretendo ir em busca de uma mala grande e barata. Teve a promoção de uma até ontem no GeBass e, detalhe, perdi! Fiquei chupando dedo. [Vou dar uma olhada no Submarino.com...] Caramba! Tá osso! As malas no site de vendas estão na hora da morte! Vou ter de fazer pechincha pela cidade.

Na terça acabaram as minhas aulas teóricas da autoescola. Graças a Deus! Nunca vi uma turma daquele jeito (digo "turma" referindo-me à maioria, por favor). Para começar tinha um rapaz que adorava chamar atenção a si mesmo. Até aí nada demais - afinal, palhaços encontramos em toda a parte -, mas o que acabou com o meu entusiasmo de estar todos os dias na aula foi ter notado a presença de um fantasma terrível: o das brincadeiras de fundo constrangedor, e racista. Em uma das suas estupidezes, o tal homem fez uma piada infeliz com Luciana Mello: estávamos assistindo a mais um daqueles vídeos educativos sobre trânsito (já havíamos visto alguns anteriores apresentados por Gabriel O Pensador), quando a cantora-apresentadora surgiu com seus cabelos crespos soltos e armados. O cara falou algo, mais ou menos, assim, em voz alta, "se essa mulher fosse lá em casa eu pegava o cabelo dela pra arear as minhas panelas". Eu fiquei muito incomodado com o comentário, mas segurei a indignação para um momento ulterior. Cheguei para ele, no fim da aula, e disse que aquilo não era apropriado, tampouco aconselhável, pois havia pessoas que eram, assim como eu, negras, e que talvez não se sentissem confortáveis com aquelas frases: soltei também que ele poderia ser processado por injúria racial. Pronto. Para quê? Ele ficou dizendo que eu o estava ameaçando; que eu deveria tomar conta da minha vida; que ele era preto também e que gostaria de saber como eu procederia todas as vezes ouvisse brincadeiras daquelas na rua. Enfim, foi um dia que estragou os demais (to be continued...). Mas o que importa é que acabou. Não tenho mais que ver a cara do sujeito e da plateia dele. Agora virão outras aulas. Acima uma foto com a professora Mira, da autoescola. O único bom motivo de acordar tão cedo (hehehe!). Gente fina ela.

Sim, vou acabar aqui a postagem porque não almocei e preciso sair para a consulta. Fui!!!

sábado, 10 de julho de 2010

Rapidim

Faltam 15 para as 12h e tô bem à vontade aqui na frente do PC. O tempo está como eu gosto (para ficar em casa), meio fechado; às vezes o sol aparece, mas logo, logo ele se esconde.

Hoje, eu deveria ter ido ter umas explicações de direção com o primo da minha mãe, mas o tempo não ajudou muito para que isso acontecesse (hahaha! Ilário: eu colocando a culpa no tempo!); enfim, estou em casa, ouvindo The Greek Song, e daqui a pouco vou sair para o meu último dia "oficial" de trabalho. Confesso que não estou muito triste com isso...

Ai, ai...

Ô postagem mais sem sal; melhor ler a do meu "mais lírico blog": http://cajasyrecuerdos.blogspot.com/2010/07/sete.html

Flwsss!!!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Má noite!

Perder. Um verbo complicado. Uma palavra que, parece, ainda não aceito agregar ao meu vocabulário. Ela, a safada, está pulando entre as outras milhares para merecer destaque. Estranho.

Hoje percebi que criei algo maior do que era. Eu não sei, acho que está no sangue, pois minha irmã, vira e mexe, está escrevendo sobre suas desventuras amorosas - o que acho tão bobo, às vezes - e olha eu aqui, pensando e fazendo o mesmo. Pois é, "acontece nas melhores famílias", não é o que dizem? Eu confirmo que sim. Não quero fazer disso um tremendo problema, ou fazer "a dramática" (como brincamos eu e a minha irmã), mas dá raiva quando você age de maneira notória - mostrando-se propício às possibilidades - e a outra parte parece não entender, deixa você com cara de paisagem. Porra! Muitas vezes, penso que, se pagasse a Esquadrilha da Fumaça para escrever no céu o meu desejo, seria a maneira mais nítida de dizer: estou querendo você! Aff! Não tenho dinheiro para isso, tampouco aguento mais joguinhos - apesar de ainda praticá-los, infelizmente -, como os de silêncio e mais silêncio, por exemplo; aí cada um vai para a sua casa e pronto: cenas do próximo capítulo... Não! Tô abrindo mão de fazer de mim um cinema ou uma produtora de seriados. Ando cansado de espetáculos assim, por demais repetitivos. É uma merda, mas tenho pressa. Vou ouvir algumas músicas deprês e me curar para amanhã, que é feriado!

Esperava ir dormir meio nas nuvens, mas estou indo para cama com os pés totalmente no chão.

É tão chato isto, mas c'est la vie. Boa noite (?)!

domingo, 4 de julho de 2010

Operático 2010

Criei poemas precisos, abri portas e tive medo: virei algo tácito
Cogitei ver outros filmes ou por ação no musical de 50
Decidi atentar nas minhas veias, mas insistia em ser clássico
Ter predileção pelo dito "belo" e pelo rebuscado, ouvir Aretha
Sensação de estupidez batida nas notas de um instrumento
Um piano que você parecia, inocentemente, não escutar direito

Ontem foi tudo diferente, mesmo não sabendo por quê
Perdido do mundo comum, eu estava junto de você
Mesmo que o seu celular fosse o de jornalistas cobrindo eleições
Queria ser eu o único escolhido para o cargo das suas atenções
Ou apenas ler o seu nome na lista de visualizações do meu orkut
Ficaria tão feliz que abriria mão de ver o sorriso perfeito de Judy

Acordei incomodado hoje, você não manda mensagens
Nas redes sociais, todos continuam ridentes da minha condição
Desconheço o motivo de olhá-los, eu detesto fotos com cara de paisagem
Estar com você tem sido um absinto sem álcool: só cor, só imaginação
Você me mata, não está aqui e nem sei se liga para isso, na verdade
Para você talvez eu seja um objeto apenas de burra admiração

Sinto falta de algo e escuto I don't know what it is neste domingo
Contudo Peach Trees tem sido o meu doce e venenoso hino
Começo a notar o desgaste das relações vizinhas
Temo pela nossa que sequer nasceu ainda
O tempo passa; preciso de uma mudança; decido viajar
Conseguiria viver sem a sua presença mitológica já?

Aí eu escrevo o que não tenho coragem de contar
Sou jovem, sou forte e desconsidero a precisão de certos esforços
Se você pudesse me ler, iria ter paciência de me interpretar?
É uma pergunta calada que grito se consigo olhar nos seus olhos
Seria você alguém ofuscado pelo monte de suposições donde vim morar?
Se sim, quero descê-lo a ser recebido nos seus heróicos braços

Acabo o texto cada vez mais lírico e pesado de coisas tolas e afins
Penso aonde vou parar de tal modo, se vale a pena erodir assim
Queria ser tão forte, elegante e seguro quanto Lord Henry
É incoerente, pois se vejo sua foto no meu twitter minhas pernas tremem
Mas do jeito que estou, sou um "quase-ser", um seminarista sem atitude
Desejoso como Dorian e atormentado como Eugênio ante a juventude


De volta das Ideias, ando neste mundo viciado
Encontro pessoas que queria esquecer por um ano
Desprezo os elogios fáceis a alguém como eu deslocado
Sou mal, sou perverso, sou terrível, sim, creio deveras
Um dia quero não me envergonhar de ser humano
Cansei. Estou indo ouvir Stormy Weather


Bito

terça-feira, 29 de junho de 2010

Conversa comigo

Eu, novamente, aqui. Após relutar, estou aqui. Nessas três semanas que separam a última vez que escrevi desta, mais redemoinhos vieram. Fui levado por ventos sorrateiros e indecisos; terminei derrubado. Mas havia "Como la Cigarra" e, assim, estou levantando-me, evitando desesperar. Dias e dias com perguntas existencialistas e dúvidas fúteis.

A relutância acontece quando venho desenvolver pensamentos, e concretizá-los através de palavras. Fico diante de uma situação interessante na qual as coisas têm de ser para valer ou, simplesmente, não devem ser. Eu não sei se estou sendo o meu "real característico", uma vez que ando desviando-me dele; no entanto, questiono-me, "será possível desviar-se de si mesmo por muito tempo?" A coisa boa dos reveses são os seus profusos resultados. É impossível não ser diferente depois deles. A gente deve mudar; Deus! A gente precisa tanto mudar... Eu vou mudar.

