quarta-feira, 15 de julho de 2009

mea culpa (ou "colega x amigo")

Tinha decidido não ficar escrevendo coisas demasiado psicológicas durante essas postagens de férias, no entanto um fato que notei me chamou a atenção: os termos "amigo" e "colega". Eu os usei durante várias passagens do meu texto anterior (é, eu releio os meus posts!) e não achei justas algumas coisas colocadas ali. Rever o que postei levou-me a fazer ponderações sobre como a linguagem é importante para designar, definir, assim como para afastar. Usei "colega" (uma palavra perversamente polarizante) em três situações: num primeiro momento, para uma pessoa que tenho convívio na universidade (a do livro), num segundo, para falar da amiga da minha irmã e, numa terceira oportunidade, para tratar da deliciosa companhia que tive ontem à noite - e que me deu um momento de bem-estar depois das atribulações por que passei. Nesta última colocação fui absoluta e tolamente injusto. Não foi só uma "colega" a pessoa que me acompanhou ontem, mas uma AMIGA (a qual amo e que entende os meus vacilos toda a vez que me ponho a tratar de certas coisas), pois já não lhe nego minha infantilidade, minhas fraquezas idiota(mente) masculinas. Esse texto é para dizer que amizade para mim é isso: é me fazer esquecer do mundo quando estamos lado a lado. Isso é amor, e eu, com certeza, amo essa minha AMIGA (bem muito - hehehe!). Tem vezes as quais eu, sozinho que sou, fico pensando como é triste ser gelo, uma coisa só, aí então me vêm à cabeça as pessoas que acompanham a gente, que insistem em estar do lado, em nos puxar para o Sol, ao Azul, a ser Vida. Não considero serem "colegas" esses seres. Não é possível esquecer as horas em que estou cansado, odiando o universo por estar nele, por ver e ser companhia dos cupins que o parasitam, e chega alguém a me fazer rir por uma bobagem que vale mais do que ouro. A vida volta a ter brilho e luz; renasce a graça de existir. Isso não é ser mais "colega". Quando a gente sente que faz parte da vida de alguém e que esse alguém nos diz que tem saudade, e ralha conosco pelo tempo de separação e nos olha: você sabe, já não há espaço para palavras, mas um indescritível e único abraço. Não acredito ser isso simples coleguismo. Quando se pensa trocentas vezes sobre se uma ação sua pode interferir na harmonia de alguém, em específico, ignorando aquele papo chato de catequese sobre "o próximo", existe sim uma distância entre o que é um colega e o que é um amigo. Quando você olha uma foto, pára (com acento diferencial, pois como Caetano, defendo esse brasileirismo!) e se dá conta do quanto mudou, aprendeu e, no instante, alguém especial vem a sua cabeça: ali se é um texto e ali está a surpresa fantástica de estar sendo lido, sendo fonte a alguém. É lindo e indescritível. Você é importante para alguém. Porra! Esse "alguém" já não é só um "alguém", um "colega", já é amigo. São coisas que não se tem às pampas hoje em dia; são fenômenos, manifestações raras, que estão numa rota por onde passa um multidão necessitada, direcionada apenas a um fim (que varia de um para outro) e que desconsidera que detrás das pedras alguém deixou um presente para sua vista cansada. É o amor, e tanto amor precisa ser retribuído com amor, com atenção. Não quero ser "rei". Não quero mais ter um milhão de amigos. Quero amigos fora desse milhão, pois colegas multiplicam-se, reproduzem-se em milhares e milhões e, no fim, só te sufocam (eles são o "mundo-lobo-bobo"). Definitivamente, amigos para mim são assim: um em um milhão. Não são colegas. Nunca serão. Peço desculpa pelo lapso de esquecer que no mundo ainda existem surpresas atrás das pedras da estrada, flores raras chamadas AMOR. Amo-te, minha amiga, eu te amo, meu amor.

3 comentários:

jonas Urubu disse...

É como quando sentados num velho ônibus, lado a lado, um não dizia coisa e o outro tentava resgatar tudo quanto imaginou um dia para àquele ao seu lado.

E no silêncio da distância das salas e reuniões, o outro calado resgatasse uma carta do soldadinho de chumbo que falava sobre ter vindo para ele como um objeto não identificado, um amigo.

mi disse...

também te amo!
:*

mi disse...

estranho como sei que poderei ler esse texto trocentas vezes e ele ainda vai me emocionar!!!
(lágrimas, lágrimas e mais lágrimas)
amO