domingo, 13 de março de 2011

Libertando estrelas

Dentro de dois dias estarei dando adeus a Aracaju. Esta é a última postagem antes de eu viajar. 

Ontem fez um mês que vim para aqui. Caramba! Passou muito rápido, mas não tão rápido a ponto de eu deixar de sentir coisas fortes. Acredito que o mais importante que consegui abstrair dessa experiência de retorno foi o quanto ainda preciso mudar e a certeza de que tenho muito o que andar. Eu percebi que, apesar do esforço de provar a mim e aos outros o contrário, ainda sou um menino que idealiza coisas, e que, por isso, faz delas criações inverossímeis. Eu já falei que esperava mais dessas férias, mas talvez seja esse o problema, eu sempre espero e quero mais; acabo sofrendo mais também. Muitas vezes as pessoas não pensam como eu, mas não significa que gostem mais ou menos de mim. Eu às voltas com ser ou não aceito, meu Pai do Céu!

Por outro lado, há gente que alimenta esse ser ingênuo e belo de dentro de mim. São pessoas que, quando me acho triste, simplesmente a aparecem e me fazem reduzir tudo o que me incomoda a bobagens, as quais até podem trazer a mim momentos ruins, mas que, com esses amigos, põem-se insuficientes para me amargurar. São pessoas que, nessa brevíssima estada, estiveram comigo num sarau, deram-me passeios noturnos, como aquele "O Passageiro" do Capital Inicial. Eu sempre quis ser ele, pelas verdades vistas e descritas na letra, pela liberdade, por uma espécie de doce solidão. Ele é meio diferente. Eu sou como ele, acho. Hoje, percebo que sou um cara solitário, talvez seja para ser sempre assim, ou talvez "sempre" seja muito tempo, um que não tenho noção e por isso arrisco dizer (na esperança de ser positivamente surpreendido). Houve gente que me deu um presente de flores e palavras de amor, e que, em seguida, passou comigo por aventuras nas quais sobrevivemos, juntos, unidos e mais fortes: vivos. Momentos nos quais eu percebi que a vida ainda vale mais, muito além de tolos objetos. Tem também aqueles que me convidaram para comer e rir e lembrar das raízes firmes da nossa relação, daqueles tempos em que éramos tão jovens, inocentes e descobridores do mundo. Eles me dão dor de cabeça por vê-los evoluindo, deixando de ser meninos, dirigindo carros e planejando o casamento, mas me fazem também perceber que isso é demonstração de que o tempo não para. Eu não estou parado. 

Mas estando no lugar que nasci e cresci, percebo que as coisas prosseguem e todos nós, consequentemente, adaptamo-nos. Eu queria muito que algumas pessoas que conheci durante esse primeiro processo da minha vida permanecessem incólumes ao mundo, cultivassem à minha maneira a nossa relação, mas, no fundo, no final das contas, isso é algo que eu quero. E eu sou tão pouco. O que resta a fazer é seguir e deixar que os rumos sejam traçados e percorridos como eles devem ser. Ouvir, mas de coração, os Doces Bárbaros na canção "O seu amor". Amá-los e deixá-los. Dói, mas é isso o que se tem de fazer.

Sou eu na busca constante de evolução. "Eu não sei o que é, mas tenho de fazer", como diria Rufus Wainwright. Sinto cada vez mais que preciso virar páginas, focar no que acredito ser o meu Caminho e respeitar o dos outros. Afinal, o que vale é o que se construiu, o que se somou. Mesmo que algumas dessas pessoas hoje estejam longe de mim, ou muito mudadas ou até mesmo desaparecidas, o que foi registrado de bom é o que urge ficar.

Enfim, com o mês de março, mês do meu aniversário, de uma nova etapa de vida, eu fecho esse capítulo que se encerra por si só, independente de mim. É assim que funcionam as coisas: alheias às vontades humanas. Em síntese, é o Tempo. Eu, da minha parte, só posso cultivar os solos que me oferecem retorno: felizmente, tenho bons lugares, férteis, mas agora são uma etapa. Estou libertando-os todos. Eu estou me libertando... Goodbye Yellow Brick Road: Old Hollywood is over.



Por que você prende todas as suas estrelas

No seu estúdio na Avenida Melrose?
Você investiu todas as suas posses em contratos vitalícios
Você não sabia que a velha Hollywood acabou?


(...)

Então por que não liberar os portões e deixá-las sair?

Lembre-se que sem elas não haveria Paramount
A Paramount não precisa agarra-se ao que não é seu
Liberte as estrelas


Quanto mais você luta

Menos elas irão examinar e compreender o seu tamanho
E acredite em mim
Você não está à altura de um público que viu o branco dos seus olhos
Você não sabia que a velha Hollywood acabou?
A velha Hollywood acabou


Então por que não liberar os portões e deixá-las sair?

Lembre-se que sem elas não haveria Paramount
A Paramount não precisa agarra-se ao que não é seu
Liberte as estrelas


Liberte as estrelas, liberte seu amor, liberte as estrelas

Liberte seu amor, porque Hollywood acabou
Por que você prende todas as suas estrelas no seu estúdio na Avenida Melrose?

Rufus Wainwright, em Release the Stars

Um comentário:

Roberta Dayne disse...

créditoss: eeeeeu estava com ele no momento da fúriaa!!! hehehe...
prefiro pensar como aventura.. neh biitO??
^^
amo-te!