Nesses dias de Copa tudo está bem animado: o Brasil fica mais Brasil e todos estamos tão brasileiros. Ontem houve mais um jogo e, com ele, os palpites, expressões de sofrimento e êxtase, os xingamentos e tudo mais que o mundo inteiro faz, vê na tevê e repete quadrienalmente. Eu tive de ir trabalhar. Vi as ruas desertas e por algum momento perdi-me no espaço, na contemplação de um "Ensaio sobre (...)" algo que estava desenhando-se na criatividade de um fim de tarde cinza e envolvente. O táxi deu R$10,00. O meio dá subsídios ao homem: eu ando encorajado. Coisas que vejo, músicas que ouço têm dado a mim ânimo. As pessoas permanecem iguais, talvez porque eu continuo o mesmo: o que segue não dando tantos dados. Parece que as coisas vão caminhando; se você para, elas seguem andando.

Ainda olho para o alto, no rastro do que é brilhante, contudo com mais consciência de que sou incomum. Agir ciente é outra coisa: um inferno - por vezes -, mas também - em simultâneo - uma luz ou, para os mais realistas, uma lanterna. Preciso muito das pessoas, porém, algumas vezes, penso que tenho necessidade de pessoas. Eu não aceito isto! Sinto-me como em um jogo de esconde-esconde com a definição. Tenho problemas com a limitação e limites. Brinco de divagar, crio um campo para a distração. Tudo para mim deveria ser cor-de-rosa, ou melhor, azul. Adoro o azul. É um desvio para mim, uma ponte de ligação, na verdade. Quando estou diante do azul sinto-me em apuros por ser vínculo de algo com alguma coisa à qual não desejo tanto pertencer. Nota-se o que acontece quando entro em contato com o azul.

Amanhã é um dia de possíveis novidades, mas não quero ir dormir cedo. Acho que no mês que vem vou começar a fumar. Está chovendo e a fumaça junina está incomodando o meu nariz. Eu odeio fumaça, mas tem a história da linha "tênue" que divide el amor y el odio. Uma frase tão usada. Sei lá. Acho que nem gostaria tanto de cigarros, ainda que, pelo visto, necessite de pessoas. Acho que não preciso tanto assim do fumo.

Este texto deveria ser diferente, mas os dedos apontam uma direção conhecida. Uma pena. Só eu entendo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Mon doux enragé

"Não se cale nunca." Foi esta frase que fechou um recado de preservação de amizade. Há algum tempo estou querendo escrever sobre algo assim.

A explicação destas palavras vem da impressão que se sente das coisas estarem chegando a um estado complicado de se intitular, mas impossível de passar desaparcebido. Sabe-se apenas que ele está lá. Já senti isso algumas vezes na vida. Nós conhecemos pessoas, convivemos com elas e é no processo de troca que se apercebe o quanto serão na nossa existência: se apenas (boas ou más) lembranças ou se nos acompanharão, de uma forma ou de outra. Em alguns trechos do Caminho tive a chance de encontrar pessoas e pessoas. Este texto é uma mescla de saudosismo (ingrediente constitutivo, e permanente, deste blog) e percepção.

Faz pouquíssimo tempo, eu estava pensando em como cambiar o mundo, assimilando a indignação que certos professores me mostravam através dos autores e seus textos em análises apaixonantes. Estava no meio mais propício para encontrar os que, como eu, viam-se envoltos pela possibilidade da mudança, daquele sonho dourado de "fazer a diferença". Então eram discursos e pessoas inebriantes, impulsivas e donas da verdade, ou seja, a tradução mais plena da segunda juventude em seu brotar. Eu estava ali, no momento único e feliz do reconhecimento de afinidades; senti o cheiro, aproximei-me e bebi (ainda que usando de parcimônia) da doce fonte da juventude, de algo cuja vivência não tivera desde então. Vislumbrei a iminência de ser mais do que acreditava e fazer mais do que fizera até aquele ponto, de encontrar a diferença em meio à massa cimenteira. Naquele momento, posso, sem medo, dizer, vivi: amei e odiei, maltratei e fui maltratado, aprendi a ser humano, a ver ilusões nascer e ser abortadas; vingar, crescer e frutificar ou, simplesmente, morrer. Todos fomos culpados e, ao mesmo tempo, inocentes por tudo o que passou e nos aconteceu. Éramos tão jovens.

O período em questão proporcionou a mim experiências através de pessoas especiais, charmosas, inteligentes, de asas. Ah, como admirei aqueles seres! como os odiei por não serem fiéis a tudo o que me faziam acreditar e, por conseguinte, mostrarem-se contraditórios. Eu era assaz correto. Eu lutava contra a contradição. Para mim, ser contraditório era um subterfúgio aos que não se esforçavam para alcançar o difícil. Eu queria tanto achar pessoas que não se contentassem com o fácil. Mantive-me agarrado de tal maneira à ideia que, aos poucos, afastei-me daqueles sentenciados por mim. Veio depois Platão e ferrou com o resto[...].

