sábado, 3 de agosto de 2013

Eternas ondas

Terceiro dia de agosto. É com lágrimas que começo escrevendo esta postagem de hoje. Elas talvez sejam a razão maior para o texto. Hoje é um sábado. Como de costume (nos fins de semana), acordei tarde, tipo, faltando pouco para o meio-dia. Mandei umas mensagens para minha melhor amiga e para outras pessoas. Acho que foi uma forma de já preencher o dia, que, para mim, acabara de começar. Como ninguém me respondeu prontamente, fui ligar a tevê e, zapeando, encontrei Sia cantando. Eu não sei muito dessa cantora, a não ser por causa de 'Six Feet Under': 


Essa música, 'Breathe me", marcou-me durante muito tempo, bem antes de eu vir a Brasília. Lá em Aracaju, em minhas constantes e saudosas madrugadas, eu assisti ao final da série - traduzida pelo SBT como 'A Sete Palmos' - e fiquei com a canção na cabeça. Vindo para cá, assisti a todas as temporadas de SFU, e 'Breathe me' assumiu contornos mais pessoais. Enfim, tudo isso para dizer que, a despeito de me esquecer algumas vezes, o Tempo passa... e volta. Eu me lembrei do quanto andei até aqui e neste momento de cansaço (e de quase esgotamento) preciso resistir, não devo me entregar.

Muitas coisas aconteceram e tive que lidar com várias outras. Este blogue mesmo é um exemplo da avalanche: desde maio, não consigo escrever nada aqui! Assim tem sido meus dias. Não é uma reclamação: ando percebendo de modo claríssimo que fiz uma escolha e que tenho de aceitar seus resultados - os pontos bons e o não tão bons. Há quase quatro anos, eu vinha para cá, em um misto de fuga e de esperança. Fugia de um mundo, para mim, paspalho, com gente se formando para a paspalhice; eu não queria aquilo para mim e tinha a esperança de saber de um mundo novo - confesso, uma coisa meio Ariel cantando 'Part of your world' (hehehe!)... Respirei fundo e embarquei. 

Naquele tempo - posso falar assim porque, depois de cinco anos (ou próximo a esse tempo), as coisas passam a pertencer a caixas de lembranças -, eu pensava que deveria conhecer 'o mundo', sair de minha caixinha, enfim, brilhar, brilhar, brilhar! Havendo feito isso, ter pessoas me dizendo o quanto eu fui 'corajoso' foi uma espécie de lustre em minha armadura de cavaleiro andante e destemido; aquilo, entretanto, não era, ou melhor, não parecia suficiente (pois logo percebi que de qualquer maneira eu não conseguiria ter ficado ali, e, por consequência, vi que ser inconformado é algo de minha natureza). Eu percebi que todos são capazes de fazer o que eu fiz, desde que haja possibilidades internas e externas: vontade, apoio e dinheiro, os elementos para qualquer expedição imprevisível. Assim são as cruzadas. Mas, dentro de mim, sei que me dar conta de que não temi o imprevisível foi sim o maior prêmio.

Enfim, hoje, estou em Brasília e vivendo 'meu próprio sonho'. Muito do que quis tenho. É bom isso, mas, por vezes, minha natureza grita em mim. Sinto como se estranhamente estivesse assentando, e não é tempo ainda. Provavelmente isso esteja sendo potencializado pelo cansaço: encerrei um processo de mestrado com a escrita meio alucinada de uma dissertação ao mesmo tempo em que participava de um processo de seleção de doutorado; enfrentei, ainda nesse tempo, uma situação de vampirismo social tensa, além de me desgastar procurando por um lugar para viver neste inferno paradisíaco chamado Brasília (onde viver bem implica ter dinheiro). Pode parecer reclame de quem nunca se esforçou para ter as coisas, mas, ainda assim, foi tudo ao mesmo tempo, comigo sozinho. 

Colina (2012-2013)
Abro parênteses para explicar o 'sozinho'. Contei com o apoio de gente nos sentidos financeiro e logístico, mas meus traumas e medos pouco dividia com elas. Esquisito, eu sentia que, apesar de me ajudar, não entendiam propriamente o que se passava comigo; pelo menos, nos comentários que elas faziam eu não sentia o conforto que se sente quando há a empatia com o outro. Quiçá não fosse de todo culpa das pessoas, visto que fiz uma opção por depender o mínimo delas - com a ideia de que 'People just ain't no good'. A cada dia mais observo, infelizmente, que a lei do mínimo esforço é praxe na maior parte das relações sociais. Tudo isso me fazia querer ser forte e o esforço dorido repercutia em meu jeito de expressar minhas confusões. Acredito que seja essa a justificativa de ter me sentido sozinho.

A questão é que as coisas, agora, parecem estar se acalmando e eu - como quem é ferido a bala e corre para não ser alvejado novamente - estou sentindo o efeito retardado no exato momento de redução da velocidade. 

Volto a este blogue para transferir o peso dessa desaceleração. Há coisas que preciso proceder. Sinto este espaço como uma fonte de força para tanto. Eu estou disposto a resgatar o Pablo que há quase quatro anos saiu para brilhar. Venho conhecendo pessoas de quem gosto e outras tantas que me cansam bastante. Na verdade, acho que, a cada dia, ando mais picky e isso às vezes me deixa preocupado em relação à nova etapa de vida que está para se abrir. Apesar disso, constato que esse sou eu e que, em lugar de me esforçar para mudar mais, é possível que valha a pena aceitar essas características mais exigentes e um pouco 'chatinhas'. O que quero dizer é: na próxima temporada de minha vida, pretendo ser cada vez mais do jeito que sou e praticar, infelizmente, a lei do mínimo esforço com quem eu percebo que é assim. É que não quero perder meu tempo com quem não precisa de mim, com aquelas pessoas impositiva e insuportavelmente autossuficientes ou com aquelas que são as donas da verdade, pois não quero acentuar essas particularidades em mim - uma vez que também são parte de meu caráter. Vejo que é tempo de avançar efetivamente.

Enfim, fico feliz por ter conseguido terminar este texto. é importante e bastante simbólico para mim isso. Minha casa me espera para o início de uma faxina, coitada. Essa casa, contudo, é papo para outro momento. Tem muito para ser escrito; tem bastante para ser superado. Estou nessa rota. Estou voltando, babies!

Minha nova casa

Ah! Eu tenho uma casa: eu sou um verdadeiro desperate househusband!!! Hahahaha!

#partiu

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