sábado, 31 de agosto de 2013

Por aí...

Depois de dormir e acordar em minha casa brasiliense, aos poucos vem voltando a noção de estar ao ponto de inicio, ou de continuação. Em pouco mais de duas semanas fiz uma trajetória do tipo 'detox' que englobou em um curto período de tempo o que eu precisava para saber mais um pouco da Vida.

SÃO PAULO (14 a 19 de agosto) - Outro Lugar do Mundo


'Mão', de Oscar Niemeyer (1980), São Paulo
Eu saí de Brasília, com minha cabeça ainda ecoando o que falei (repetidas vezes) àqueles/as que vinham falar comigo sobre planos presentes e futuros: "estou cansado; preciso descansar"; então, falava a mim mesmo que São Paulo seria, a partir daquele momento, 'Sampa'. Embalado pelo drum 'n' bass de Fernanda Porto, fui saboreando desde a saída do aeroporto de Guarulhos o diferente cinza paulistano. Observei, de dentro de um ônibus, uma cidade rápida, pessoas várias, vezes espremidas, vezes soltas em um dia que parecia ter sido enviado para minha chegada. Engraçado, daquela vez, resolvi fazer tudo diferente, ou seja, nada de táxis e afetações imbecis: fiz tudo saboreando a realidade que é de todos/as aqueles/as que encaram a 'vida real'. Ouvi Emicida e Criolo falando de uma cidade que, apesar de não ter visto propriamente, mostrava-se em expressões e roupas e jeitos. Incrível! Vi arte, andei tanto de metrô, senti-me
A visita da Alegria, ago/13
parte daquele espaço tão complexo e tão amplo, que apresentava uma pluralidade tão única. Sampa foi pra mim sinônimo de cultura, lugar onde eu pude estar um pouco mais preocupado em entender o que me dizia uma figura rebelde de Tomie Othake e o que eu poderia reconhecer como sendo eu, como um Brasil em andares e paredes da Pinacoteca. Até que veio um presente em forma de amiga. Ela, que, além de me mostrar uma banda mais bonita da cidade, foi ela mesma a portadora da coisa mais bela de Sampa. Foi a segunda fase do período áureo da fuga estratégica planejada. Nós sorrimos tanto, abraçamo-nos tanto; falamos de coisas e sobre coisas cujas possibilidades de realização mostram-se aparentemente bloqueadas diante da correria da sobrevivência dentro de centros cinzas e concretos como onde vivemos. A despeito das artes e da tecnologia, que me fascinam, andar de braços dados com alguém tão sedenta de raridades quanto eu foi a melhor coisa de Sampa para mim. Nós ficamos algo triste nos instantes finais, mas esperançosos de que os ventos de beleza nos mostrem a direção para novos reencontros. Ela me trouxe a inspiração de volta. Mais informações (hehehe!): aqui.