É inarrável - se ela existir - a síntese das emoções sentidas por mim ao descobrir quão doce é amar e como é agoniante a fuga do ódio. A mistura de sentimentos foi uma constante, uma vez que acreditava nas palavras, esforçava-me para ser como os jovens da diferença, eu ouvia-os, quis estar com eles e terminei por sentir-me como José no Egito, ora iludido, ora solitário e irado. O que deveria fazer com os textos que havia lido, com as ideias cridas por mim e com as então malditas possibilidades? Eu não sabia: vi-me, novamente, rejeitado e, ainda por cima, agregado a novos fantasmas. De fato, ainda estou aprendendo a dar direção àquelas possibilidades, a ver que não são, de forma alguma, malditas. Elas são cargas que jamais planejara no percurso, mas que atualmente fazem parte da minha bagagem. Mais um aprendizado.

Ora me dou conta do fechamento daquele ciclo. Com ele foram as paixões e os deslumbres. Algumas vezes, penso estar crescendo - ou, sendo menos eufêmico, envelhecendo - e que aquele fogo deixou uma cicatriz a qual me traz lembranças de luta, como as de batalhas necessárias para delimitações irremediáveis. Quanto a lutar contra as contradições, não me atrevo, qual outrora, a ser tão severo com as pessoas humanas (exigindo delas a retidão platônica, afinal - parafraseando Saint-Exupéry - só se pode dar aquilo que se tem), pois descobri a minha humanidade por meio delas. Sendo assim, sempre as amarei, elas estarão sempre comigo. Rememorando, aprendo, a cada dia, a lidar com as minhas próprias contradições.

Sinto que mais um ciclo está por se fechar. Sinto que as coisas, mais uma vez, estão convergindo para uma nova realidade, um novo tempo para o qual tenho de me preparar. A imagem de casas rapidamente visitadas e acenos de despedidas rondam a minha cabeça. É o vislumbre de novo percurso.

Este texto, na verdade, é uma homenagem a todos os meus mais pujantes amigos e a um, em especial. Suas atitudes sempre me fizeram acreditar e me apaixonar, posto que via no seu esforço pueril uma luz, uma teimosa esperança de mudar - o que talvez nem mesmo ele atentava, mas que não lhe permitia a quietude mórbida dos jovens da nossa geração-. Fui a sua testemunha, vi o brilho nos seus olhos nas horas de luta, vi-o no mais exuberante da sua juventude. Brigamos e reatamos em simultâneo: senti o amor dele por mim. Eu respirei os ventos de vigor decorrentes das suas asas, apreciei seu insistente engajamento nos alistamentos aos campos do pertencer a algum lugar: ainda que fosse o trajeto escuro e lhe faltasse uma das pernas, sua esperança era a de encontrar o lar de objetos não-identificados conduzidos por soldadinhos de chumbos e bailarinas. Meu Tchaikovsky disfarçado de ave de rapina, siga, por favor, o conselho que inicia este texto. Sinto falta da sua alma de poesia.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Que mundo...



Os meninos devem ir à escola
Os pais veem os alertas da TV
As mães compram mochilas
"Não leve mochila pesada!"
O mundo é tão repetitivo

Os pais enchem mochilas com futuro
Os filhos penam para carregá-las
Os pais colocam mais coisas nas costas dos filhos
E dão-lhes broncas se não as levar
O mundo é tão redundante



Os pais exigem respeito pelas mães
Os filhos têm de consagrar seus pais
Os pais adoram a rua
As mães pagam os pecados por isso
O mundo é tão contraditório

As mães não querem palavras feias nos filhos
Uns pais ensinam palavrões aos filhos
Umas mães xingam os próprios filhos
Os pais não abraçam de graça seus filhos
O mundo é tão esquisito

As meninas são pequenas freiras
Os pais são os papas
As mães já foram meninas
Agora são religiosas casadas
O mundo é tão irônico

Uns meninos amam a escola
Uns meninos preferem a vida
As escolas ensinam para a vida
Mas viver não tem caído no vestibular
O mundo é tão disciplinado

Os meninos virarão homens
As meninas mulheres
Lê-se estável a união entre eles
Há famílias de homens e mulheres
O mundo é tão parcial

Todos já fomos crianças e ensinados
Seres encantados vão até a página final
Hoje não pensamos no fim das coisas
No exercício da inveja aos diferenciados
O mundo é tão frustrado

Eu sou tão jovem
Sofro pelo futuro
Reflito sobre o presente
Grudado no passado, penso
O mundo é tão engraçado

Bito