domingo, 28 de fevereiro de 2010

Um dia de domingo (II)

"Amo meu domingo", esta frase está numa música de Chico Science que me faz sentir diferente. De fato, gosto muito do domingo, da calma que ele traz e que, consequentemente, tenho, assim como do tempo que há para escrever. Desde meu último post muitas coisas aconteceram; é incrível como em (quase) vinte dias a vida pode mudar - ou, no meu caso, voltar à paz - e o mundo se torna um lugar diferente. Passei por um tremendo susto, mas agora estou aqui, de volta, pronto para tudo de inédito que pode haver. Esses últimos dias me colocaram em três situações distintas: medo, alívio e desorientação. Eu pedi muito algo a Deus e me foquei tanto naquilo que após ter conseguido me encontrei num cenário bastante desconcertante. Vi que queria muito a vida, eu a tive e veio um surpreendente e cruel "e agora?". Isto me fez ver que é legal pedir, é bom "fazer por onde" para receber, mas também é preciso fazer o momento acontecer. Creio que, de agora em diante, seja o tempo de "fazer acontecer". Por ora, tenho de me organizar, arrumar as coisas que estão pelo chão. Estou tão preguiçoso. Meu quarto tem sido um retrato formidável do que está acontecendo comigo: cheio de papéis que me foram úteis, mas que agora só estão servindo para amontoar poeira. Sou alérgico a poeira. Não sei, sou um jovem não satisfeito com as coisas. Descobri isso há certo tempo, agora estou sentindo mais.

É no domingo que essas emoções vêm mais à tona, é como um perfume doce, que me deixa tonto, mas que, acho, me faz bem de alguma forma. O domingo é como um lago parado diante de mim, no qual posso me refletir de maneira mais nítida, então me vejo mesmo e, a cada olhada, vou aceitando aquele olho diferente do outro, por exemplo. Assim, o que eu digo pode soar triste - para aqueles que são "felizes-para-sempre" - ou melancólico, enfim, não sei. No entanto, para mim, textos como este são um momento "this is all me". A questão é que exponho em palavras o que não quero guardar em mim.

Sinto tudo isso como um momento de diferenciação, como no processo biológico celular, acredito que, aos poucos, estou reabrindo os olhos e sabendo para que eu vim a este mundo. Já não dá mais para voltar o rosto. É como quando, pequeno, ia para a praia e ficava na parte mais rasa dela: em pouco tempo era como se a areia me puxasse para ela ou se a água me empurrasse para a areia; não entendia a lógica daquilo, apenas me dava conta que não estava no mesmo lugar. Caramba! Estar no não-lugar meio que cansa... mas amanhã é segunda.

Um comentário:

Reflexo disse...

Pablo, adorei o seu texto.Poxa, me vi nas suas palavras agora.Muito bom mesmo!