sábado, 31 de julho de 2010

Élan Vital

O abismo de madeira da mesa de jantar
Separa o presente e um trêmulo futuro
Vozes familiares, quase impossíveis de suportar
A prisão num lar de fim-de-tarde mudo

Fuggi Regal Fantasima, frase de Verdi
Mas numa canção ela veio e tudo pareceu voltar
Aquele tempo em que pagou por andar diferente
Quando sentira necessidade de crescer e tentar

Com fantasmas visitou concertos e imaginou
E se não pensasse nos contras e nos males
Só Caetano, apenas Gal e unicamente os Beatles
Qual o grande problema se ousasse

Quanto custa a coragem da mudança
É um valor raro para, aos poucos, sentir
Não cabe mais carregar a velha criança
The Killers, The World We Live in

Experimentando dias faraônicos e de Aida
Ser dividido entre a ambição e o esforço
No guarda-roupa o MacBeth não lido ainda
Na cabeça, Huxley e dois mundos novos

É preciso ouvir, conhecer e amar Chicos
Viajar pela Ciência e um dia à Holanda
Passear de bicicleta por campos índigos
O desejo de experimentar ser enfim vivo

Das mesas com cadeiras aos recitais ermos
A televisão noturna e as pragas tecnológicas
Esse bolo imundo de dígitos, vícios e malogros
Servirão a consulta qual caderno roto de notas

Sem olhar para trás, não hesitar ante o nada
Indescritível sabor é o de livrar-se do Sempre
Olhar para os pés e senti-los tocar a Estrada
Caminhando e cantando: Smile like you mean It...


Bito

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