CAMPINAS (19 a 23 de agosto) - Um Dia muito Cedo


Depois do onírico de minha fuga estratégica, fui rumo ao purgatório. Viajei a Campinas para encerrar algo que não tinha nome, um assunto virtual que eu precisava entender. Lá, ele me recebeu. Desde Sampa vinha ouvindo 'Too Much', das Spice, e pensando no trecho "I need a man, not a boy who thinks he can"... eu parecia esperar ansiosamente por esse trecho porque traduzia o que sentia. Nossa história. Quando nós nos conhecemos, foi algo lindo. Foi 'Tiergarten'. Algo que parecia ter começado como mais um encontro casual de viagem e que terminaria na própria viagem. Ledo engano. Sutilmente, foram os gostos parecidos, similitudes outras diversas e, subitamente, pegamo-nos prometendo um ao outro algo que nem nós mesmos sabíamos o que era: apenas não queríamos perder o que parecia tão delicado, talvez plasmar em um projeto a ser resolvido aquele encontro raro de se dar. Dentre esses últimos um ano e seis meses, após telefonemas, mensagens, nós nos encontramos duas vezes. A primeira vez que nos vimos após nosso encontro de almas, ainda em abril do ano passado, foi um momento também diferenciado: fomos a um lugar lindo e com gente amiga. Naquela fase, estávamos aproveitando de modo mais tranquilo a companhia um do outro, aquela coisa de ir ao supermercado juntos, comprar as coisas que seriam necessárias para, tipo, uma temporada no paraíso. Enfim, não me lembro exatamente do modo como estava me sentindo, na época, em relação àquilo tudo porque era a primeira vez que uma coisa daquelas acontecia em minha vida. Eu só me recordo que estávamos refugiados, apartados do mundo e de nossos medos e questões externas: fomos só cuidados e mimos e beijos e abraços e tudo mais que duas pessoas que se 'acham' neste mundo podem ser... e fazer. Mas não tardaram a vir as Eternas Ondas para nos levar de volta à vida cotidiana. Para ele, não sei, parecia uma situação de provável contorno, como se nossa separação física  fosse ser resolvida nas próximas 'férias com direito a um amor para chamar de seu' - as quais poderiam se repetir dali a alguns meses. Não bastavam para isso ligações noturnas e mensagens. Para mim, aquele cenário não estava agradável, pois não encarei - e não encaro - minhas relações como períodos de recompensa por uma vida monótona; sendo assim, aquilo já me incomodava porque não havia algo concreto, uma relação de verdade. Era uma brincadeira. A distância, então, passou a pesar de verdade porque me via falando vasos chineses por mensagens e as chamadas eram de uma monotonia esquisitíssima: "e aí, como foi o trampo hoje?"; "o que você fez hoje?"... e as respostas: "Normal". Passamos a falar de quaisquer coisas que pudessem sustentar meia hora de papo: tevê, problemas de casa, cotidiano. E eu sempre falando mais, esforçando-me mais para estabelecer fios narrativos... Ele me falava de saudades, e eu já não sentia saudades; ele dizia que queria me ver, e eu já nem queria tanto. Para mim, nós dois éramos uma lembrança bonita, mas que se resumiu e concentrou na perspectiva da possibilidade. Eu havia me dado conta disso. Chegou, enfim, o tempo em que combinamos novo encontro. Foi justamente na fase confusa por que vinha passando. Eu fui. Após Sampa, eu me sentia um pouco mais revigorado, pronto para seguir, mas então com coisas novas e diferentes. Uma vez junto dele, tentei entender o que acontecia, se havia a possibilidade outra da concretude de uma relação, que aparentemente ele queria. Além disso, o sexo passou também a não ser tão bom quanto antes, talvez, porque algo em mim tivesse mudado. E passei quatro dias pensando sobre aquela nossa vida, sobre como avançar sem causar danos, como talvez tentar salvar nossa vida. Não deu. Abafado pelas obrigações do trabalho, ele chegava no fim da tarde, saía cedíssimo e eu ficava um dia inteiro dentro da casa dele, vendo coisas no Netflix, remoendo memórias, cogitando estratégias, sozinho, como eu não queria estar. Com ele eu me sentia ora completo, ora vazio: eu sentia que a conversa não se afinava. Definitivamente, para mim, não era mais a mesma coisa. Veio o dia em que, por faltas de ambos, rompemos de vez. Sem verbalizações.  Típico. Mais uma vez, estávamos sublimando-nos a nós mesmos, plasmando nossa história em uma virtualidade que já me incomodava havia algum tempo. Foi um dia depois de seu aniversário e me doeu muito ter dissipado aquela névoa de uma forma inerente a ela: triste e calada. Encerrava-se em uma manhã fria um tempo de beleza e raridade com alguém verdadeiramente bom, mas incompatível com a atual fase de minha vida (e com as perspectivas que Sampa me soprara havia pouco). Não havia mais espaço para o que tínhamos em minha vida. Eu escrevo com certo pesar, mas não consegui chorar. Preferi seguir. 

