sexta-feira, 22 de abril de 2011

Só enquanto eu respirar...

Às vezes, eu digo que não me importo com aniversários. Pensando agora, com mais calma, observo que talvez eu me refira ao meu próprio. O fato é, fazer aniversário não é uma data corriqueira. Ele é uma maneira para os amigos estarem lembrando dos amigos: uma verdadeira e bonita celebração da amizade.

Farei isto: celebrar uma flor tão rara, a qual, pelo seu caráter delicado, é necessitada de regadio, de manutenção constante. Estou aqui, neste feriado de 22 de abril, para enaltecer a minha querida Elúzia. Que a cada vigésimo segundo dia de cada mês de Vênus, recorda e faz recordar que este mundo recebeu mais um energia, um raio de luz e um sopro de renovado ar, refletido, inclusive, no seu nome.

Neste momento, estou escutando dois hinos da nossa amizade: "Sou seu sabiá" e "Santa Chuva". Imerso  na pletora de sensações advindas da experiência, fiquei pensando como poderia dar os parabéns à claridade; a um ser que me estendeu sempre o braço, deu-me as mãos quando ambos estávamos sofrendo, caindo, aprendendo. Elúzia sempre (mesmo!) esteve do meu lado, no sentido duplo que a palavra carrega. Assim, fomos nos tornando amigos. Eu nunca havia pensado nisso. Eu jamais a tinha visto. Tornou-se impossível esquecê-la. Foi na UFS, numa reunião de estudantes confusos e cheios de espíritos de mudanças, que tudo, na minha vida, mudou. Daquele dia em diante, eu seria amigo de uma alma nobre e tão afim à minha, uma coisa estranha para o meu intelecto. Éramos muito parecidos nos conflitos, nas ideias, nas ambivalências. Ela era como eu, e eu era tal qual ela.

Éramos um casal, sem o sermos. Éramos unos em duas pessoas diferentes. Ela era "Luzinha" e eu "Pablito". Agora somos só saudades. Lembranças de um amor bonito de se sentir, talvez, inédito para ambos. O sentido do amparo diante do mundo que de modo néscio tacha sem conhecer. O caminho de sossego quando as penumbras da dúvida surgiam ameaçadoras. Nós conversávamos tanto. Nós nos ouvíamos tanto. Era no seu abraço que eu encontrava compreensão. Quando todos estavam longe, Elúzia estava perto de mim, reclamando de si, querendo sempre melhorar, evoluir, rasgar uma história, mas sem saber como escrever outra. E eu também. Sempre, sempre vendo-me a mim mesmo falar através daquela moça de pele branca e cachos libérrimos, lindos, lindos, lindos. Nós nos esforçávamos tanto. Aprendemos a sentir e, consequentemente, a amar filosofia. Queríamos fugir, reunir-nos a ler Nietzsche. Sim, nós nos arriscávamos: era Nietzsche, era Sartre, era Simone de Beauvoir. Eu sentia como se nós fôssemos a reencarnação do célebre casal. Massa franco-brasileira. 

Muitas coisas não deram certo. Mas eu constantemente lhe pedia que ouvisse "Livros". Que acreditasse. Ela então, certa feita, fez-me um carinho, pediu-me para ver um vídeo, "O Anjo mais Velho". Nunca antes a frase "só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você" fez tanto sentido. Era amor. Indubitavelmente, amor. 

Eu pensava se deveria ir além da nossa amizade. Se seria o seu par perfeito. Não aconteceu. A vida, de fato, tem mistérios, muitos, aliás, sobre os quais teatralmente Shakespeare já se deteve. Eu não entendia. Até hoje, não entendo muito. Ficou a amizade e, hoje, a minha Simone de Beauvoir encontrou um caminho que conduz à conjugação.

O que posso oferecer a você, Elúzia, minha eterna Luz e Ar, é o congelamento daqueles nossos tempos pelas palavras. As palavras. Elas não podem expressar o nó que está me dando na garganta neste momento, o de pensar que isso foi há tão pouco tempo, e já dura uma eternidade. Eu sigo como o livro que lhe dei. Em estepes, na busca delas. Aqui, ali, aqui. Sempre aqui.

Feliz aniversário, minha querida. Você é maior do que cogita. Foque na sua grandeza, reconheça plenamente os seus avanços. Cresça vendo a adulta que tem uma vida para cair, levantar e seguir. Conte comigo. Continuo à disposição para estender-lhe a mão e receber a sua, num laço que não se rompe com limites nem distâncias.


FELIZ ANIVERSÁRIO, MINHA SABIÁ!

2 comentários:

Tiago de Oliveira disse...

Nossa, que bonito.

Elúzia Lisboa disse...

Mon cher!! adorei esta linda homenagem.Saiba que a reciproca é totalmente verdadeira. Te adoro!! tenho muita saudade de ti!!

um beijão!!

luzinha.