sábado, 25 de dezembro de 2010

Uma mensagem


É Natal. Para mim, um dos momentos mais complexos do ano. Mandei, ontem, uma mensagem a um amigo falando sobre a minha impressão quanto ao dia. Mas, definitivamente, eu sinto, não é uma época igual às outras.

Pessoas escrevem diversos textos sobre o Natal; algumas vezes, elas ressaltam - felizmente - que não se deve encarar o dia 25 apenas como uma das datas mais quistas - senão a mais - pela nossa sociedade de consumo. É válido fazer a ressalva, mas não é exclusivamente sobre isso que tratarei. Na verdade, tenho a sensação de que falar coisas assim soa como chover no molhado. Este é o meu ponto.

Aqui em Brasília a arrumação natalina não está nada sofisticada. Pelo contrário, há pouco mais que as indefectíveis luzes derramadas sobre os prédios públicos da Esplanada dos Ministérios, bem como sobre os apartamentos das quadras. Eu, ontem, indo a caminho de uma ceia, questionei o fato a uma amiga, mas acordei pensando sobre o assunto. A simplicidade condiz com o Natal. 

2010 foi mais um fim de ano que passei longe da minha família. Na transição do ano passado, inclusive, estava em outro país, em outra cultura. Foi duro, mas este está em verdadeira competição com aquele. É incrível como o dia de hoje é uma experiência agridoce: complicada de se achar o ponto certo, variando escalas dentro de uma mesma noite. Apesar da pompa católica, pode-se sentir bastante estranho, às vezes, deprimido com encontros familiares ou amicais e, no entanto, em, pouco tempo, alternar o humor diante das bebidas, luzezinhas e dos montes de comida servidos durante o jantar. 

Uma certa confusão acontece, pois o Natal, em si, é uma data reflexiva, a qual é maquiada e enfeitada com luxo e brilho a fim de não ser tomada pela sua faceta "complicada". Afinal, é difícil refletir quando o mundo é uma festa infinda: luzes, luzes, luzes! presentes e embrulhos! comida e bebida! (...) E acabamos todos por ofuscar o sentido inerente. Acabo de fazer uma crítica não planejada, porém coerente com a minha intenção. Por outro lado, a data também inspira o sentimento de alegria: por estarmos com aqueles de quem gostamos, pelo ritual de reunir a família e/ou os amigos, ter fotos e aquelas situações cômicas que surgem sempre que pessoas diferentes se juntam. Uma espécie de vibração alheia à do cotidiano parece ganhar massa e querer descansar a mão sobre cabeça dos que sentam juntos para celebrar; então o Natal ganha o seu papel fundamental, o da glória ao triunfo do amor e do bem, a despeito das várias perversidades.

Eu acredito profundamente no Espírito do Natal. Aliás, esse é um conceito que faço questão de preservar. Todo dia 25 do ano penso mais fortemente sobre Ele, sinto precisar da sua presença, uma vez que, com Ele, tenho a possibilidade paradoxalmente concreta de ver o mundo com outros olhos. Uns bons.

Enfim, neste dia de Natal, desejo ao mundo (e,consequentemente, aos que amo) que sinta mais, tente encontrar o Espírito do Natal, e que torne-se próximo dele. Desejo que as coisas tão lindas ditas durante o dia possam tomar corpo nos demais, permeando o novo ano a caminho; que percebamos que somos partes únicas e essenciais do mundo, que são significativas as nossas ações, que ouçamos e leiamos realmente, com atenção, os avisos e as demonstrações de existência desse Espírito. Espero que possamos refletir sobre as nossos atos, sobre as nossas vaidades, sobre as coisas que dizemos e fazemos aos outros, sobre o quanto de bem estamos deixando e multiplicando pelo Caminho - muitas vezes, tortuoso - da nossa existência; que não nos deixemos ofuscar pela quantidade excessiva de luzes e comida características do período; que possamos ensinar a uma nova geração que ainda vale mais o amor ao que está do lado e ao redor do que a objetos duros, frios, de plástico, de fuga e morte. Possamos todos nós sentir a presença do Espírito de Natal. Ele existe e encontra mais força nesse momento do ano (por se sentir convidado e à vontade). É em datas como o Natal que o aroma resiliente da esperança traz a leveza alentadora ao ser humano de saber que somos diferentes e incomparáveis. Neste Natal, observemos, mais juntos, que, em cada um de nós, não morreu o Amor.

FELIZ NATAL!

EU AGRADEÇO AO MEU DEUS, MEU ESPÍRITO DE NATAL, POR MAIS UM NATAL.

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