quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Contra o Verso

Estou feliz. Feliz por fazer parte de um dia que vai ficar para a História, mas para a de todos. Hoje soube da notícia que está sendo carro-chefe de toda a imprensa mundial: pela primeira vez na história dos EUA, maior potência econômica global, um presidente negro foi eleito. Isto é uma espécie de assombro, visto que se trata de um país de histórico limítrofe com o de ódio e perseguição racial mundial, conhecido pela maioria das pessoas e blá, blá, blá...
Pra mim o que importa mesmo é outra coisa: é constatar como nada é definitivo, que tudo é suscetível de mudança. Isso me faz recordar "Sidarta", em como vi neste livro o quanto o mundo é parecido com um rio. O mundo é um rio. É inconstante e imprevisível. Debalde tentemos aprisioná-lo em conceitos, nunca seremos capazes de vaticinar determinismos, pois eles não há. Reside aqui a minha alegria, na nossa maravilhosa impotência de controlar as coisas. Recomendo "Boa sorte/Good luck" ao Mr. Obama! Do fundo do meu coração.
Sidarta, Obama, enfim, uma mistureba muito particular. Na realidade, bom saber dessa notícia, pois me deu vontade (forte mesmo) de voltar a escrever. Ando muito assoberbado esses últimos dias, parecido com o coelho branco do livro de Lewis Carroll, e também cheio não só de ocupações, mas de algumas coisas que ando observando nesse monte de tempo que passei sem vir aqui. Engraçado, a gente sempre quer ter amizades, encontrar amizades, estar rodeado delas, então, na maioria das vezes, a gente acha o desejado... e aí? É só se preparar pra aprender, de todas as formas possíveis: estranhas, positivas, negativas, enfim de todas. A gente vai. Tenta. Não dá. Logo as dúvidas surgem: a culpa é minha ou deles? Tenho de mudar ou eles, se realmente gostassem de mim, não deveriam me aceitar do jeito que sou? Sou um chato ou um diferente? Perguntas sem respostas breves. Eis que se mostra o lado negativo do aprendizado.
No entanto, cabe a nós colocar em prática o que foi aprendido outrora com um francês bastante atento, isto é, urge ser lavoisierano e pegar do lodo a sua fertilidade. São os conceitos, são apenas conceitos, mas nós os levamos conosco e às vezes é interessante retirá-los do bolso, dar-lhes uma mexida, depois uma assopradinha e ver se servem. É preciso mudar? Sim, mas, mesmo dando minha mão direita a Heráclito, darei a esquerda a Parmênides, uma vez que percebi, tristemente, que o mundo é dotado de fortes oposições e que você deve de algum modo ir por um caminho. Por essa razão a pergunta da necessidade de transformar-se. Deve assumir uma postura frente a tudo o que passa por você e envolver a insígnia em seu braço direito, assim todos saberão quem é sem precisar realmente escutar o que você tem a dizer; um triste dever que se você não fizer, alguém o fará no seu lugar.
Talvez cada passo desse caminho esteja me fazendo crescer, ou seja, enxergar coisas que não são iguais às que estavam na porta de casa quando da minha saída. Às vezes dói ter de crescer, ter de endurecer, mas, num mundo de feras, construir crisálidas ajuda a nos proteger, a observar, a não se machucar. Não se vive de poesia, o que se tem é o concreto, sem suavizações, sem metáforas. O mundo que eu vejo não tem metáforas. Estou triste.

Um comentário:

John Max disse...

realmente... vai ficar marcado na nossa história! kd a ku klux klan agora? ahuahauau
que fik beeem distante...

POis é meu caro, as pessoas decepcionam a gente... fazer o que né? mas sempre a gente aprende com determinadas situações =/
Eu acho que aprendi.