sábado, 1 de setembro de 2007

Vaidade

Engraçado, há uns meses atrás estava escrevendo sobre meu medo sobre o futuro e todas aquelas coisas mais de quem acabava de completar vinte anos e que, segundo minha concepção da palavra teen, estava de saída da "adolescência". Pois é, agora, "mais maduro", vejo que passo pelas mesmas situações. Ainda tenho muito medo. (Obs. Tenho agora vinte e um)
No início não queria publicar isso num blog, pois minha imagem é de alguém tão engraçado e tão bem quisto, e tão pleonasticamente satisfeito que é difícil querer desfazer-se de adjetivos tão bons (e que cute, começou a tocar The Great Pretender, dos Platters - alguma pândega do irônico tempo?), mas aprendi, sem ler totalmente Nietzsche, que viver de imagens, máscaras e aparências não é tão lindo como parece (ficou meio infeliz a frase...). Enfim, escrever abertamente meus medos talvez seja uma boa terapia para deixar um problema comum a várias pessoas no mundo, mas nem sempre levado a sério, de lado: a vaidade.
Certa vez pensei em escrever algo falando sobre essa minha bela companheira, mas nunca havia chance. Parece que a oportunidade enfim chegou.
Não é todos os dias que estou disposto a digitar ou divagar por meio de palavras, mas hoje, após uma sessão do interessante Júlio Bressane, foi impossível render-me aos assédios da escrita.
Eu nunca li nada específico sobre "A vaidade", por isso tudo o que escrever aqui virá "das profundezas de minha pessoa tão acostumada a espelhos". Pois bem, creio que ela, a vaidade, tem me acompanhado por muito tempo: é aterrorizante como sua beleza é indescritível e muitas vezes você acaba apaixonando-se como uma adolescente pelo galã da Malhação. Foi meu caso. Como toda paixão, aconteceu sem que me desse conta e quando vi já estava arcando com os estragos de um amor falsamente correspondido, pois a promíscua é envolvente e consegue cegar os múltiplos coitados que caem em seus laços de cetim perfumado. No começo parecia aquela música chatinha do Skank, éramos nós, depois de muito tempo cheguei a incômoda visão de que não havia mais plural, só um singular: eu, o otário. Agora abandonado, me vejo tão perdido tentando agarrar-me a qualquer sentimento que me dê acolhida e não cansando dos insucessos, como numa persistência antigoniana, só consigo vislumbrar que no fim da noite só haverá aquele mesmo singular chatíssimo. Dizem que os gatos têm sete vidas, eu, em minha humilde concepção, acho que os humanos também as têm, pelo menos, eu ser humano, homo sapiens sapiens, tenho me usado delas e já perdi a conta conseqüentemente pensando que cada e única será a última vez. Sabe o que é bom nisso tudo? É que já estou meio desiludido com ela, provavelmente a maldita ainda imprima sobre mim alguma força, mas não é mais como antes. Nesta nova vida dá pra ver que a vaidade é como um clichê: parasita que suga até você não ser mais você e sim um saco de orgãos, um número, um ignorante que é mais burro do que uma porta. Já cansei de ser animal. Paixão assim não vale a pena.

Nenhum comentário: