domingo, 4 de julho de 2010

Operático 2010

Criei poemas precisos, abri portas e tive medo: virei algo tácito
Cogitei ver outros filmes ou por ação no musical de 50
Decidi atentar nas minhas veias, mas insistia em ser clássico
Ter predileção pelo dito "belo" e pelo rebuscado, ouvir Aretha
Sensação de estupidez batida nas notas de um instrumento
Um piano que você parecia, inocentemente, não escutar direito

Ontem foi tudo diferente, mesmo não sabendo por quê
Perdido do mundo comum, eu estava junto de você
Mesmo que o seu celular fosse o de jornalistas cobrindo eleições
Queria ser eu o único escolhido para o cargo das suas atenções
Ou apenas ler o seu nome na lista de visualizações do meu orkut
Ficaria tão feliz que abriria mão de ver o sorriso perfeito de Judy

Acordei incomodado hoje, você não manda mensagens
Nas redes sociais, todos continuam ridentes da minha condição
Desconheço o motivo de olhá-los, eu detesto fotos com cara de paisagem
Estar com você tem sido um absinto sem álcool: só cor, só imaginação
Você me mata, não está aqui e nem sei se liga para isso, na verdade
Para você talvez eu seja um objeto apenas de burra admiração

Sinto falta de algo e escuto I don't know what it is neste domingo
Contudo Peach Trees tem sido o meu doce e venenoso hino
Começo a notar o desgaste das relações vizinhas
Temo pela nossa que sequer nasceu ainda
O tempo passa; preciso de uma mudança; decido viajar
Conseguiria viver sem a sua presença mitológica já?

Aí eu escrevo o que não tenho coragem de contar
Sou jovem, sou forte e desconsidero a precisão de certos esforços
Se você pudesse me ler, iria ter paciência de me interpretar?
É uma pergunta calada que grito se consigo olhar nos seus olhos
Seria você alguém ofuscado pelo monte de suposições donde vim morar?
Se sim, quero descê-lo a ser recebido nos seus heróicos braços

Acabo o texto cada vez mais lírico e pesado de coisas tolas e afins
Penso aonde vou parar de tal modo, se vale a pena erodir assim
Queria ser tão forte, elegante e seguro quanto Lord Henry
É incoerente, pois se vejo sua foto no meu twitter minhas pernas tremem
Mas do jeito que estou, sou um "quase-ser", um seminarista sem atitude
Desejoso como Dorian e atormentado como Eugênio ante a juventude


De volta das Ideias, ando neste mundo viciado
Encontro pessoas que queria esquecer por um ano
Desprezo os elogios fáceis a alguém como eu deslocado
Sou mal, sou perverso, sou terrível, sim, creio deveras
Um dia quero não me envergonhar de ser humano
Cansei. Estou indo ouvir Stormy Weather


Bito

Um comentário:

Anônimo disse...

Arrasou.
Dou um biscoito doce para saber quem foi a fonte de inpiração!
Belas palavras, mesmo precisando de um mini dicionário para avaliar o seu significado. Beijos e me comenta!