SALVADOR (24 a 29 de agosto) - Gostar de Alguém


Elevador Lacerda, Salvador
Na última parada da minha fuga estratégica, fui para a calorosa Salvador. Durante o voo de uma cidade para outra, não saíam de minha cabeça as palavras ouvidas e as lágrimas vistas. Eu, no entanto, daquela vez, não me culpei totalmente por aquilo, por tudo o que escutei. Ouvindo 'Day to Soon', da Sia, via da janela do avião o nada que transforma em linhas e contornos aéreos cidades inteiras e como podem ser tão frágeis as relações também. Lá de cima, pensei muito nele, mas decidi que tudo aquilo estava sendo feito por mim porque eu precisava respirar, sair de uma submersão gris. No dia seguinte, eu me encontraria com um amigo e uma nova etapa começaria. Campinas passava a pertencer a um passado. Era a hora de sentir e de voltar à Terra. À noite eu cheguei à capital baiana. Decidi seguir a conduta adotada em Sampa: busão total e gastos mínimos. Peguei minhas três bagagens e embarquei olhando atentamente aquela confusão de casas empilhadas e de prédios imponentes que caracterizam um dos lugares onde mais gosto de estar. Desci no lugar certo e fui andando até o Laranjeiras Hostel, no Pelourinho.Começava ali mais um momento incrível dessa temporada... Nem sei como contar... nem sei como contar...Enfim... Meu amigo chegou lá, tivemos um momento muito legal, pois ele 'me forçou' a sair, conhecer lugares que, se não fosse por ele, não iria.
Irmãos - Pelourinho, ago/13
Mas o que Salvador me trouxe mesmo foi um amor de verão e a descoberta de que tenho um amigo-irmão. Rimando como uma boa canção. Estou rendido às memórias daquela pele cor de noite, daquele sorriso... Ah! Mudando de assunto... Hehehehe! Salvador, a cidade e suas pessoas, o movimento, o calor de lá coroaram uma trajetória que serviu para ver Brasília como um lugar de passagem, no qual, provavelmente, terei de focar cada vez mais nas coisas que quero para avançar e seguir. Salvador reavivou em mim o sentido da graça, de coisas raras,  como o falar por falar, sem que haja interesse ou uma personagem arbitrariamente vestida para impressionar. Lá, sem querer, eu voltei a sentir amor, graça, desejo, ou seja, voltei a me sentir humano, com sangue nas veias. Um detalhe: quando saía andando pelas ruas, não tanto pelo Centro Histórico, via que foi dali que eu vim, aquele clima 'insuportável de quente' era minha origem: meu Nordeste gritava outra vez. Eu andei. Eu vivi. Eu senti. E já essas coisas são difíceis neste momento, para mim, de descrever.

Agora, dois dias depois de haver chegado, estou aqui pensando em como retirar e aplicar ensinamentos para a nova temporada. Preciso pensar com cuidado, pois vivi coisas muito boas para minha proposta de evolução. Acredito que estou entrando em uma fase de encerramento de ciclo. Sinto como se esta fosse a primeira etapa do fim arrumando o início de outro momento. Talvez seja agora a hora de colocar em prática os planos subsequentes imaginados e desejados lá em Aracaju. Whatever... De qualquer forma, é bom voltar a me sentir na Estrada.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Mortificar: 1ª pessoa do singular

Segunda-feira. Caminhando para o segundo semestre de 2013. Para hoje, eu tenho um sem-número de coisas para fazer. Eu viajo na quarta-feira para Sampa. É uma daquelas minhas loucuras, mas, claro, planejadas. Enfim, isso importa pouco neste momento; o que me faz escrever é um sentimento esquisitíssimo de desordem interna. Eu me sinto como se tivesse sentado em um monte de coisas por fazer e sem dar conta de executar um passo bem. Não sei, ando dizendo a todos que estou cansado, cansado... cansado demais. Ando cansado de tanto cansaço.



Hoje acordei e fui lavar a pilha de pratos habitué de minha casa. Por sinal, minha casa é um capítulo à parte. Eu me sinto em um misto de prazer e dor dentro dela. Eu devo isso ao início. Logo quando cheguei aqui, umas coisas estranhas aconteceram: a torneira do banheiro quebrada (por mim) e água para todos os lados; uma conta abusiva de água; pingueiras assustadoras; até a perda da chave... (até tive uma bicicleta roubada) enfim, coisas que me fazem não relaxar nunca: sempre acho que algo vai acontecer. Eu me digo às vezes que não devo reagir de forma tão grave porque, no frigir dos ovos, são coisas corriqueiras; porém, em outros momentos, sou invadido por uma sensação terrível de desamparo que se converte em lágrimas. E ninguém sabe disso. Enfim, acredito que isso é a vida também - refiro-me às preocupações cotidianas e aos acidentes diários. Só sei que minha incapacidade de concluir as pendências têm servido como uma desculpa formidável para me sentir mal, 'o só', 'o incompreendido', ou seja, aquele Pablo que conheço super bem e de quem não gosto muito. Mas é a síndrome. Não estou culpando a humanidade pelas consequências de minha vida.

Além das aventuras de ter uma vida para tocar, eu tenho passado pelo campo lúgubre da solidão. Minha companhia mais assídua (que coisa deprimente, meo deos!) tem sido a televisão. Também, em alguma medida, é uma escolha. As pessoas me chamam, eu saio com elas, mas tudo me entedia porque não quero ter de passar muito tempo fingindo não me importar com as coisas que não concordo - e que são absurdamente praxe social. Minha própria acompanhante me enfada: não tenho mais paciência para telenovelas; a maioria dos programas é um insulto à inteligência e os telejornais parecem executar o movimento de batedeira, ou seja, circulares em movimentos elípticos, misturando tudo em massa e voltando a rodar. Estou enjoado. Eu preciso de férias, mas não sei se conseguirei ter o tempo de que preciso. O tempo também acaba comigo. Agora, por exemplo, estou calculando ficar escrevendo aqui no blogue até determinada hora para que eu tome banho, coma alguma coisa e saia para pagar as contas (cujo pagamento, ainda segundo minha cabeça, deveria já ter sido feito na parte inicial do dia!). Eu noto: infelizmente, não se trata de encontrar uma saída para o desconforto que sinto, mas de aprender com tudo o que está acontecendo a contornar o que já aponta para uma quase paranoia. Isso é preocupante. Isso é profundamente chato. É uma merda 'ter de aprender' o que não se quer.

