domingo, 2 de maio de 2010

Craving

Agora estou escutando Scott Matthew e pensando nas palavras de Language. Embalado pela melodia tão calma, tão doce, hoje acordei com algo na minha cabeça, um pensamento que foi dormir comigo e me trouxe aqui para escrever sobre.

Ontem foi um dia muito legal: acordei mais tarde, fiquei uns momentos no PC vendo "bobagens necessárias" e fui à casa de uns amigos, onde tive horas também legais. Após conversa com um deles, fiquei pesando algumas palavras e ações as quais não consigo ainda encarar. Acho que o início desta reflexão também teve a ver com um filme que vimos (cada dia passado acredito menos nessas coisas de histórias lindas de filme, por essa razão ando evitando assistir a alguns).

Ultimamente minha cabeça tem estado atada a uma espécie de obsessão; eu sei que o comportamento intenso não é bom nem saudável. Poderia dizer que ando tendo "obsessões", umas maiores, outras nem tanto, mas que fazem da cabeça de um jovem uma verdadeira babilônia de sensações. Converso bastante com Deus, peço que Ele me dê calma, aconselho aos mais queridos a ser pacientes, contudo observo, posteriormente, o ditado da casa de ferreiro cair em mim como uma luva.

Uma coisa é clara: não é fácil existir. Não digo isto com tristeza. As minhas palavras são constatação; elas têm um gosto de melancolia, uma espécie de amargo que me faz perceber a vida e enfrentar as situações adversas cara a cara. Eu creio que muita gente também sente o tal sabor acre, mas tenta de várias maneiras adoçá-lo, disfarçar o gosto das coisas com a groselha mais fácil encontrada. É claro, incluo-me neste público, apesar de que para mim não é tão fácil ver isso acontecer e não me sentir minimamente incomodado. Penso que as coisas que escrevo são meio blue porque estou assim e, consequentemente, para me livrar das urticárias, preciso apoiar-me em sonhos, transformando-os em desejos e - como, parece, não sei cuidar bem - eles enfim tornam-se "obssessões".

Pois é justamente isto: às vezes me sinto como um parturiente de Gremlins - uma fábrica de monstros que nascem doces, bonitos, mas que por algum descuido acabam tornando-se coisas desproporcionais - cuja existência demanda de mim constantes batalhas internas. Às vezes canso e, quando acontece de não estar animado para a batalha, tendo a fugir, buscar sombras, atalhos e máscaras. Não queria fazer isso, mas é quando me sinto mais humano.

Estar comigo próprio, sem dúvida, tem sido um exercício. É como se pudesse ouvir-me e ver-me, discordar de mim e brigar comigo para, em seguida, voltar-me ao residente adentro, acará-lo, aceitá-lo e ver que ele sou eu. Nestes instantes sabáticos, tenho insistentemente tentando unir as pontas do meu eu. Por passar muito tempo a sós comigo mesmo, acabo encontrando coisas assombrosas, que me impulsionam, derrotam-me e me fazem seguir. Isso não é tristeza, é a tarefa de ser.

Posso estar vulnerável nesse novo trabalho, meio abatido para uma batalha, porém estou aprendendo a aos poucos abrir a guarda.

"O mundo anda tão complicado" e eu continuo assim.

==
foto: capa do CD "All Days are Nights: Songs for Lulu", de Rufus Wainwright

Um comentário:

Anônimo disse...

Você está tentando abrir a guarda? Imagine se tivesse querendo fechar ...
(Risos)
Você precisa é de um plástico -bolha, para passara tarde estourando!
(Risos)
Belo texto.
Também me sinto assim na maioria das vezes mas, ao contrário de você, procuro ficar dentre os meus e não ter conversas tão questionavéis depois.