domingo, 12 de julho de 2009

Going ahead...

Ainda estou meio em choque. Não consigo parar de lembrar da cena em que eu argumentei com o bandido na porta do ônibus diretamente, com todo mundo vendo. Meu Deus! Foi terrível. Quando fui dormir hoje mais cedo - na hora que terminei de postar o texto anterior -, fiquei pensando sobre o que eu poderia ter feito, ou o que poderia ter acontecido, mas, no final das contas, acho que acabou tudo bem.

O que está me deixando mal é o medo da possibilidade de ver o assaltante na rua, no ônibus, enfim. Estou numa idéia fixa com relação a isso. A todo momento digo a mim mesmo que não tem porquê isso, que se for para encontrá-lo novamente, não vou mais ser tão passivo e, se precisar, brigo também; a questão é que temo muito pela minha vida, pela minha integridade física: não fui criado, nem acostumado, a brigar em lugares públicos, e, provavelmente, levaria a pior, não sei. Não gosto disso, mas se for necessário, faço. Ele levou meu celular porque uma moça - para me deixar mais calmo -, na hora do roubo, disse "Ele tá com uma faca!". Primeira vez que fui roubado, não sabia como proceder, a não ser fugir de um lado para o outro naquele ônibus. Na cara de pau, ele disse "passe o que você tem aí no bolso ou vou descer no seu ponto e furar você todinho"... Foi ruim demais, pior quando dei conta que o garoto (porque era um garoto) não estava sozinho; havia um comparsa - muito calmo, por sinal - no fundo do ônibus, que só observava a situação do rapazinho alterado (o guri falava coisas desconexas com as pessoas do veículo; uma mulher, inclusive, quando desceu, fez o sinal da cruz) e que seguiu a direção do menino quando este gritou "Não desça ainda não". Neste momento, eu tentava me desvencilhar da perseguição do moleque que já tinha me dado aquele aviso nada amigável. Foi na parada do meu trabalho que percebi o outro: os dois iam saltar (e me assaltar) no meu ponto. Eu, que ia descer sozinho, já imaginava o estrago que poderia acontecer caso a dupla fosse em minha companhia; tremendo, dei sinal. Ele me observou. Na porta, fingi que ia e voltei atrás. O garoto fez o mesmo (na cena do grito ao segundo marginal). Sem saber mais o que fazer para acabar com aquela agonia, decidi entregar o aparelho NA FRENTE DE TODO MUNDO, ÀS DEZ HORAS DA MANHÃ... Desci dois pontos depois do meu, peguei um táxi e afinal respirei. Ainda tinha que ir para o trabalho aplicar prova e resolver alguns problemas. Minha cabeça estava a mil.

Acordei cismando sobre mais uma cabeça desse monstro chamado MEDO, no entanto estou tentando colocar em minha mente o que venho aprendendo e dizendo a meus amigos: o medo só está dentro da cabeça da gente; então, só a gente é que diz a força que ele vai ter. Estou abalado, afinal o troço aconteceu ontem, mas não quero ficar refém desse sentimento. Pelo contrário, devo tirar daquele dia algum (ou vário) aprendizado. E existe sim. Pode parecer louco, mas o que aconteceu me deixou um pouco mais feliz. Feliz por saber que não titubeei em preferir entregar meu celular. Isso se dá porque, numa situação dessas, imaginei que seria apegado a ponto de brigar para ficar com o objeto. Isso mostra que as coisas valem nada se comparadas a sua paz, a sua VIDA. É sobre ela a segunda ligação para minha felicidade: estou vivo, meu Deus! Qual presente poderia eu pedir? Posso trabalhar para conseguir outro celular, outras coisas; tenho minha família, tenho minha casa, pessoas que me amam, que cuidam de mim, que eu posso abraçar quando me sentir frágil e assustado. Aquele menino, provavelmente, não. E então, quem mais sai(u) perdendo nessa história?

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