A questão é que, para mim, estou claramente em um período crítico. Não sei, mas me vejo querendo superar essas coisas, entretanto, se analiso friamente, observo que talvez eu precise aguentar um pouco mais, reconhecer minhas fraquezas e mais coisas outras vindouras. Estar aqui, no blogue, já é um primeiro passo. O fato é que não tenho vontade de fazer nada nesse contexto, e isso me mata. Quando entro em casa, só quero ver televisão, comer, dormir e, se possível, não levantar. Tenho muito, muito medo dessas coisas, pois vem junto um zilhão de outras. A saudade de minha mãe é uma delas. Aquele desejo de estar do lado dela quando me liga perguntando amenidades - tais como colocar um acento nas mensagens escritas no Facebook para minha irmã - é doce e venenoso. Minha melhor amiga me dizendo que queria me ter por perto porque está passando por uns perrengues e que tem se sentido meio sozinha é nada mais do que mortificante. São as saudades de Aracaju, um local deturpado em beleza pela solidão vivida na fase brasiliense de minha vida.

Não sei se necessariamente trata-se de início de depressão, pois minha vida em Brasília tem sido, em si, 'pressurizada'. Quando dou por mim, estou me vendo cobrado, em diferentes modos, níveis e escalas. Sinto uma pressão para 'ter e ser isso', 'ter de fazer aquilo', 'ter o tempo, tempo, tempo, tempo, tempo, tempo, tempo para tal atividade'... é também o dinheiro que nunca sobra, como antes, e meu medo de passar por apertos. Isso me faz não querer sair de minha casa, mas pouco adianta, pois a televisão, minha tal companheira, projeta a realidade que me machuca, contudo de maneira atrativamente fria e angular, na mais alta definição. Penso na companhia dos livros, e vejo-me sem tocá-los. É, sem dúvida, o sinal de alerta. 

Ir a São Paulo talvez me dê uma possibilidade de correr daqui... uma fuga. Eu assumo.

sábado, 3 de agosto de 2013

Eternas ondas

Terceiro dia de agosto. É com lágrimas que começo escrevendo esta postagem de hoje. Elas talvez sejam a razão maior para o texto. Hoje é um sábado. Como de costume (nos fins de semana), acordei tarde, tipo, faltando pouco para o meio-dia. Mandei umas mensagens para minha melhor amiga e para outras pessoas. Acho que foi uma forma de já preencher o dia, que, para mim, acabara de começar. Como ninguém me respondeu prontamente, fui ligar a tevê e, zapeando, encontrei Sia cantando. Eu não sei muito dessa cantora, a não ser por causa de 'Six Feet Under': 


Essa música, 'Breathe me", marcou-me durante muito tempo, bem antes de eu vir a Brasília. Lá em Aracaju, em minhas constantes e saudosas madrugadas, eu assisti ao final da série - traduzida pelo SBT como 'A Sete Palmos' - e fiquei com a canção na cabeça. Vindo para cá, assisti a todas as temporadas de SFU, e 'Breathe me' assumiu contornos mais pessoais. Enfim, tudo isso para dizer que, a despeito de me esquecer algumas vezes, o Tempo passa... e volta. Eu me lembrei do quanto andei até aqui e neste momento de cansaço (e de quase esgotamento) preciso resistir, não devo me entregar.

Muitas coisas aconteceram e tive que lidar com várias outras. Este blogue mesmo é um exemplo da avalanche: desde maio, não consigo escrever nada aqui! Assim tem sido meus dias. Não é uma reclamação: ando percebendo de modo claríssimo que fiz uma escolha e que tenho de aceitar seus resultados - os pontos bons e o não tão bons. Há quase quatro anos, eu vinha para cá, em um misto de fuga e de esperança. Fugia de um mundo, para mim, paspalho, com gente se formando para a paspalhice; eu não queria aquilo para mim e tinha a esperança de saber de um mundo novo - confesso, uma coisa meio Ariel cantando 'Part of your world' (hehehe!)... Respirei fundo e embarquei. 

Naquele tempo - posso falar assim porque, depois de cinco anos (ou próximo a esse tempo), as coisas passam a pertencer a caixas de lembranças -, eu pensava que deveria conhecer 'o mundo', sair de minha caixinha, enfim, brilhar, brilhar, brilhar! Havendo feito isso, ter pessoas me dizendo o quanto eu fui 'corajoso' foi uma espécie de lustre em minha armadura de cavaleiro andante e destemido; aquilo, entretanto, não era, ou melhor, não parecia suficiente (pois logo percebi que de qualquer maneira eu não conseguiria ter ficado ali, e, por consequência, vi que ser inconformado é algo de minha natureza). Eu percebi que todos são capazes de fazer o que eu fiz, desde que haja possibilidades internas e externas: vontade, apoio e dinheiro, os elementos para qualquer expedição imprevisível. Assim são as cruzadas. Mas, dentro de mim, sei que me dar conta de que não temi o imprevisível foi sim o maior prêmio.

Enfim, hoje, estou em Brasília e vivendo 'meu próprio sonho'. Muito do que quis tenho. É bom isso, mas, por vezes, minha natureza grita em mim. Sinto como se estranhamente estivesse assentando, e não é tempo ainda. Provavelmente isso esteja sendo potencializado pelo cansaço: encerrei um processo de mestrado com a escrita meio alucinada de uma dissertação ao mesmo tempo em que participava de um processo de seleção de doutorado; enfrentei, ainda nesse tempo, uma situação de vampirismo social tensa, além de me desgastar procurando por um lugar para viver neste inferno paradisíaco chamado Brasília (onde viver bem implica ter dinheiro). Pode parecer reclame de quem nunca se esforçou para ter as coisas, mas, ainda assim, foi tudo ao mesmo tempo, comigo sozinho. 

Colina (2012-2013)
Abro parênteses para explicar o 'sozinho'. Contei com o apoio de gente nos sentidos financeiro e logístico, mas meus traumas e medos pouco dividia com elas. Esquisito, eu sentia que, apesar de me ajudar, não entendiam propriamente o que se passava comigo; pelo menos, nos comentários que elas faziam eu não sentia o conforto que se sente quando há a empatia com o outro. Quiçá não fosse de todo culpa das pessoas, visto que fiz uma opção por depender o mínimo delas - com a ideia de que 'People just ain't no good'. A cada dia mais observo, infelizmente, que a lei do mínimo esforço é praxe na maior parte das relações sociais. Tudo isso me fazia querer ser forte e o esforço dorido repercutia em meu jeito de expressar minhas confusões. Acredito que seja essa a justificativa de ter me sentido sozinho.

A questão é que as coisas, agora, parecem estar se acalmando e eu - como quem é ferido a bala e corre para não ser alvejado novamente - estou sentindo o efeito retardado no exato momento de redução da velocidade. 

Volto a este blogue para transferir o peso dessa desaceleração. Há coisas que preciso proceder. Sinto este espaço como uma fonte de força para tanto. Eu estou disposto a resgatar o Pablo que há quase quatro anos saiu para brilhar. Venho conhecendo pessoas de quem gosto e outras tantas que me cansam bastante. Na verdade, acho que, a cada dia, ando mais picky e isso às vezes me deixa preocupado em relação à nova etapa de vida que está para se abrir. Apesar disso, constato que esse sou eu e que, em lugar de me esforçar para mudar mais, é possível que valha a pena aceitar essas características mais exigentes e um pouco 'chatinhas'. O que quero dizer é: na próxima temporada de minha vida, pretendo ser cada vez mais do jeito que sou e praticar, infelizmente, a lei do mínimo esforço com quem eu percebo que é assim. É que não quero perder meu tempo com quem não precisa de mim, com aquelas pessoas impositiva e insuportavelmente autossuficientes ou com aquelas que são as donas da verdade, pois não quero acentuar essas particularidades em mim - uma vez que também são parte de meu caráter. Vejo que é tempo de avançar efetivamente.

Enfim, fico feliz por ter conseguido terminar este texto. é importante e bastante simbólico para mim isso. Minha casa me espera para o início de uma faxina, coitada. Essa casa, contudo, é papo para outro momento. Tem muito para ser escrito; tem bastante para ser superado. Estou nessa rota. Estou voltando, babies!

Minha nova casa

Ah! Eu tenho uma casa: eu sou um verdadeiro desperate househusband!!! Hahahaha!

#partiu