sábado, 18 de agosto de 2012

Em curso

Era para eu sair e desfilar novas roupas. Não deu. Era para eu ter feito um poema. Não aconteceu. Era para eu deitar e fazer nada. Sonho. Há quase duas semanas eu estou em Aracaju e a maior parte das coisas que pensei não estão acontecendo. Enfim, pensando, agora, para escrever, não é totalmente ruim; ainda atribuo coisas assim às direções que a minha vida tomou e tem tomado. O cenário de hoje é reflexo das consequências das minhas decisões prévias, as quais foram tomadas meio cientes de que coisas poderiam se tornar outras. Que muito poderia se tornar outro.

Acontece que, desde os últimos nove dias em Salvador e anteriores à minha chegada a Aracaju, o foco da minha atenção tem sido pensar maneiras de fechar a minha dissertação porque tem outras coisas a caminho. Eu não quero me enrolar, mas... (E também não quero falar desse assunto... Não agora) Acontece que vim aqui escrever porque não queria (daquele querer de quem responde a pergunta "e aí?") ir embora; não fico nada legal bem quando a minha mãe indiretamente diz que sente a minha falta, que se sente sozinha. Minha mãe é parecidíssima comigo (hahaha! engraçado isso, pois ela veio primeiro), se faz de ultra forte, mas às vezes se trai pela linguagem diante dos seu filho linguista. Eu fico só observando, imaginando um tempo em que resgatarei a minha rainha desse mundo de dragões e demônios porque ela parece, com o seu sorriso modesto, ansiar por isso. E eu sei que empreenderei forças para fazê-lo.

Consegui cair doente aqui em casa (acho que por ter comido algo pesado demais ou em excesso). Eu fiquei um dia de cama aqui em casa. Foi bem complicado, o sábado inteiro com náusea e dor de barriga. A minha mãe foi quem esteve do meu lado mesmo. Chamei, chamei e ninguém esteve perto de mim, mas ela sim, e me abraçou e ficou aflita comigo, e eu me senti amparado, sem medo de estar vulnerável. Só por ela. Por isso me dói tanto a separação, pois só com ela me sinto forte para me mostrar fraco. E nós nos entendemos tanto: ela fica falando coisas que não tem liberdade com o meu pai e a minha irmã, e, então, nós rimos. Adoramos sair para passear, fazer compras, construir planos futuros em relação à nossa casa. Ela me escuta e eu escuto ela. Nós nos escutamos. E eu quero cuidar tanto dela porque ela sempre cuida de mim. Eu a amo tanto, tanto. Acho que Deus dá a cada um a sua companhia para cruzar determinados caminhos da Estrada, ela tem sido a minha. 

A próxima semana será a última dessa temporada aqui em Aracaju. Voltarei a Brasília para o que venho chamando de 'última temporada' da minha aventura que começou em 2010. Conversando com uma grande amiga, discuti sobre isso de as coisas desenharem novas linhas; as atuais me levam a assentar um pouco e colocar para dormir o espírito que quer fazer 'tudo agora neste momento já'. Vejo que preciso ir adiante e sedimentar a segunda parte da trajetória que pensei para mim. Parece ser chegada a hora de o menino ir definitivamente dormir porque o homem precisa empreender força para a construção da sua fortaleza. Será essa a minha razão nessa última temporada. Sei que, até aqui, conto com as pessoas certas, as pessoas que contam na minha vida, que estão nos meus planos e que estarão comigo, convidadas a visitar a minha fortaleza feita de base firme. 

Ontem, eu saí com a minha irmã e alguns amigos. Como as coisas mudam. Tudo diferente e eu pensando em mim nesse mundo que não para e me dá mostras de que eu também tenho de manter o passo. Um doce desespero. 

A minha mãe, os meus amigos, a minha família, a minha casa, a minha terra, ou seja, o meu Deus que é o conjunto de pontos de luz que orienta e me dará sempre a paz de respirar e olhar em volta.

Nenhum comentário: